Christelo, o consagrado alegretense diretor de Arte e Designer faz sucesso em Portugal

Luis Christello nasceu em Alegrete no ano de 1966. Completou o 2º Grau no Emílio Zuñeda. Saiu de Alegrete para cursar Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (década de 80) e Desenho pela Ar.Co - Escola de Arte e Comunicação de Lisboa , onde formou-se em 2019.

Alternou residência entre São Paulo, Rio de Janeiro e Lisboa, onde reside atualmente.

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Conjuga a atividade de artista plástico com a de Diretor de Arte e Designer, onde as imagens digitais aparecem como uma intersecção entre o mundo das artes gráficas e o mundo das artes plásticas. Sobre esse processo criativo, escreveu o curador e poeta Alexei Bueno – A percepção clara de um processo duplo, pendular, é que estabelece os dois polos da sua expressão. 

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Profissionalmente, desempenha a atividade de Diretor de Arte e Designer tendo trabalhado em várias multinacionais, como Young and Rubicam, J.Walter Thompson e Lowe Lintas. Durante 10 anos, atendeu a conta da Petrobras no Rio de Janeiro, onde foi Diretor Criativo.
Nessa área, conquistou importantes prêmios internacionais: seis Leões no Festival de Cannes, entre eles o primeiro Leão de Ouro para a publicidade portuguêsa. Foi também galardoado com o ‘Distinctive Merit’ no Art Directors Club of New York.

Em artes visuais, atualmente, trabalha em plataforma multimídia, desenho digital, instalações e vídeo arte, elaborando através dessas linguagens, pontes de interação entre o mundo virtual e o real. 
No Brasil, participou de diversas coletivas e salões de arte, como o IX Salão Nacional de Artes Plásticas – MEC/FUNARTE e o 43º Salão Paranaense. No exterior, participou da 42th Yokosuka Biennial of Art, Japão, na exposição CONEXIONES, Galeria Hoy en el Arte, Buenos Aires.


Foi Primeiro Prêmio em pintura no XIV Salão do Jovem Artista da RBS na década de 80.
Em 2010, fez sua primeira exposição individual: ‘SÍSTOLE’, no Rio de Janeiro, Galeria Manuel Bandeira – Academia Brasileira de Letras.


Participou de diversos salões de arte no Brasil e no exterior, onde também veio a ganhar alguns prêmios importantes: Prêmio Itamaraty, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores em Brasília, 2015.
Prêmio Montblanc, concedido pelo Museu Judeu da Bélgica em Bruxelas,2016. Recentemente em Portugal, dividiu o espaço do suntuoso Palácio Biester em Sintra, com um artista português na mostra: RAF e Luis Christello – Maximalist Life.

Confira os trabalhos apresentado pelo alegretense na última amostra:

Na pintura tradicional ou no desenho, os materiais são utilizados pelo artista de forma quase alquímica para transformar matéria em “superfície expressiva”. Pode-se depreender que esse tipo de procedimento é uma interferência física, material – ao se utilizar tinta de verdade sobre uma superfície – com um resultado físico: a obra em si. Em “Planisfério”, vemos uma imagem ambígua: a construção – através da intenção da caligrafia e da disposição intencional e iconográfica dos tijolos – e, ao mesmo tempo, uma imagem paradoxal; afinal, esse desenho é feito sobre um muro (mundo?) degradado. A própria ideia de compartimentos, de ligações e abismos entre possíveis nações evoca o atual momento geopolítico do planeta. A caligrafia titubeante, quase ‘naïf’, evoca um estudo despojado e informal, quase jocoso, trazendo com ela a impressão  de deboche, de cultura e falta dela, de geografia, de história, de intenção de conhecimento… e de esquecimento. Esse muro, reconstruído virtualmente, é originalmente uma imagem digital, imaterial, que também virou “superfície expressiva” através da interferência física da impressão ‘fine art’. É um “mural” hibrido, construído com fotografia, desenho digital, caligrafia e impressão.

“Restauração”. Este trabalho é um trabalho digital resultado de algumas pesquisas. Quando eu morava no Rio, me debrucei sobre o tema da História da Arte, e seus grandes artistas. Ao me deparar com a “Santa Ceia” de Leonardo da Vinci, delicadamente pedi às pessoas que estavam em volta da mesa, que se ausentassem por uns instantes para que eu pudesse fotografar a sala vazia! Brincadeiras à parte, isso só foi possível depois de muitas horas de photoshop. Porém quando Cristo e os apóstolos saíram da imagem, deixaram um vazio sem informação sobre o que estava por detrás deles. Qual a imagem que eu colocaria para colocar atrás do Cristo que estava ao centro da mesa? Iniciei então, uma pesquisa sobre autores contemporâneos de Leonardo da Vinci, para ver o estilo de paisagem que pintavam. Achei numa obra de Dührer, num autoretrato em frente a uma janela uma paisagem que representava o estilo da época. Utilizei (para não dizer…roubei)essa imagem que se via pela janela para completar o fundo da sala. Foi uma espécie de arqueologia digital…! Essa obra chamou muito à atenção, e felizmente foi vendida a uma senhora da África do Sul que ficou literalmente encantada com o trabalho.

Ao reconstruir uma imagem, e ao acrescentar novos elementos, abre-se uma porta para novos questionamentos. Isso é uma questão particular para cada espectador. Cada espectador cria a sua visão, o seu sentido particular, a sua própria interpretação. E essa interpretação não me pertence. A obra em si, mais o novo sentido criado por quem viu, passa a ser de um certo modo, uma recriação de quem viu e sentiu essa obra. Nesse momento, o observador passa a ser criador. A obra passa a ser dele também.

Este é o poder ‘subversivo’ da arte. Ela estimula as pessoas a pensar e a sentir. Não é à toa que nos regimes totalitários, os pensadores e artistas são os primeiros a serem exilados ou eliminados. Pois eles tem o sagrado poder de evocar nas pessoas, o seu direito inalienável à liberdade! À liberdade de pensar, de sentir, de exercerem as suas escolhas.

O artista é cúmplice de sentimentos que as pessoas tem e muitas vezes nem sabem que tem. Ao verem numa imagem, ao lerem ou ouvirem numa letra de música os sentimentos que elas tem lá dentro, elas percebem que a sua dor ou sentimento, não é única. A linguagem ultrapassa os casos particulares. Como disse Simone de Beauvoir: “Toda dor dilacera, mas o que a torna intolerável é que quem a sente tem sempre a impressão de estar isolado do resto do mundo. Partilhada, a dor ao menos deixa de ser um exílio. Ao partilhar experiências, o artista traz ao seu público, o consolo da fraternidade. Essa é a função da arte. Superar a solidão. Que é comum a cada um de nós, e no entanto, faz com que nos sintamos estranhos uns aos outros.”

Fotos: acervo pessoal

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