A violência contra a mulher têm muitas nuances e está entranhada no núcleo familiar

O Dia Internacional da Mulher é celebrado no dia 8 de março e foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, sendo comemorado desde o início do século 20. Em alguns países a data é considerada feriado nacional, para lembrar a luta das mulheres por direitos iguais.

Ong Amoras
Ong Amoras

A violência contra a mulher é uma das principais formas de violação de Direitos Humanos hoje no mundo.

Em Alegrete, existe a ONG Amoras, que tem uma rede de voluntárias especializadas em acolher, orientar e principalmente, apoiar essas mulheres a terem uma vida digna longe da violência. 

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Os grupos de acolhimentos às vítimas de violência são uma experiência de sororidade, por aproximar mulheres distintas, porém com histórias parecidas. A identificação cria e fortalece vínculos entre elas, uma espécie de espelhamento, onde uma se vê na outra. A sensação de pertencimento e familiaridade faz com que sintam acolhidas e apoiadas.

Entre os primeiros pensamentos a serem desenvolvidos estão identificar discursos machistas e sexistas, e o quanto elas acabam internalizando uma culpa por todo abuso sofrido, já que são convencidas a acreditarem que podem ter tido algum comportamento que fizesse com que esses parceiros apresentassem comportamentos abusivos e agressivos.

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“Identificamos essas culpas carregadas pelas vítimas quando relatam o julgamento da família mediante a decisão de romper com os abusivos, sobre o julgamento social que vê exagero quando a mulher rompe com o ciclo saindo do relacionamento, pois agressores sempre constroem uma boa imagem fora de casa, eles são vistos pelos de fora como pessoas excelentes, trabalhadores, responsáveis, homens de valor e de família, mas não têm a dimensão do que acontece entre quatro paredes, às vezes são abusos tão velados que acarretam perdas na subjetividade dessa mulher, trazendo sofrimento psicológico.

Em trechos elas dizem: “eu não queria ter que dar parte dele, ele não é um homem mau, sempre trouxe tudo para dentro de casa”, em outros trechos elas relatam que, “ele só é assim porque não teve amor da família”, os abusadores sempre se utilizam de um passado triste para justificar suas maldades, como se alguém além dele, tivesse que suportar e se responsabilizar por seus comportamentos.

As mulheres se sentem culpadas quando os deixam, ouvem ameaças de morte ou então discursos dramáticos com promessas de suicídio, prometem mudança e dizem que não conseguiram viver sem elas, praticamente tornam-se crianças, quando percebem que deixam de dominar a mulher. E quem diria, e é justo esse homem que fala a elas coisas como: “você não serve pra nada”, “você é feia, nunca vai encontrar ninguém que te queira”, “gorda, vagabunda” ,“eu vou te largar, você vai morrer de fome, nem a tua família te atura”, “estou com você por pena, você é burra” ,“eu não preciso de você pra nada”, dentre outros absurdos ouvidos pelas vítimas, e por fim agressão física” – descreveram as voluntárias.

A equipe que integra a ONG Amoras acrescenta que, a mulher se culpa até a alma por denunciar seu parceiro abusivo, por vê-lo mal, por ter que abrir mão do seu amor, da sua família, e na maioria dos casos quando tomam coragem de denunciar já sofriam a muito tempo os mesmos abusos, mas mantinham a esperança na mudança.

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“Elas chegam pesadas, culpadas e tristes, dizendo: “não queria prejudicar ele, não queria dar parte, talvez perca o emprego, talvez seja preso, não queria”, como se o fato delas exercerem seus direitos, de denunciarem um abuso fosse realmente o motivo da punição, quando na verdade o abusador é responsável pelo seus atos, quem a feriu foi ele”- comentam.

E depois de muitas vezes ter sua palavra e seus sentimentos colocados em xeque, ela começa a desacreditar nela mesma, pensa que talvez tenha sido exagero, que o parceiro a ama e por isso se comportou assim, se calasse isso não teria acontecido, “ele nem é tão mau, é um bom pai”. A mulher se convence da sua culpa e inocenta o abusivo novamente. Porque o enredo social favorece esse paradigma, as reprime e essas coisas continuam acontecendo a cada segundo, entre idas e vindas, entre trocas de parceiros que inspiram os mesmos ciclos de abusos, até que… Elas são mortas!

“A não ser para aquelas que despertam, e é esse nosso objetivo ajudar essas mulheres a despertarem, nós vamos esperar e respeitar o processo delas, sem julgamentos no momento certo estaremos aqui, porque todas somos seres humanos, merecemos respeito e dignidade (ELAS SOMOS NÓS)”- finalizam.

Os grupos ocorrem nas terças, às 19h e nas quintas, às 9h, na Sede da Ong Amoras, junto à 10° coordenadoria de saúde, na rua Marquês de Alegrete (ao lado dos Bombeiros).

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