Cadeirante de Porto Alegre que criou petição online tem visto negado para permanecer na Nova Zelândia

Juliana Carvalho, 38 anos, vive há 7 anos no país e tem três meses para sair. Governo alega que a gaúcha não preenche os requisitos de saúde para receber residência.

O Tribunal de Imigração e Proteção (IPT, na sigla em inglês) da Nova Zelândia negou mais uma vez o pedido de permanência no país de Juliana Carvalho. A porto-alegrense de 38 anos, que é paraplégica e possui diagnóstico de lúpus, mantém uma petição na internet para permanecer morando no país.

O governo neozeolandês já havia negado duas vezes o pedido, sob alegação de que ela não preenche os requisitos de saúde para receber o visto de permanência. Com a negativa, que saiu na última terça-feira (11), esgotam-se as possibilidades de recurso na Justiça neozeolandesa.

“O Tribunal considerou as circunstâncias da apelante. Reconhece que há circunstâncias excepcionais de natureza humana, mas que não tornam injusta ou indevidamente severa a deportação da Nova Zelândia”, diz o documento, disponibilizado ao G1 por Juliana.

Na mesma decisão, foram garantidos três meses para que Juliana possa se organizar e sair da Nova Zelândia.

Juliana vive há sete anos na Nova Zelândia e criou uma petição para apoiar uma mudança na legislação para os imigrantes. “Quanto mais assinaturas tiver, melhor”, afirma.

Agora, Juliana pretende pedir uma intervenção ministerial. “O ministro da Imigração tem total poder de, por exemplo, me eximir desse requerimento de saúde legal”, explica.

Gaúcha que mora na Nova Zelândia corre risco de ser deportada devido a uma deficiência

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No pedido, Juliana precisa mostrar evidências de que pode contribuir para o país e que tem família na Nova Zelândia. Ela vive com a mãe e os dois irmãos no país, há 7 anos. Os familiares têm permissão legal de residência.

Ela diz que vai pedir ajuda a um membro do parlamento neozeolandês e nos próximos dias, deve se reunir com seus advogados.

“Dizem que pode levar até sete meses pra ter a decisão, se eu tiver sorte, sai em três meses. Se não, não sei o que vou fazer”, lamenta.

Discriminação

“Foi bem difícil, eu tava com bastante esperança. A gente reuniu toda família para poder abrir junto a resposta. Eu visualizei por tanto tempo, tinha uma imagem que eu achei que ia acontecer, que eles iam me dar um sim, mas deram não. Foi bem punk. Mas eu tô com esperanças”, afirma.

Ela acredita que as respostas negativas têm a ver com a discriminação que sofrem as pessoas com deficiência. “O que me deixa muito indignada é que a Nova Zelândia é signatária da convenção da ONU dos direitos das pessoa com deficiência e o artigo 18 fala da liberdade de movimento e nacionalidade”, analisa.

“Eu entendo que a imigração precisa ter critérios de seleção, que por natureza são discriminatórios. Mas uma pessoa com deficiência tem o mesmo valor que uma pessoa sem deficiência”, diz.

“É isso que tá em jogo, eles dizem que tu poderá custar muito para o sistema de saúde, mas qualquer pessoa pode custar muito. Tu chega lá, super saudável, no dia seguinte tem um AVC, e tu vai custar caro. A vida é imprevisível”, exemplifica Juliana.

“Eu vou batalhar tudo que eu puder e se Deus quiser o ministro vai me dar essa possibilidade. Mesmo assim, vou continuar batalhando pra mudar essa política de imigração. Não é justo”, conclui.

Fonte: G1