Comitê da Covid avalia a grave crise da pandemia e cobra mais responsabilidade da população

Em mais uma live na noite de ontem(11), com o Prefeito Márcio Amaral, a Diretora Técnica do hospital, Marilene Campagnolo, Secretário de Segurança e Mobilidade -Rui Medeiros e a Secretária de Saúde, Haracelli Fontoura, foram abordados assuntos sobre a pandemia neste momento crítico.

O Prefeito Márcio Amaral que foi o mediador, falou sobre as solicitações que há mais de um ano vêm sendo feita para que as pessoas fiquem em casa, usem máscara e demais protocolos. Em muitos questionamentos feitos sobre algumas medidas, ele foi enfático em dizer que não tem o porquê existir hipocrisia, neste momento, pois a falta é de conscientização. Nunca houve o objetivo de ter uma indústria da multa, mas, às vezes, somente quando se mexe no bolso, para que alguns possam repensar. Por outro lado, o Prefeito não deixou de falar sobre uma reunião no último domingo com quatro associações entre elas a AMFRO, onde uma carta foi enviada para o Governador Eduardo Leito, solicitando que ele pudesse rever a decisão de manter o comércio fechado até o dia 21. “Sabemos que o momento é crítico, mas também, há de ter a necessidade de se avaliar que precisamos cuidar da saúde da população e também da saúde financeira das empresas, pois não pelo fato de uma loja de calçado e roupa estar abertos que a população tenha que estar na rua. E, mesmo fechadas, eles estão. Desta forma, estamos aguardando a resposta para esta sexta-feira”- descreveu.

Já o Secretário de Segurança e Mobilidade  Urbana, Rui Medeiros, chocou com alguns dados referente às blitzes, as fiscalizações que são realizadas desde o início da pandemia. Porém, nesta última semana com uma força tarefa muito mais intensa também para orientar o comerciante e as pessoas que estão sem máscara. Entre os exemplos, o Secretário ressaltou que foi agredido verbalmente, assim como muitos fiscais são por solicitar que uma pessoa fizesse uso da máscara. Ele pontua que nos últimos dois meses, foram aplicadas 63 autuações. Todas por falta de conscientização dos autuados em acatar o que estabelece o protocolo ou os decretos em vigor. Ele evidenciou que há colegas hospitalizados e que são inúmeras as denúncias de festas clandestinas e agradeceu o apoio de todos os órgãos de segurança, Brigada Militar, Polícia Civil, do Judiciário e Ministério Público por todo apoio. O Secretário também destacou que em meio a tantas perdas e, em um momento de muita insegurança para muitos pacientes que estão lutando pela vida, ainda assim, eles se depararam com uma festa onde havia no mínimo 150 pessoas.

Neste momento, com essa declaração, a médica Marirele Campagnollo, que está na linha de frente desde o início, não conseguiu ficar indiferente e falou sobre o quanto grave é a situação atual, mesmo com todos os veículos de comunicação alertando a população,  é impossível não perceber que, independente da situação financeira, do plano de saúde, todos estão no mesmo barco. Se não há leito para um, não terá para outro, mesmo que busque isso de forma particular.”Eu fico muito triste em ouvir isso. Que alguém tenha condições de realizar uma festa com esse número de pessoas, diante do cenário atual, com tantas perdas. Estamos com dificuldade de medicamentos para àqueles pacientes entubados, pois o Estado precisa enviar, não se tem onde comprar. Passamos de um custo de 10 mil reais em oxigênio para 60 mil reais. Uma carga durava 15 dias, hoje no máximo cinco. E ainda temos que dar graças a Deus em ter oxigênio pois muitos hospitais estão enfrentando a falta, pacientes estão ficando sem atendimento, como se vê em Porto Alegre. Pois não é questão de ter leitos, respiradores e mais espaço. precisamos de profissionais capacitados, pois estamos com pacientes graves, eles estão chegando com um quadro mais grave que necessitam de uma atenção constante em que há uma equipe diuturnamente fazendo plantões para dar conta da demanda e ninguém ficar desassistido. Ouvindo esse relato, não há como não imaginar, o que podemos esperar? O que nos resta? Se a população não se conscientizar? – explanou.

E, dando sequência, o Prefeito questionou a Secretaria de Saúde Haracelli Fontoura, sobre o gripário, vacinação e algumas outras dúvidas que chegavam durante a live. A Secretária agradeceu a toda equipe, falou o quanto eles vêm recebendo cartas de agradecimento e disse que, no final, vai fazer um mural. Desta forma, também, demonstrou sua preocupação dentro do quadro que todos já conhecem. Ressaltou que, desde o início do gripário no IEEOA, já foram atendidas 1356 pessoas, isto desde o último sábado. Nos primeiros dias, os pacientes estavam chegando com um quadro mais avançado e grave, seis necessitaram ir de ambulância para UPA em um único dia.  O que ela considera ser em razão de muitas pessoas, pelo receio, ficam em casa até o último momento e, somente depois buscam atendimento, o que é equivocado. Qualquer sintoma que possa ser Covid, deve ser investigado, cita.

 

Ela também acrescenta que a falta de profissionais foi um dos fatores que impediu um segundo gripário na Zona Leste como havia se pensado, reafirmando o que o prefeito já havia explicado. Também deixou claro que a medicação prescrita para cada paciente depende da avaliação médica e, todos saem com os medicamentos que têm na Farmácia Municipal(móvel), que está em frente ao gripário. ” Não tem como comparar um receituário com o outro, cada caso é um caso. E, se foi para casa e teve algum outro sintoma, deve retornar, explicou. Sobre as vacinas, comentou que as doses são realizadas conforme determinação da Secretaria Estadual de Saúde, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e pelo Ministério da Saúde. A partir da próxima semana serão 1.490 doses para idosos acima de 77 anos e 100 doses para profissionais da área da saúde. Também finalizou solicitando que a população use a máscara e faça a sua parte.

Somente na noite de ontem, conforme o boletim epidemiológico, foram contabilizados cinco novos óbitos e 77 casos positivos. Sendo assim, em 11 dias do mês de março, o Município chega a 23 mortes em decorrência da Covid-19. Atualmente são 6.205 casos confirmados, com 4.762 recuperados, 1.354 ativos (1.305 estão ativos em isolamento domiciliar e 49 hospitalizados positivos de Alegrete) e 89 óbitos.

Foram realizados 22.364 testes, sendo 15.886 negativos, 6.205 positivos e 273 aguardando resultado. Em observação com síndrome gripal são 1.503 pessoas.

Foto: Alex Lopes

Flaviane Antolini Favero