Bebê prematura de Alegrete passa por procedimento cardíaco raro na medicina

A alegretense Martina Lua Miranda Romero foi a primeira bebê prematura a receber, com apenas um mês de vida, uma prótese Piccolo para fechamento do canal arterial do coração. Na última semana, Roberta Miranda entrou em contato com o PAT para narrar o feito realizado pela pela pequena Martina.

Com quase dois meses, ela que é gêmea de Joana Flor, está bem e em casa. Mas nem tudo foi comemoração. Roberta que é casada com Gaudêncio Jaques Romero descreveu o milagre que aconteceu com a sua pequena, mas muito valente.

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Ela nasceu de parto cesárea no último dia 8 de novembro e como todo bebê prematuro, ficou com a irmã na UTI Neonatal da Santa Casa de Alegrete por oito dias e, posteriormente, deram alta. Tudo estava indo muito bem, até que Martina, com 15 dias passou a ter dificuldade para mamar, tanto o peito quanto a mamadeira, ela cansava muito, ficava ofegante e a mãe decidiu levar para a pediatra, Dra Marilene Campagnollo para uma revisão. Ela saiu de casa com a roupa do corpo e a sacola da bebê, descreve.

Da consulta, elas foram direto para a Santa Casa onde foram realizados mais exames, porém, em Alegrete, embora tenha o aparelho que pode ser usado para realizar eletrocardiograma em prematuros, não há médico especialista e a transferência foi inevitável. Do jeito que estava, Roberta saiu de ambulância com a pequena até o hospital de Caridade de Santa Maria. “Naquele momento pensei que iríamos fazer o exame e retornar para Alegrete, mas não foi assim, logo que chegamos a Martina passou a fazer os exames e o laudo era PCA de 5mm com complicações, sendo necessário internar na UTI. Foi um baque muito grande pois não conhecia Santa Maria, estava com a roupa do corpo e pouco dinheiro para hospedagem e alimentação sem previsão de retorno, e ainda tinha deixado em Alegrete minha outra recém nascida que também amamento e meu filho de 1 ano que estava com meus pais. Consegui com o pouco que tinha um hotel em frente ao hospital e a cada três horas estava na frente da UTI Neo para saber dela. Após dois dias de muito medo e solidão em Santa Maria, meus sogros e meu marido foram para perto de mim com a Joana Flor, o que me deu muita força para encarar aquele momento. Não fossem nossos familiares e amigos que ajudaram das mais diversas formas, as coisas teriam sido ainda mais difíceis. – comentou.

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Roberta acredita que por não ter especialistas realizaram várias intervenções na Martina, tantas que ela chegou a pensar que iria perdê-la, em alguns momentos ela tinha muita dificuldade em respirar e por vezes não se alimentava, isso a fez perder muito peso. Foi então que ela insistiu para que a filha fosse transferida para o Instituto de Cardiologia em Porto Alegre. “Eu fiquei sabendo que um Cardiologista Pediátrico João Luiz Langer Mânica, já havia realizado uma intervenção por cateterismo em prematuro, sem a necessidade de abrir o peito, o que para Martina naquele momento com a perda de peso seria muito mais arriscado. Foi uma luta, mas consegui a transferência. Recordo que no dia que estávamos saindo para Porto Alegre, o médico que estava atendendo e iria fazer a cirurgia pelo meio tradicional me disse para ligar e contar o milagre, dando a entender que ela não iria conseguir diante do quadro, não por cateterismo. Eu olhei e disse que se fosse um milagre, este iria acontecer” – disse.

No dia em que as gêmeas completaram um mês de vida, Martina Lua, teve a sua segunda chance e foi um procedimento muito exitoso. O médico, João Luiz Langer Mânica, disse que eles deveriam orar pois era a primeira vez que ele realizava o procedimento por cateterismo em um prematuro com aquele peso(2KG), ainda mais com a prótese de Piccolo que nunca tinha sido usada no Brasil. Esse procedimento de fechamento percutâneo do canal arterial no prematuro extremo aconteceu três vezes no Brasil e duas no Rio Grande do Sul, mas a Martina Lua, fez história na medicina por ser a primeira a receber a prótese que veio do Exterior, por ser a bebê com menos peso e por realizar através do cateterismo. Com isso, foi realizado um Congresso online onde o caso dela foi repassado para vários profissionais da área, inclusive do Exterior. Com mais 15 dias no hospital, Martina deu alta e retornou com os pais que estavam de favor na casa de um amigo, juntamente com a irmã Joana Flor.

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Entenda o que é PCA: O vaso sanguíneo que liga a Aorta (maior artéria do nosso corpo) à Artéria pulmonar (artéria que leva sangue do coração para o pulmão) é chamado de Canal Arterial. Esse vaso é muito importante enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe. Após o nascimento, ele se fecha sozinho, em geral em 48 horas. Quando esse vaso não se fecha, chamamos de Persistência de Canal Arterial (PCA). Persistência quer dizer “que ficou aberto”.

(Martina Lua e Joana Flor no Natal)

 

João Luiz Langer Mânica – Cardiologista Pediátrico, Ecocardiografista Pediátrico e Cardiologista Intervencionista em Cardiopatias Congênitas de adultos e crianças, Doutor em Cardiologia pelo Instituto de Cardiologia do RS e Policlinico San Donato Milanese.

Especialidades: Cardiologia Pediátrica, Ecocardiografia e Hemodinâmica.

(Parto das meninas)

(1° dia em casa pós parto)

 

Flaviane Antolini Favero