Altemir Hausmann, ex-bandeirinha FIFA, comanda arbitragem no Efipan

Responsáveis por anulações de gols que mudariam a história do futebol, os árbitros auxiliares, popularmente conhecidos como bandeirinhas, levam a fama de vilões por provocarem dissabores inesquecíveis às torcidas.

Altemir Hausmann, hoje com 56 anos se aposentou aos 45, e carrega no currículo, duas Copas (na da Alemanha como suplente e na da África bandeirou dois jogos), 10 Libertadores e mais de mil jogos.

Em dezembro de 2013, quando atingiu a idade limite para atuar em jogos profissionais, os seus dois últimos compromissos foram pela última rodada do Brasileirão 2013. Ele atuou nos jogos Flamengo x Cruzeiro e Botafogo x Criciúma.

Nascido em Estrela, o aposentado Hausmann está ativo. Não consegue se desvincular da arbitragem. Afinal sua vida foi norteada pela função de árbitro assistente. A entrevista concedida na sede do Clube Escolinha Flamengo, mostrou um dinâmico e realizado Altemir. – Mê dá um minuto já conversamos – disse o profissional. Numa reunião “briefing”, ele discutia os lances com os profissionais que trabalharam no primeiro dia de Efipan.

É ele quem comanda os 11 integrantes da arbitragem do 44º Efipan. Escala, faz reunião e analisa o desempenho da turma que de Alegrete vai para o Gauchão 2025. A presença dele em Alegrete, muito se deve ao presidente da Comissão Estadual de Árbitros de Futebol o ex-árbitro Leandro Vuaden. Foi através do convite dele, que Altemir retornou a Alegrete. Na memória, entre 2007 e 2008 trabalhou numa final de Efipan.

Talvez o lance em que chamou mais atenção em sua carreira aconteceu em 20 de junho de 2012, quando o Corinthians se classificou para a final da Libertadores após empate por 1 a 1 com o Santos. Nos acréscimos do jogo, ele levou a torcida corintiana, àquela altura já comemorando a classificação, à loucura ao desenhar uma meia-lua com seu spray de forma espalhafatosa. A intenção era demarcar a distância que os jogadores tinham de ficar.

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Altemir tentou fomentar um projeto de futebol pós aposentadoria, mas a ideia não deslanchou. Cita a participação na Copa do Mundo na África como a cereja do bolo. Atualmente é observador de VAR, vai trabalhar no Gauchão nessa função. O trabalho à beira do campo rendeu histórias, amigos e sobretudo uma relação com muitos atletas e dirigentes. Indagado sobre qual técnico mais chato que conheceu, ele dispara – O Dorival Júnior, mas somos amigos – se diverte Hausmann, sentado num sofá.

De chinelo de dedos, calção e camiseta ele, se sente à vontade em falar de sua trajetória. Se emociona ao relembrar momentos da maior catástrofe natural que assolou o RS, sobretudo sua cidade natal. Ele ficou sem documentos, a água invadiu casa e sua oficina de peças automotivas. “Estou me reerguendo por isso aqui. De estar falando contigo, dos amigos”, desabafa com os olhos marejados.

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Altemir volta a sorrir quando se fala em arbitragem. O presidente da Safergs Ingorn Kronbauer, que coordena o Sindicato dos Àrbitros do RS assiste atento à reportagem. Uma pergunta que não podia faltar era seu clube do coração. Ele confessa que era colorado, daí o pai torcia para o Grêmio, que possuía uma amizade com o lateral-direito do Grêmio durante a década de 1960, de nome Altemir que fez parte das principais conquistas da década, tendo atuado pelo clube em 317 partidas. Virou gremista desde então, mas hoje não alimenta mais torcida, prefere o sossego com a família.

“Se manter vivo, curtir os amigos, família e esse legado que a arbitragem me proporcionou”, resume o ex-bandeirinha ao ser questionado como leva a vida após largar a vida de auxiliar de arbitragem.

 

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