Ainda, infelizmente, percebemos que há aqueles que contraem o vírus e acabam não resistindo, no entanto, com o processo vacinal no estágio avançado, os números de casos e mortes caíram consideravelmente. É importante reiterar que não foram apenas prejuízos do âmbito da economia e de perdas humanas que a covid trouxe, muitas sequelas estão sendo notadas no cotidiano das pessoas.
Uma dessas sequelas é o bruxismo – desordem funcional que se caracteriza pelo hábito de apertar e/ou ranger os dentes, frequentemente, como resposta à ansiedade e à tensão. A disfunção pode estar ligada a fatores genéticos, a situações de estresse, à tensão, à ansiedade. Também, pode estar vinculada a problemas físicos de oclusão ou a fechamento inadequado da boca.
Um estudo recente, de autoria do professor Marcelo Lourenço da Silva, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), apontou que sintomas de bruxismo passaram a ser bastante recorrentes na população durante a pandemia da Covid-19. Foram entrevistadas 1476 pessoas, por meio de um questionário online aplicado entre maio e agosto de 2020. A pesquisa revelou que 85% dos respondentes relataram aperto de dentes, 57% confirmaram ranger os dentes e 71% confirmaram ter os dois sintomas do bruxismo.
Além disso, sintomas associados a outros distúrbios que podem ser ocasionados pelo bruxismo também foram relatados pelos respondentes. Entre os participantes do estudo, 85% apontaram sons de clique na articulação temporomandibular, 78% acusaram ter desenvolvido dor de ouvido e 64% revelaram possuir fadiga mandibular. A pesquisa também mostrou que o aumento dos casos de bruxismo na população está relacionado aos maiores níveis de estresse e nervosismo experimentados durante o período de isolamento.
O professor Marcelo Lourenço da Silva, em uma entrevista, se mostrou estar surpreendido com os resultados obtidos. Ele esperava um aumento nos sintomas de bruxismo nos indivíduos, mas não de forma tão elevado como apresentado na amostra. Ademais, ele comentou a respeito do tratamento desta desordem funcional e disse que a intervenção ideal é tratar os sintomas físicos, com um fisioterapeuta, e as causas psicológicas, com um psicólogo.
João Baptista Favero Marques