Cesta básica não é mais “coisa de pobre”

“Brasileiro vai começar passar fome” é a frase mais falada pela classe trabalhadora brasileira.

Cesta básica não é mais "coisa de pobre”
Cesta básica não é mais "coisa de pobre”

O povo está trabalhando para poder comer, mas e o resto? De acordo com pesquisas, para o trabalhador conseguir se sustentar e pagar as despesas básicas, o salário mínimo deveria ser de R$ 4.673,06 ou 4,47 vezes o vigente.

Com a pandemia, o preço dos alimentos subiu de forma assustadora e a cesta básica, que antes era a “salvação” para milhares de famílias, deixou de ser uma opção. Segundo pesquisadores, quando comparamos o valor da cesta básica com o salário mínimo líquido (com o desconto da Previdência Social), percebe-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional compromete 50% do seu salário para alimentos básicos. 

Em São Paulo, a cesta básica já custa R$ 932,60 e deixou a sociedade na corda bamba. Quando diminuímos o valor da cesta básica do salário, percebemos que sobra um valor quase insignificante para arcar com despesas essenciais como água, luz, transporte e aluguel, por exemplo.  O cenário em que a classe trabalhadora brasileira se encontra é preocupante, agonizante e desumano.

André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas, deixa claro que uma coisa é ter dinheiro e os preços aumentarem: “As famílias vão dando um jeito compram menos, trocam de produto.”. E outra coisa é não ter dinheiro e os preços aumentarem, mudança que deixa a família em estado precário: “Nesse caso, a sensação de que a inflação é muito maior é flagrante, é uma situação de impotência.”.

“Acredito que o cenário se agrave”, afirma economista da FGV. Segundo ele, os problemas climáticos, como secas e geadas afetaram as safras e devem ter um impacto ainda maior nos preços dos alimentos e a volta aos preços considerados “normais” vai demorar.

De acordo com o IBGE, o arroz, feijão, leite, a carne e óleo de soja foram os alimentos que mais encareceram nas últimas semanas. De acordo com Mariana Fontele, secretária executiva, não faz sentido o aumento de preço de alimentos essenciais: “Se nós, com algum recurso financeiro, sentimos o peso disso, imagine as famílias de baixa renda? Não vejo a necessidade no reajuste, tendo em vista que, mesmo com a pandemia, a procura por esses produtos se manteve, já que são considerados produtos de primeira necessidade”.

Segundo a lei n° 399, de 30 de abril de 1938, a cesta básica deve ser composta por 13 produtos alimentícios, capazes de sustentar um adulto por, pelo menos, um mês. Além de conter itens de higiene pessoal. Mas com o preço absurdo, está mais prejudicando o adulto do que sustentando por um mês, levando em conta que o arroz e feijão que antes era o básico, deixaram de ser uma opção devido ao seu preço.

Geovanna Valério Lipa

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