Alegrete tem o quádruplo de farmácias necessárias, segundo o CFF

O Brasil tem cerca de três vezes mais farmácias do que deveria. Estudo do Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostra que existe um estabelecimento de venda de remédios para cada 3.000 habitantes no país.

farmácias Alegrete


O índice médio indicado pela Organização Mundial da Saúde é que exista uma farmácia para cada grupo de 10 mil pessoas.


Essa distorção preocupa a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, que diz que os 2.800 fiscais não têm condições de fiscalizar tantos estabelecimentos.


O levantamento do CFF é o mais recente e se refere ao ano passado. Ele mostra que existem 49.945 farmácias no país. Esse número tem crescido durante as décadas de 80 e 90. Em 92, dado do primeiro levantamento com os mesmos critérios adotados pelos estudos mais recentes do CFF, existiam 46.791 farmácias no país.

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Em Alegrete atualmente são 32 farmácias, dados colhidos na secretaria de desenvolvimento econômico do município. Considerando que a população seja pouco mais de 70 mil habitantes, o índice médio apontaria que 7 estabelecimentos farmacêuticos seriam o ideal para a cidade, conforme a Organização Mundial da Saúde.

Outro fato que chama a atenção em Alegrete é na região central. Existem pontos com mais de cinco farmácias numa distância inferior a 400 metros.

O ideal, segundo cálculo do CFF, seria que o Brasil tivesse pouco mais de 15 mil farmácias. Elas poderiam estar distribuídas de forma irregular, dependendo das necessidades de cada região, segundo os critérios da OMS.
São Paulo é o Estado brasileiro que lidera e tem a maior quantidade desse tipo de estabelecimento comercial. No ano passado, o Estado tinha 14.911 farmácias.


A relação usuários/farmácia está ainda mais distante da ideal: são 2.217 pessoas para cada farmácia. Nesse cálculo, são Paulo deveria ter apenas cerca de 3.000 farmácias para aliviar os 800 fiscais da Vigilância.


“Esse número excessivo de farmácias gera uma concorrência muito grande. Por isso, muitas vezes, o dono começa a usar expedientes ilegais, como a compra de remédios falsos ou ainda o famoso empurra-empurra de remédios”, relata Maurício Portella, assessor técnico farmacêutico do CFF e responsável pelo levantamento.

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Segundo o presidente do CFF, Jaldo de Souza Santos, “há farmácias demais no Brasil”. “Precisamos “estancar’ a abertura de farmácias e qualificar essas farmácias para melhorar o serviço.”


Ele afirma que o número desses estabelecimentos cresceu exageradamente desde 1992. “Felizmente também houve um grande aumento de farmacêuticos formados”, diz. “Hoje, já temos farmácias com farmacêuticos.”


De fato, o mesmo levantamento do CFF mostra que, em 1997, havia 56.071 farmacêuticos no Brasil, suficientes para cobrir as 49.945 farmácias.


Santos admite, no entanto, que não adianta haver número suficiente de farmacêuticos se eles não são contratados pelas farmácias. “É necessário que haja vistorias. A Vigilância tem que obrigar as farmácias a ter um profissional da área responsável. O problema é que, como há farmácias demais, fica difícil fazer a fiscalização.” conclui.

Foto: reprodução

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Roberto Monteiro

Ora, não é somente Alegrete, como fica claro no sutiã do título da postagem… eu entendo que vocês precisam chamar a atenção do leitor, mas lendo apenas a manchete, fica parecendo que o problema é somente de Alegrete…

Jesus Romário Corrêa

Se há farmácias demais isto pouco importa, o que importa são os empregos que elas propiciam, principalmente em um momento de crise como o que estamos vivendo.

Lena Deleon

Se o problema alegado é a falta de fiscais, que deem mais emprego (contratem mais pessoas p fiscalizar). Muitas farmacias, mts empregos e menor custo dos produtos p a população.

João Estivalet Silva

Para obrigar o estabelecimento a ter farmacêutico é fácil! Só libera o alvará se tiver um profissional contratado, isto é, na solicitação de abertura de CNPJ, solicitar o “número do CRF” (conselho que regulamenta a profissão), se nao tiver o funcionário, não pode ter o comércio!