
Residente do bairro São Miguel, em São Leopoldo, ele descreveu o impacto devastador das inundações que atingiram a área no início do mês de maio.
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Brandolt, a esposa Cíntia e seu filho João Gabriel, de 13 anos, enfrentaram uma jornada de 13h até Alegrete, onde chegaram no dia 14 de maio, após receber um período de férias. Seu relato começa com a manhã de sábado, 4 de maio, quando percebeu que as águas estavam se aproximando de seu condomínio. Apesar de seu apartamento estar localizado no quarto andar e não ter sido atingido diretamente, a situação no entorno era alarmante.
Imagens abaixo do início:










“Decidi retirar minha esposa e meu filho de casa, já que ela havia feito uma cirurgia recentemente. Levei-os para a casa de uma amiga (Mariana, também alegretense) no centro da cidade, cerca de 15 minutos de distância. Deixei o carro com eles, o que foi uma decisão acertada, pois ao retornar, a água já estava na altura da minha cintura,” disse Brandolt.
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A noite de sábado para domingo foi especialmente difícil. Sem luz e com gritos de socorro por todos os lados, Fernando descreveu um cenário de caos e desespero. “As famílias saíam rapidamente apenas com as roupas do corpo, deixando muitos animais para trás. Os latidos e miados de desespero eram constantes. Muitos animais foram resgatados posteriormente”, relatou.
Fernando permaneceu em seu apartamento até a segunda-feira, 6 de maio, quando os suprimentos começaram a se esgotar. Ele e sua esposa combinaram horários específicos para se comunicarem, devido à necessidade de economizar a bateria do celular. Quando a situação se tornou insustentável, ele saiu do apartamento e encontrou refúgio em Alegrete.
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A viagem até Alegrete foi árdua. A jornada começou na segunda-feira, 13 de maio, com muitas incertezas sobre quais trechos da estrada seriam transitáveis devido aos bloqueios. “Foram mais de 13 horas para chegar aqui. No primeiro dia, conseguimos chegar até Portão, onde soubemos que não havia como seguir. Passamos a noite lá. No dia seguinte, chegamos ao Vale do Taquari, onde a cena de destruição era assustadora,” explicou Brandolt.











Durante o percurso, a família enfrentou racionamento de combustíveis, água e comida. “Nos postos de combustíveis, o limite era de 100 reais para abastecer. A comida e a água também eram racionadas. Em São Leopoldo, muitas famílias estavam com pouca comida e água nos primeiros dias. Foi muito difícil acompanhar isso,” disse ele.
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Fernando expressou preocupação com a possibilidade de danos ao carro durante a viagem, pois quando foi necessário passar por dentro das cidades atingidas pelas cheias, as ruas estavam repletas de entulhos, pedaços de madeira e outros objetos. Apesar das dificuldades, ele relatou que não houve perdas humanas entre seus amigos e familiares, embora as perdas materiais sejam imensuráveis.
“Não perdemos nada devido ao andar do nosso apartamento, mas o peso emocional é enorme diante de tudo que vivenciamos. Para aqueles que continuam lá e perderam tudo, o retorno às suas casas será devastador. Quando as águas baixarem, o impacto será maior ao ver casas totalmente destruídas,” afirmou.
“O pouco que a água já havia baixado quando saímos de lá, há uma semana, os locais eram tomados por lodo e muito lixo,” comentou.
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Fernando planeja retornar a São Leopoldo quando as condições permitirem, possivelmente antes do fim de suas férias em 30 de maio. Já em Alegrete, ele comprou materiais para a limpeza do apartamento, que, embora não tenha sido inundado, provavelmente estará com muito mofo devido à umidade.
A situação no Rio Grande do Sul continua difícil, e muitas famílias ainda enfrentam os desafios de recuperar suas vidas após as inundações. A experiência de Fernando e sua família reflete a resiliência necessária para enfrentar desastres naturais e o impacto profundo que tais eventos podem ter em comunidades inteiras. Esta narrativa de Fernando Brandolt evidencia a gravidade das cheias que atingiram o Estado, destacando o tamanho dos desafios enfrentados pelas famílias afetadas.