2020, o ano de homicídios cruéis que chocaram a cidade

A humanidade já enfrentou pandemias devastadoras em que  milhões de pessoas perderam a vida. A atual, provocada pelo novo coronavírus, também, vai marcar a história humana, como já ocorreu com a peste bubônica, a gripe espanhola e outras doenças.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pandemia é um termo usado para uma determinada doença que rapidamente se espalha por diversas partes e regiões do planeta por meio de uma contaminação sustentada. Vale destacar que dentro desta definição não está sendo avaliada a gravidade da doença e sim seu poder de contágio e  proliferação.

Este inimigo invisível, o novo coronavírus Sars-Cov-2, Covid-19 e todas as nomenclaturas utilizadas, acometeu os alegretenses neste ano, assim como o mundo. Com seis meses de pandemia, em que a rotina está totalmente alterada, as mudanças são constantes, o aprendizado também é diário. Tudo modifica-se conforme às regras do vírus, bandeira amarela, laranja, vermelha, preta , lockdown e Decretos.

A cada novo dia há sempre uma expectativa renovada e, assim, alimentamos nossa esperança. Mas não é apenas por esse prisma que 2020 vai ficar na memória de gerações, muitos terão lembranças em relação à violência tão devastadoras quanto à Covid-19. O ano que difere em muitos outros aspectos e já registra um índice maior de criminalidade relação a 2019 que totalizou com cinco homicídios. Mas além do aumento, os crimes também assustam pela brutalidade. Quase que em sua totalidade por motivos torpe e as justificativas são tão inacreditáveis quanto os delitos.

O ano de 2020 registrou até o momento oito homicídios em Alegrete.  Destes, quatro foram neste mês de agosto. Todos impactaram muito pela brutalidade e a forma fria em que os autores agiram. Nenhum crime, está sem autoria, mas em todos os depoimentos colhidos pelo Delegado Valeriano Neto, os autores foram tranquilos e calmos em seus relatos. Cada um chocou pela forma com que as vítimas foram barbaramente assassinadas.

1) O primeiro crime foi em março. O pedreiro Vicente Pereira de Moraes de 59 anos, foi morto em casa com várias facadas, mais de 20. O autor era um indivíduo de 21 anos que conhecia a vítima. Ele terminou de matar o colega de trabalho na rampa de acesso à residência, no lado externo da casa.

O motivo: o autor declarou para os policiais que estava embriagado e que teria ingerido drogas, por esse motivo não recordava com clareza o que ocorreu, disse apenas que as facadas foram desferidas na parte externa da casa, onde o pedreiro foi encontrado.

 

2)  Já o segundo, também, ocorreu no mesmo mês. O feminicídio foi muito comentado pela forma fria e cruel. Lucineiva Anacleto Jaques de 33 anos foi brutalmente assassinada pelo ex-companheiro, de 46 anos, que era apenado e estava em regime semiaberto(com tornozeleira). Ele foi preso por uma operação da Brigada Militar, dois dias depois e também se mostrou tranquilo no depoimento.

Lucineiva Anacleto Jaques, foi morta com muitas facadas, também, mais de 20. Na tentativa de buscar ajuda ela conseguiu sair do interior da casa e levou as últimas facadas em frente à residência, onde caiu morta e ensanguentada em razão da luta pela vida.

O motivo: na noite em que foi preso, o autor ainda estava com a arma do crime suja de sangue, além de um revólver e munições, assim como a roupa ensanguentada. Ele disse ao Delegado que teria ocorrido uma discussão com a ex-companheira e sugeriu que ela poderia ter pego um valor em dinheiro.

3) Em maio, o terceiro homicídio teve como vítima, José Antônio Pereira Bem, de 61 anos. O idoso que era produtor rural e caminhoneiro foi atingido com uma barra de ferro e também enforcado com uma corda da própria rede. Os autores que trabalhavam com a vítima, como “chapa”  foram presos pela Polícia Civil em menos de 48h depois da informação do crime. Um de 19 e outro de 20 anos, ambos da cidade de Uruguaiana. Além do homicídio, eles ocultaram o cadáver com uma lona, madeira e palhas.

O motivo: o fato teria sido motivado por dinheiro e por desavenças no trabalho. Durante a discussão, um dos irmãos teria dado um mata-leão na vítima até a morte. Eles furtaram a quantia de R$ 150,00 do bolso do produtor. Valor utilizado para um churrasco, segundo relato à época.

4) O quarto foi Rodrigo Ramires, de 31 anos. A vítima foi ferida com duas facadas, uma no abdômen e outra no tórax, lado direito. Ele passou por cirurgia e permaneceu internado na UTI. Depois de quatro meses devido  a um procedimento,ainda relacionado ao fato, Rodrigo teve complicações e faleceu em junho. As facadas foram durante a Campereada em fevereiro.

O motivo: conforme informações do BO, a vítima teve um desentendimento com o acusado em relação a um equino. Ao ir conversar com o autor, acabou esfaqueado.

Neste caso, a Polícia Civil já concluiu o inquérito policial e encaminhou ao judiciário. O autor ainda não foi preso.

5) Já o quinto homicídio, foi no início de agosto (6), Luiz Carlos Ferreira Pinto, de 48 anos, teve a cabeça decapitada. Em depoimento, o autor de 19 anos, preso pela Polícia Civil, disse que o usou uma faca grande para cortar o pescoço de Luiz, após a faca perder o fio, ele usou uma faca menor com serra para cortar o restante. Como não conseguiu, apoiou o pescoço no joelho e desnucou. Ele também era conhecido da vítima.

O motivo: o desentendimento seria devido aos dois terem consumido muita bebida alcoólica e, de acordo com o autor confesso, a vítima teria tentado ter relações sexuais com ele.

6) Na sequência, o sexto homicídio foi no dia 8 de agosto. Evaldo Nunes Rodrigues foi morto com um tiro no peito, no dia em que completava 41 anos e véspera do Dia dos Pais. O autor foi preso na mesma noite pela Brigada Militar. O motivo teria sido em razão de um desentendimento entre eles.

O motivo: uma discussão motivada em razão do autor ter olhado para o interior da casa da vítima. Esta teria questionado o motivo e diante do desentendimento, levou tiro no peito.

7) E, 9 dias depois, o mais recente e desumano homicídio que ceifou a vida de uma criança de um ano e 11 meses. Márcio dos Anjos Jaques foi morto a pauladas pelo pai. O autor, preso poucas horas depois pela Polícia Civil, disse que o filho estava chorando e, esta teria sido a causa das agressões que levaram ao traumatismo craniano e hemorragia. Depois de dar entrada na Santa Casa, o menino não resistiu e faleceu cerca de cinco horas na UTI. O indivíduo de 19 anos sofreu muitos ataques de fúria da população, desde mensagens, redes sociais e até mesmo no translado da DP ao Presídio, pela maneira em que o crime aconteceu.

O motivo: o menino estaria chorando e isso irritou o pai, que o agrediu de forma violenta com uma taquara. As marcas no corpo do menor denunciavam a violência. A criança também estava sem os dentinhos inferiores.

8) Cristiano Gomes Machado, 39 anos, vulgo Renatinho, foi  alvejado à queima roupa. Os disparos foram realizados pelas costas, o que indica que ele estava fugindo e corrobora com a informação de moradores, das adjacências, que relataram à polícia gritos de socorro.

O motivo: ainda em investigação da Polícia Civil.

Os crimes em comum, também, têm o fato de os autores estarem presos,com exceção do último. E, exceto o sexto homicídio que o indivíduo foi preso em flagrante pela Brigada Militar, os demais confessaram e deram detalhes da maneira em que tudo aconteceu. Detalhes que assustam pela barbárie, selvageria e desumanidade.