As vivências de uma alegretense em relação à Pandemia do Coronavírus na Bélgica

Vanessa Porto, de 39 anos, se mudou para a Bélgica no ano de 2010. Nascida em Alegrete, ela vive no Exterior há mais de 10 anos.

Ela contou ao Alegrete Tudo que o vírus chegou ao País onde mora em janeiro e ainda não havia muita informação sobre a gravidade da doença e da velocidade que ela se propagava. Mas que as medidas de isolamento foram importantes para o controle dos casos. Com pouco mais de 11 milhões de habitantes, uma população semelhante à do Rio Grande do Sul, o país europeu chegou a 3.346 mortes nesta pandemia, 7 a mais que a China, que supera 1,4 bilhão de habitantes. Na proporção da população, a Bélgica tem uma das maiores taxas de mortalidade do mundo, cerca de 29 por 100 mil habitantes.

Em vigor desde 18 de abril, as restrições limitam a circulação dos cidadãos a atividades “essenciais” para conter os contágios. As únicas saídas permitidas são para ir ao médico, a determinados comércios, como supermercados, ou para trabalhar em casos de extrema necessidade, desta forma, as pessoas precisam apresentar um atestado informando onde vão e o período.

Fora do Brasil desde 2007 e de Alegrete desde o ano de 1999, a alegretense falou sobre os cuidados e como o País está se comportando diante da pandemia. Ela evidencia que as pessoas precisam atentar para as orientações da OMS e que o isolamento social, por mais que pareça difícil em muitos casos, ainda é a melhor forma de evitar a propagação do vírus. É uma cidade de muito fluxo, circulação de pessoas do mundo inteiro devido ao turismo.

Vanessa ressalta que reside bem no centro do País, perto de Bruxelas, capital da Bélgica e da União Européia. A alegretense descreve que a vida antes da Covid-19, sempre foi maravilhosa. “Aqui a oportunidade de trabalho e a valorização dos profissionais, a organização social e as questões de cidadania são incríveis. A única situação que pode ser um pouco difícil é devida às condições climáticas devido ao inverno que é longo, bastante cinzento e muito úmido. Nos finais de semana antes da pandemia, os encontros com amigos, brasileiros e conhecidos sempre foi uma das opções de passeios e laser” – comentou.

A pandemia chegou no País pouco depois do carnaval, onde é o período de férias na Bélgica, também, coincidiu com férias e o movimento mais intenso pelos turistas que geralmente vão para a Itália esquiar. ” na Europa tudo estava mais concentrado, na região de Milão, até que se espalhou para a Espanha, França e não demorou para chegar na Bélgica. ” No início os números eram pequenos, parecia que não teria todos os casos que hoje são contabilizados. As medidas de prevenção iniciaram no começo de março com empresas optando por trabalhos home office e as aulas continuaram até 13 de março. Já no dia 14 ocorreu o comunicado de que tudo iria parar e somente os serviços essenciais iriam se manter, como hospitais, mercados e farmácias.

“Vejo que é muito difícil falar sobre o Brasil devido à situação econômica e analisar o caso é complexo pois cada capital e estado tem uma realidade diferente. Mas o vírus chegou no Brasil, já infectou mais de 36 mil pessoas, com mais de 2.300 mortes.

No Rio Grande do Sul são mais de 850 pessoas com diagnóstico de Covid-19. A doença já atinge 95 municípios com 19 mortes. Este cenário demonstra que é necessário compreender que o momento é de resiliência, observar e compreender que as medidas adotadas pelos órgãos de saúde são importantes para que o vírus não se espalhe de forma agressiva e ocorra o colapso na saúde. Mesmo que seja complicado para muitas famílias que precisam sair para trabalhar e desta forma garantir o sustento de todos, muitos auxílios estão sendo ofertados e, àqueles que puderem ficar em casa é a maneira correta de agir. Cada um precisa fazer a sua parte, não é momento de ser político, de contestar, precisamos entender todas as ações e pensar no coletivo, pois esse vírus não escolhe raça, cor, etnia ou classe social. Quarentena não é férias é de suma relevância seguir à risca as orientações dos órgãos de saúde” – concluiu.