Alegretense estudou o comportamento do Coronavírus e mostra estudo preocupante da pandemia no Município

Nesta semana, a reportagem falou com o bacharel em Direto e músico Marco Dorneles Rego. Irrequieto e muito preocupado com a ascensão do novo coronavírus em Alegrete, ele montou uma planilha para demonstrar à população da importância do distanciamento controlado e de todos os cuidados já colocados desde o início da pandemia pela OMS.

 

(Foto – Alexandre Peres)

 

Marco disse que ficou alguns dias fazendo estudos para verificar qual seria a melhor forma de impactar a população em relação à crescente da Covid-19 no Município. Em entrevista ao PAT, ele ressaltou que a planilha criada por ele evidencia uma negligência muito grande por boa parte da população. O vírus, pode não estar sendo letal de forma a chamar a atenção dos alegretenses, principalmente em razão de que os óbitos, até aqui, foram em pessoas com comorbidades e idosas, mas há um aumento considerável dos casos.

“Qualquer outro vírus poderia ser fatal para eles(idosos), mas o crescente número de casos é perceptível, porém, talvez as pessoas não estão conseguindo avaliar de forma ampla, pois podem estar fixadas apenas nos casos diários, são dois, três, no máximo seis, só ontem que chegou a doze. Mas se isso for avaliado em um gráfico, é de preocupar como está evoluindo no município”- comentou.

O alegretense ressalta que o grande divisor de águas foi o dia 12 de Junho, onde ocorreu uma irresponsabilidade ” em massa”, pois ao sair às rua, desde a sexta-feira até o domingo, o que se viu foram inúmeras pessoas passeando, rodas de chimarrão, festas, comemorações como se a pandemia não mais existisse. E, esse preço, muitos estão “pagando”na atualidade onde o vírus circulou de forma muito mais intensa e contaminou um número considerável de pessoas nos últimos dias e, com isso, está circulando mais.

“Vejo que para a população, diante de todos os estudos que fiz, ainda não percebeu que pode sim, ocorrer um colapso na rede de saúde. Embora, hoje, Alegrete esteja num período em que a maioria dos positivados estão em isolamento domiciliar, pode vir acontecer de ter a necessidade de internações, mesmo que em casos não tão graves e isso também tem que ser analisado pelos casos de outros Municípios, pois a Santa Casa é referência, além de todas as demais comorbidades e acidentes, incidentes que acontecem. Pois as pessoas vão continuar necessitando de atendimento em casos de AVCs, infartos, derrames, acidentes de trânsito, cirurgias de urgência, entre outros. Com uma rede de saúde em colapso, não vai ser a Covid-19 que vai ser o grande problema, mas todos esses casos apontados que podem não ter atendimento, pelo sufocamento do hospital, assim como, o risco muito maior de uma contaminação do vírus ao ser atendido em um local que poderá ter esse colapso”- explicou.

Marco considera que isto é apenas uma forma de alertar a população da necessidade de que devem confiar e respeitar mais as medidas que são diariamente debatidas nas redes sociais e pela Secretaria de Saúde através da Prefeitura de Alegrete. A bandeira, fique em casa, vale para todos àqueles que podem se reservar mais, ao invés de sair dois ou três da casa para irem ao mercado, façam um rodizio ou fique determinado para um, pois tem o trabalhador que depende da renda do dia para alimentar sua família à noite e tantos outros que estão desde o início da pandemia trabalhando sem ter a opção de parar, como os profissionais na área da saúde, Bombeiros, Brigada Militar, Polícia Civil, os funcionários do Marfrig, supermercados, farmácias, caminhoneiros e tantos outros considerados essenciais. Estes, precisam sair.

Mas também há um grupo considerável que está passeando pelo centro, em rodas de chimarrão, viajando para outros Municípios, visitando familiares, realizando junções, jogos e demais ações, como se por um momento quisessem erguer a bandeira, tô nem aí para a pandemia. Entretanto, a contaminação pode acontecer com qualquer um independente de idade, sexo, cor e raça e, somente o organismo vai ser responsável pelo que isso vai impactar em cada pessoa. Quem está sendo irresponsável com a pandemia não está sendo falho consigo, mas com uma cidade inteira. Ainda falta muita conscientização”- descreveu.

Marco ainda descreve que não tem pretensão política ou é filiado a algum partido, contudo, reconhece que no início de tudo quando o Ministro da Saúde era o Luiz Mandetta, ocorreu sim um freamento em muita coisa que foi determinante para que o vírus não tivesse essa força de hoje. “Parece que as pessoas estão preferindo enxergar como algo comum ou uma gripe normal, mas não é, ao contrário, é fatal em muitos casos. Sem contar que não há nenhuma vacina ou algo que possa frear essa evolução senão a conscientização da população.

 

O gráfico enviado por Marco é até o dia 30 de junho conforme o Boletim Epidemiológico.
“Repare nos primeiros 45 dias desde o primeiro caso confirmado (as pessoas ainda receosas com a primeira confirmação, – Distanciamento Social mais rígido). E posteriormente da segunda quinzena de maio e o mês de junho, o crescimento ascendente, incluindo óbitos (quando já havia passado mês e meio e ninguém havia sentido “na pele”, Distanciamento Social mais brando)” – comenta.
Esses dados, Marco também enviou para a Prefeitura Municipal de Alegrete, colocando-se à disposição para realizar o gráfico como uma forma de colaborar com a divulgação da importância do distanciamento controlado, o que vai impactar também, na bandeira definida pelo Governo do estado à região R3, onde o Município é incluído.
 Até esta atualização, com o boletim desta terça- feira-feira(30), em Alegrete, o número chegou a 68 confirmados. Deste total, 31 já estão recuperados, 32 estão ativos (29 em isolamento domiciliar e 3 hospitalizados) e 5 óbitos.
São 804 pessoas testadas, sendo 722 negativos, 68 positivos e 14 aguardando resultado. Outras 143 pessoas estão em observação com síndrome gripal.
Já a Secretaria Estadual da Saúde confirmou na terça-feira (30) a morte de mais 32 pessoas pelo coronavírus no Rio Grande do Sul. Trata-se do maior número de mortes divulgadas pela pasta no período de 24 horas. Assim, o Estado chega 614 óbitos pela covid-19.

 

Flaviane Antolini Favero