Para marcar o 1º de dezembro – Dia Mundial de Luta contra Aids – a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul lança uma campanha para incentivar o teste de HIV e frear o crescimento da doença entre os gaúchos. Com o conceito “desconhecimento mata mais que Aids”, o objetivo da campanha é reforçar a ideia de que ignorar a doença é perigoso, pois retarda o tratamento e aumenta o risco de transmissão.
O diagnóstico precoce também é fundamental para o resultado do tratamento, além de ser decisivo para evitar a chamada transmissão vertical, quando o vírus passa da mãe para o bebê. “Embora a Aids não seja tão fatal como antes, é uma doença muito grave que provoca um grande prejuízo à qualidade de vida”, explica a titular da pasta, Sandra Fagundes.
A incidência da Aids no Rio Grande do Sul é a maior do país há oito anos. Além do estímulo ao uso do preservativo – foram distribuídos mais de 33 milhões de unidades em inúmeras atividades públicas realizadas ao longo de 2014 – a estratégia do governo estadual para enfrentamento à epidemia aposta na ampliação do acesso ao teste rápido para detecção do HIV.
O exame foi implementado em 2009 no Brasil, mas só começou a ser aplicado de forma mais efetiva em solo gaúcho a partir de 2012. Este atraso contribuiu para o alto índice de contaminação do vírus no Estado, já que pelo método tradicional, o prazo de espera chegava a 30 dias e a pessoa precisava retornar à unidade básica de saúde para obter o resultado, o que provocava a desistência de muitos pacientes.
O teste rápido é seguro e sigiloso. Realizado a partir da coleta de uma gota de sangue da ponta do dedo, o resultado sai em cerca de vinte minutos e é comunicado diretamente por um profissional capacitado.
Atualmente o Rio Grande do Sul já possui uma eficiência três vezes maior neste tipo de exame que o resto do país, oferecendo o serviço em unidades básicas de saúde de 334 municípios e em 77 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs). Cerca de 61% das pessoas que chegam a um posto de saúde em busca do teste rápido podem realizá-lo na hora.
O objetivo da Secretaria de Saúde é que o teste esteja disponível em todas as unidades básicas. O Estado também se impôs como meta testar todas as gestantes gaúchas durante o pré-natal para proteger seus bebês. As áreas de fronteira são consideradas prioritárias por concentrarem uma população de meninas alvo da exploração sexual nas estradas gaúchas.
Dados do ministério apontam redução de casos
O Rio Grande Sul contabiliza 41,3 novos casos por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional de 20,4 novos casos por 100 mil habitantes. Em Porto Alegre, este número chega a 96,2 novos casos por 100 mil habitantes, quase cinco vezes maior que o índice encontrado no restante do Brasil.
“A gravidade dos números fez com que o enfrentamento à Aids se tornasse uma prioridade para este governo”, explicou a Secretária de Saúde, Sandra Fagundes.
Entretanto, os dados preliminares sobre o comportamento da doença em 2013, que devem ser confirmados pelo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, apontam uma redução de 1,6% nas notificações da doença. Em 2013, foram diagnosticados 4.443 novos casos contra 4.517 do ano anterior.
O esforço para impor um recuo duradouro à epidemia tem sido feito com investimentos consistentes. O Rio Grande do Sul é o primeiro Estado brasileiro que investe recursos próprios no combate à Aids.
Em 2014, foram destinados R$ 15 milhões do Tesouro Estadual aos 64 municípios que concentram 90% dos casos. O objetivo é incluir o cuidado à doença na rede de Atenção Básica de Saúde e financiar a montagem de um protocolo de atendimento capaz de apressar o diagnóstico e estimular as pessoas a manterem o tratamento.
A Secretaria Estadual de Saúde também regularizou o fluxo de repasses de recursos para organizações não governamentais que atuam na prevenção à doença e destinou R$ 5,7 milhões para atividades do setor.
Com isso foi possível reduzir em 30% a taxa de detecção de casos de Aids em menores de cinco anos entre 2012 e 2013, passando de 8,8 casos por 100 mil habitantes para 6,2 casos.
Perguntas e respostas sobre a Aids/HIV
Por que fazer o teste de HIV?
Saber do contágio pelo HIV precocemente aumenta a expectativa de vida do soropositivo. Quem busca tratamento especializado no tempo certo e segue as recomendações ganha em qualidade de vida e evita a transmissão. Além disso, as mães soropositivas têm 99% de chance de terem filhos sem o HIV se seguirem o tratamento recomendado durante o pré-natal, parto e pós-parto.
Quando fazer?
O teste é indicado para pessoas que passaram por uma situação de risco. Não deve ser feito de forma indiscriminada e a todo o momento. O exame detecta a presença de anticorpos no sangue e a infecção pode ser detectada com, pelo menos, 60 dias a contar da situação de risco, período chamado de janela imunológica.
Quais são as situações de risco?
O HIV pode ser transmitido por relações sexuais desprotegidas (sem o uso do preservativo), anais, vaginais e orais; pelo compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas e de mãe para filho durante a gestação, o parto e a amamentação. Beijo, toque, abraço, aperto de mão, compartilhamento de toalhas, talheres, pratos, suor ou lágrimas não transmitem a doença e não há risco nesses tipos de contato com uma pessoa soropositiva.