Missão cumprida, sargento Soares!

Depois de 30 anos de muita dedicação, comprometimento, amor e respeito pela farda, o sargento João Roberto Soares Nunes, se aposenta aos 51 anos. Natural de São Gabriel, iniciou sua brilhante carreira no dia 21 de setembro de 1990 na cidade de Montenegro, sendo classificado quase um ano depois, quando no término do curso na cidade de Novo Hamburgo trabalhou até 1998. Lá, segundo o sargento, ele teve a oportunidade de se deparar com inúmeras situações em relação a diversas ocorrências atendidas que trouxeram grandes experiências.

O militar cita que desde a adolescência começou a ter uma noção mais exata do que era ser bombeiro e foi exatamente nessa época, que já pensava em um dia ingressar na profissão.

Então, no ano de 1990, quando estava saindo do Exército, prestou o primeiro concurso. Porém, recorda que no dia da prova, estava com um grande resfriado e quase não conseguiu se concentrar para obter a vaga, eram somente 50 selecionados para um grupo de mais de 1200 candidatos.

 

Mas dois meses depois fez a inscrição para um concurso, já para uma outra região do estado, onde dessa vez, foi aprovado.
Em 21 de setembro de 1990, com 22 anos, finalmente ingressou no Corpo de Bombeiros, onde foi formado na cidade de Montenegro, sendo classificado quase um ano depois, quando no final do curso na cidade de Novo Hamburgo, trabalhou até 1998.

“Posso dizer que vim para Alegrete por acaso, pois quando fui designado para cá, meu destino, na verdade, seria São Gabriel, cidade onde nasci e vivi minha adolescência. Mas pelo fato do local já estar com efetivo em excesso foram oferecidas vagas em Uruguaiana, Livramento e Alegrete, sendo que por opção acabei ficando aqui, até a data da aposentadoria. Embora confesse que já cheguei aqui com vontade de ir embora (risos)”- comentou.

 

Em Alegrete o Bombeiro constituiu família, já que quando aqui chegou era separado da primeira esposa. Ele tem dois filhos do 1º casamento (Raniéri 27anos e Gabriel 23 anos), mais uma menina de um outro relacionamento que tem 15 anos e do casamento atual o João Arthur de 13 anos.

“Como citei, durante esses quase 30 anos de bombeiro, tive a oportunidade de ajudar muitas pessoas, de arriscar a vida em muitas ocasiões que somente depois que baixava a adrenalina é que era possível de ver realmente quanto perigo eu havia passado, mas a vontade de trabalhar e também de ajudar a quem precisa, não me tornou um super-homem, mas uma pessoa capaz de dar valor a cada vida que se consegue salvar, independente de ser uma pessoa ou até um animal. Dentre algumas ocorrências que marcaram minha vida de profissional bombeiro, posso citar um incêndio em Novo Hamburgo em um atacadão de mercadorias, um prédio muito grande, onde uma parede inteira veio em nossa direção e digo, que naquele momento, a mão de Deus salvou a mim e aos colegas que ali ajudavam a combater às chamas, pois não sei explicar de que forma conseguimos nos jogar para um local e escaparmos ilesos, alguns colegas choraram de emoção após o acontecimento”- relembrou.

 

Ainda comentou sobre um outro atendimento a vítimas de soterramento em um trecho entre Novo Hamburgo e Estância Velha na BR 116, onde em decorrência de fortes chuvas, duas casas foram destruídas por deslizamento de terra e, 10 pessoas de uma mesma família perderam suas vidas, restando apenas uma menina de 14 anos.

Foram necessários 10 dias para encontrar todos os corpos, serviço além de cansativo, muito triste, pois se tratava de vidas perdidas. Já, aqui em Alegrete, algo que chamou bastante atenção, foi ter ajudado no salvamento de um pai e duas filhas, nas águas do rio Caverá, onde o barco virou com a correnteza e eles ficaram agarrados a árvores até a  chegada da equipe dos Bombeiros. O militar lembra que a correnteza era muito forte e o frio era intenso, pois era inverno e o salvamento deu trabalho. “Aliás tudo foi acompanhado pela Flaviane Antolini Favero do PAT, que até nos auxiliou iluminando o local com uma lanterna que demos a ela”- descreveu.

Já ao ser questionado sobre o que pretende fazer na aposentadoria, sargento Soares evidenciou que nesses primeiros meses tem que em primeiro lugar aceitar a ficha cair e ter a certeza que já não está mais trabalhando, descansar um pouco, fazer muitas coisas que em épocas de trabalho não tinha como fazer, ou que o trabalho o limitava, principalmente uma atenção maior à família. Também pensa em realizar alguma viagem que ficou para trás. Depois talvez algum projeto lá do fundo da gaveta que sempre quis fazer e que o tempo não permitia.

No último dia 25, não poderia ser diferente e, na despedida teve que “pagar” flexão e também o tradicional banho de mangueira com as sirenes ligadas como uma forma de homenagem e agradecimento dos colegas, do 10º Batalhão dos Bombeiros de Alegrete, pelo reconhecimento ao trabalho realizado durante as três décadas na Instituição.