Caturra, um artista autodidata que embeleza cenários com a magia das cores

O hábito de falar em sala de aula, quando era guri, rendeu o apelido de Caturra a Roberto Moacir Ferreira dos Santos, que quase ninguém sabe o seu nome em Alegrete, e que desde jovem faz letreiros e desenhos e os mais variados trabalhos de arte.

Mas antes de ser um artista, ele foi um dos maiores zagueiros do futebol amador da cidade .  A altura privilegiada-  1.98m e gosto pelo futebol começou aos 10 anos. Jovem, integrou a zaga do Várzea Verde e Santos onde e como uma muralha ajudava a conter os ataques adversários. Agora ao 51 anos integra o time dos cinquentinhas,  porque tem orgulho em dizer que suas amizades surgiram da beira dos gramados da várzea em Alegrete.

A trajetória de trabalho desse artista, autodidata, faz com que mesmo na era digital da atualidade, que tudo é feito em computador, Caturra nunca fica sem o trabalho em que tudo é feito manualmente.

Dos letreiros e desenhos para lojas, escolinhas, muros ele passou a desbravar outras possibilidades . Foi para o barracão de escolas de samba fazer alegorias e carros alegóricos e por anos realizou isso na Unidos dos Canudos.

Mas o melhor, que mesmo a festa tendo cessado há cinco aqui na cidade, ele foi requisitado para trabalhar no preparo da escolas de samba em Porto Alegre, Uruguaiana e em Artigas.

E no meio carnavalesco, o alegretense Caturra ajudou a equipe a fazer os carros da Bambas da Orgia, Restinga,  Escola Samba Puro, na capital, onde nas temporadas dos barracões.

Em Uruguaiana todos os anos ele aporta para contribuir com seu trabalho e embelezar a festa de momo na vizinha cidade, onde atuou na Cova da Onça. Mas faz questão de dizer que quer a volta da festa em sua cidade para que possa trabalhar pelas escolas de samba daqui.

O envolvimento dele com o trabalho também fez com que fosse o protagonista do cenário do Filme Invasão da Cidade de Alegrete, no Caverá, e de uma apresentação da Revolução Farroupilha em frente ao Centro Cultural.

E a criatividade do auto didata não para, e mesmo que isso seja sua profissão e renda o seu sustento, ele diz que tem que contribuir com sua cidade. E assim foi em um de seus últimos trabalhos  quando a Patroa do CTG Farroupilha Carol Figueiredo perguntou se ele poderia ajudar a fazer a Casa do Papai Noel, um projeto junto com a Prefeitura em trabalho voluntário já que não dispunham de recursos para este fim .

  • Claro que aceitei, afinal é ajudando que se recebe e como sempre tive trabalho que até dispenso alguns por não poder cumprir, nada mais justo ajudar a fazer a Casa do Noel que está no Parque Rui Ramos, considera.  Ele vê tantos colegas que fazem coisas por sua cidade e depois que teve a neta que está com dois anos começou a pensar mais neste lado social”.

Todos os trabalhos fazem com que ele se esmere e dê o melhor, com foco no detalhe e na criatividade. As asas do muro do Restaurante Capri  veio da ideia da dona depois de estar em Gramado   e fazem sucesso para quem posa para fotos.

E já adianta que vai mudar o visual dos banheiros do Parque com a pintura de asas de borboletas, num colorido que vai deixar o local ainda mais bonito.

Nada é difícil de fazer, coloca o artista, porque quando se realiza o que se ama as mãos deslizam, numa sintonia entre desenho e pintura, montagem que confere a arte final, diz Caturra.

 Vera Soares Pedroso