Empresário estima o prejuízo entre R$ 70 mil e R$ 90 mil
Um caso cabeludo chegou à mesa do delegado Hilton Müller, titular da 17ª Delegacia de Porto Alegre, na terça-feira(17). O que parecia um simples assalto a um estabelecimento comercial chamou a atenção pelo tipo de mercadoria roubada: 12 quilos de cabelos.
— Isso não é comum. Já tivemos notícias, que nunca foram confirmadas, de pessoas cortando cabelo na rua. Mas essas consideramos uma lenda urbana — relatou Müller, que, em quatro anos à frente da DP, ainda não tinha deparado com um caso semelhante.
Tudo começou na tarde de segunda-feira. Por volta das 16h, uma van estacionou em frente à loja Léo Elite Hair, na Rua Riachuelo, no Centro. Pouco tempo depois, um homem deixou sua motocicleta na calçada e entrou na loja, de capacete.
Após mostrar uma arma para a gerente, ele entregou a ela diversas sacolas plásticas. As cenas que se seguem são de gincana: em menos de cinco minutos, ela enche três sacolas com maços dos cabelos da loja, vende perucas e apliques para megahair produzidos com fios naturais.
Depois que o ladrão deixa a loja, a van, estacionada em frente ao local para acobertar o assaltante, também vai embora. As imagens foram registradas pelas seis câmeras de seguranças do estabelecimento.
— Para não dizer que não levou dinheiro, ele pegou R$ 30 — lembra o vendedor Henrique Meira, que chegou à loja no momento do assalto. Veja as imagens:
A quantia levada do caixa, no entanto, não representa um fio do que uma cabeleira como a levada pelo bandido renderia ao empresário Joel Flores, conhecido como Léo. As madeixas surrupiadas, que poderiam ser transformadas em 100 apliques ou 50 perucas, valeriam de R$ 70 a R$ 90 mil.
— Ali tem cabelo de mais de 100 pessoas — conta o dono da loja, proprietário de dois ônibus adaptados com salões que percorrem todo o Estado para comprar cabelos.
As perucas produzidas pela fábrica de Léo, cuja matriz fica em Passo Fundo, no norte do Estado, custam entre R$ 280 e R$ 2 mil. O negócio conta com clientes de outros estados e até do Exterior. Segundo o empresário, que atua na venda de cabelos há nove anos, cerca de 20 lojas trabalham com isso só no Centro de Porto Alegre.
As imagens das câmeras de segurança da loja foram entregues à polícia, que trabalha nas investigações. O empresário tem esperanças de recuperar a mercadoria:
— Comecei a fazer as ligações pra quem compra e para o pessoal da região que conhecemos. Todo mundo se ajuda.
Segundo assalto em menos de um ano
Não é a primeira vez que Joel Flores têm de lidar com a perda de sua matéria-prima. Em 2014, a matriz de seu negócio, em Passo Fundo, foi furtada, com prejuízo ainda maior: 30 quilos de cabelo foram levados pelos assaltantes.
À época, a rede de contatos do empresário se mostrou útil. Alertada por telefone sobre o furto, uma de suas clientes entrou em contato, denunciando a oferta feita por uma vendedora desconhecida no município de Erechim.
— Ela anotou a placa do carro e a polícia fechou o pedágio entre as duas cidades — conta Léo.
A abordagem dos policiais amenizou o prejuízo: cinco quilos de cabelos foram resgatados na ação. Agora, o empresário espera um desfecho parecido para o caso.
Fonte: ZERO HORA