Como reagir diante dos reflexos da reclusão e da falta do convívio social no nosso emocional

Em meio à pandemia, os cuidados com a saúde precisam ser redobrados. Toda a situação pode afetar também a saúde mental das pessoas, aumentando a ansiedade, insegurança, tristeza e outros sentimentos diante do isolamento social e das incertezas.

O isolamento social é a principal recomendação das autoridades de saúde mundial, a fim de evitar a propagação do coronavírus, causador da covid-19. A medida, no entanto, impôs às pessoas uma mudança radical no estilo de vida. Somando-se ao medo de ser contaminado, a impossibilidade do contato físico, entre outros fatores, acaba trazendo transtornos também à saúde mental da população.

Para falar mais sobre esse assunto, a reportagem entrevistou a psicóloga Thais Campos da Cunha Severo. Foram feitos questionamentos de como as pessoas podem buscar equilíbrio emocional. Thais argumenta que para buscar o equilíbrio nesse momento é indicado meditação, auto-hipnose, cuidar da alimentação, beber bastante água e procurar manter um ritual do sono adequado.

Na sequência acompanhe o restante da entrevista:

  • PAT) Se precisarem de apoio, o que fazer?

TC) Com relação ao apoio emocional, tem muitos psicólogos fazendo uma primeira escuta online gratuitamente. Além dos psicólogos e serviços da rede SUS.

  •  PAT)Quem está se ressentindo mais, adultos, crianças, idosos?

TC) Ela disse que a avaliação é  que os mais ressentidos, são os adultos, que estão sendo diretamente afetados em suas rotinas de trabalho e em suas relações interpessoais, seja com cônjuges, amigos, entre outros.

Já os idosos sentem falta, mas a maioria já tinham uma rotina que não era de tanta necessidade social, digo de estar na rua, e repito, a maioria, não todos. Em relação às crianças são os nossos exemplos hoje, pois estão diretamente afetadas, sem escola, sem amiguinhos, sem festinhas, sem pracinha, porém, demonstram uma maior compreensão e paciência em relação às privações do que os próprios adultos, se mostram muito mais conscientes na maioria das vezes.

  • PAT) Que atividades aliviam o medo e o estresse do pouco convívio social?

TC) Atividades que ajudam no medo e estresse são as mesmas indicadas para um melhor equilíbrio, meditação, auto-hipnose, atividade física mesmo dentro de casa. Buscar ouvir música, fazer atividades prazerosas que no nosso cotidiano muitas vezes é difícil pela falta de tempo, como ler, dançar, pintar, montar quebra cabeça, conversar mais.

  • PAT) Especialistas da área psicológica preveem uma grande onda de depressão por conta desse período de reclusão e brusca alteração da rotina. Isso pode mesmo acontecer?

TC) Quanto a aumentar o número de depressão, sim, já está aumentando, não só a depressão com outros transtornos psíquicos. Ansiedade, depressão, pânico, até mesmo podendo desencadear alucinações auditivas e visuais, pois o fator estressante de estar em isolamento pode acarretar isso.

Já uma forma de  combater o isolamento psicológico, é muito importante as pessoas manter uma conexão com amigos e familiares, hoje facilitada pelos celulares e internet. As reações emocionais ligadas ao estresse da pandemia são normais, quando ela for embora, este estresse não será sentido e o organismo volta ao seu equilíbrio natural. A ansiedade preocupa quando o foco de apreensão expande os limites relacionados com a pandemia, ela invade outras faces da vida como a familiar, conjugal e profissional e pode evoluir para depressão. Já, o estresse, é fator de risco para vários transtornos mentais. O pânico pode ser disparado nos casos de maior ansiedade. É provável que nesta segunda fase da doença, a do confinamento, possa haver uma incidência maior de pânico. Os fatores que podem minimizar o pânico é a busca de informações precisas sobre a doença, estimular o lado altruísta do indivíduo ao reconhecer que o isolamento faz parte de um comportamento grupal em prol de um benefício social. Se todos aderirem pode-se também ter uma redução de casos novos e da mortalidade associada a epidemia.