Assembleia Legislativa presta homenagem ao alegretense Oswaldo Aranha

A obra, que passa a compor o acervo do Parlamento gaúcho, é uma cópia autorizada de pintura original feita por Cândido Portinari.

Prefeito Márcio Amaral esteve presente na solenidade

Em cerimônia realizada na manhã da última segunda-feira (25), na sala da presidência da Assembleia Legislativa do Estado, foi descerrado quadro do chanceler Oswaldo Aranha, doado pela Federação Israelita do Rio Grande do Sul e pela família Aranha.

A obra, que passa a compor o acervo do Parlamento gaúcho, é uma cópia autorizada de pintura original feita por Candido Portinari. 
Citando os demais gaúchos notáveis homenageados por obras artísticas na Casa e a “polêmica” entre os parlamentares sobre o papel de cada um na história, o presidente da Assembleia, Gabriel Souza (MDB), celebrou o reconhecimento a Oswaldo Aranha, a seu ver o maior gaúcho do século 20.

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“Estamos aqui não só para descerrar um quadro em homenagem a Oswaldo Aranha, mas principalmente para lembrar o seu legado, tanto no Brasil como no exterior”, registrou.
Conforme Gabriel, Aranha foi um dos mais brilhantes chefes da diplomacia brasileira, “um dos principais articuladores dentro do governo de Getúlio Vargas para que o Estado Novo se afastasse do eixo nazifascista e se unisse aos aliados na 2ª Guerra Mundial”.

Contudo, ainda, segundo o presidente, no cenário internacional, seu papel mais lembrado foi a participação decisiva no complexo processo que deu origem ao Estado de Israel, quando presidiu a Assembleia Geral da ONU. “Desde então, o Brasil é tradicionalmente responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral”, destacou, lembrando que a atuação do brasileiro lhe rendeu indicação ao Prêmio Nobel da Paz.

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Sobrinho do chanceler, Eduardo Aranha relatou passagens da vida do familiar ilustre, que conheceu pessoalmente. Lembrou que eram outros tempos, “um mundo completamente diferente do de hoje”, e que sua avó, que ensinou as primeiras letras a Oswaldo Aranha, ainda em Itaqui, teve 17 filhos, dos quais 13 chegaram à idade adulta.

O nascimento em Alegrete, contou, teria se dado porque a avó, nos primeiros cinco partos, ia de carruagem até o município, onde havia atendimento médico.
Mais tarde, Oswaldo Aranha foi estudar em São Leopoldo e depois no Rio de Janeiro, onde se formou em Direito, aos 22 anos, tendo sido o orador da turma. Em 1917, retornou ao Rio Grande do Sul, fixando-se em Uruguaiana em um escritório de advocacia com Flores da Cunha. Nos anos 20, feriu-se três vezes, uma gravemente, nas revoluções da época. 
Eduardo destacou o protagonismo do tio, como intendente de Alegrete, ao levar a luz e o esgoto cloacal à cidade. Ressaltou também o papel preponderante na Revolução de 30, considerando-o um de seus três maiores feitos. Os outros dois teriam sido o de impedir que o Brasil se associasse ao Eixo e o “sempre comentado” desempenho como presidente da assembleia geral da ONU, quando conseguiu assegurar os votos necessários para a criação do Estado de Israel.
Segundo Eduardo, Oswaldo Aranha tinha como lema “nasci para servir ao meu país e não para me servir dele”. 
Ele concluiu seu depoimento lendo uma carta escrita pelo tio, no dia do aniversário dos seus 65 anos, a Flores da Cunha.
Também presentes à cerimônia, o presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Sebastian Watenberg, o prefeito de Alegrete, Márcio do Amaral, e o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, reconheceram o legado de Aranha. Watenberg destacou a grandeza do chanceler “que colocou o Brasil, de fato, no cenário da diplomacia internacional”.

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O prefeito de Alegrete, lembrando feitos do então intendente como o de investir em saneamento básico, disse se tratava de uma pessoa que servia de inspiração a ele e a todos com atuação na vida pública.
Acompanharam o ato ainda os deputados Tenente-Coronel Zucco (PSL), que preside a Frente Parlamentar Brasil-Israel, Zilá Breitenbach (PSDB), Carlos Búrigo (MDB) e Beto Fantinel (MDB), o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Voltaire de Lima Moraes, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Júlio Cesar de Melo, o defensor público-geral do Estado, Antônio Flávio de Oliveira, o reitor da UFRGS, Carlos Bulhões, o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Miguel Frederico do Espírito Santo, e a presidente da Câmara Municipal de Alegrete, Firmina Martins Soares, entre outras autoridades. 
Oswaldo Euclides de Souza Aranha nasceu em Alegrete, em 15 de fevereiro de 1894. Diplomata e advogado, foi intendente do Alegrete, deputado estadual e federal, presidente interino do RS em 1930, ministro da Justiça e da Fazenda, embaixador do Brasil nos Estados Unidos, ministro das Relações Exteriores; presidente da Assembleia-Geral das Nações Unidas em 1947 e ainda ministro da Fazenda e da Agricultura. No ano de 1947, exerceu importante papel na criação do Estado de Israel, motivo pelo qual foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz naquele ano. Faleceu, no Rio de Janeiro, no dia 27 de janeiro de 1960.

Foto: Joel Vargas

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