Após estragos da chuva, casa fica de cabeça para baixo em Uruguaiana

Moradores esperam há mais de três semanas para voltar para casa.
Nível do Rio Uruguai normalizou, mas deixou rastro de destruição no local.

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Já dura mais de três semanas a espera para voltar para casa em parte das regiões afetadas pela chuva no Rio Grande do Sul, segundo dados da Defesa Civil. Neste sábado (19), moradores do Bairro Mascarenhas de Morais, em Uruguaiana, na Fronteira Oeste do estado, se organizavam para retomar a rotina. O nível do Rio Uruguai normalizou, mas deixou rastro de destruição na região, localizada em um bolsão de pobreza do município.
Famoso por abrigar a Escola de Samba Unidos da Ilha do Marduque, uma das mais tradicionais de Uruguaiana, o local ainda registrava moradores limpando residências que até o início da semana estavam tomadas por lodo e entulho. O rio avançou mais de 30 metros nos últimos 20 dias, e deixou casas embaixo d’água.

Forro da casa de Luiz Luz de Morais, em Uruguaiana, está despencando (Foto: Estêvão Pires/G1)
Forro da casa de Luiz Luz Morais, em Uruguaiana,está despencando

Aos 66 anos, a pensionista Teresa Medeiros ainda não concluiu a limpeza da residência dela, que voltou a ser ocupada somente na última quinta-feira (17), com a baixa do rio. Já o filho, que segundo a pensionista é portador de HIV, segue desabrigado após 21 dias. A casa dele virou de cabeça para baixo com a força da água e seguia tombada até este sábado.
“Por enquanto meu filho está dormindo em uma peça de um amigo. Mas se nós não recebermos nada, não sei o que ele vai fazer. Preocupa saber que a madeira que podemos receber para a reconstrução seja velha. A água alagou minha casa. Ficou só um pedaço de telhado de fora. Não é fácil mesmo”, disse Teresa ao G1.

A situação da pensionista foi inspecionada na manhã deste sábado pela presidente Dilma Rousseff, que após sobrevoar a região, anunciou a confirmação de liberação de um total de R$ 54 milhões em verbas da União. Na visita, Dilma insistiu que a remoção das comunidades ribeirinhas em áreas de risco precisa ser debatida. Teresa, porém, resiste. “O risco segue. Mas aqui eu conheço todo mundo. Faz 32 anos que moro aqui”, disse.
O pedreiro aposentado Daniel Fonseca Rodrigues, de 68 anos, diz que seis casas na região tiveram perda total. “Não é fácil. Foi com roupa e tudo. [A minha] Foi a primeira que pegou. Não deu tempo, tentaram me ajudar, mas não deu. Estamos tentando normalizar. Na segunda-feira, vou ver o que vai dar. Me prometeram madeira e cobertura. Vamos reconstruir de novo”, afirmou.
O aposentado Luiz Luz Morais, de 72 anos, também está na lista de moradores que, apesar, da baixa do rio, seguem distantes de casa. E pior: sem perspectiva para voltar.
“Para voltar para casa, eu dependo da prefeitura. Cadastrei-me e estou esperando material para cobertura, um pouco de madeira e prego. Preciso que venha isso para eu poder entrar. Ainda não tenho data marcada para receber. [Funcionários da prefeitura] Vieram aqui e olharam. Preocupa porque estou na casa da minha filha, teve enchente na casa dela. Eu queria estar na minha casinha”, desabafou.

Casa é tomada pelo barro em Uruguaiana (Foto: Estêvão Pires/G1)
Casa é tomada pelo barro em Uruguaiana
Mais de 2,9 mil pessoas fora de casa

Conforme o balanço divulgado na manhã deste sábado (19), pela Defesa Civil, ainda há 2.950 pessoas fora de casa. Dessas, 2.392 estão desalojadas e outras 558, desabrigadas. A situação segue a mesma segundo novo balanço, divulgado no início da noite do mesmo dia.
Conforme a Defesa Civil na Fronteira Oeste, 1.430 pessoas estão desalojadas e 147 desabrigadas em Uruguaiana. O número de atingidos chega a 480 em São Borja e a 680 em Itaqui.

 Fonte: G1