CVV, ONG de prevenção ao suicídio, recebeu mais de 1.800 ligações em quatro meses

Nesse momento, muitos estão vivendo o distanciamento social no Brasil e em diversos lugares no mundo. Por definição, o distanciamento social é quando a pessoa permanece em casa para reduzir o risco de transmissão do novo coronavírus. Isso difere do dito isolamento, que é a palavra usada quando a pessoa permanece separada porque testou positivo para alguma doença. Por fim, diz-se que a pessoa está em quarentena quando a pessoa esteve em contato com alguém que tem uma doença e está aguardando para ver se tem sintomas, nessa época isso ocorre em razão da Covid-19.

 

Neste clima de incerteza, as pessoas ficam mais tocadas e, dependendo da situação, não encontram saída para o sofrimento. Esta é a realidade enfrentada pelos voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV), que prestam apoio emocional aos sobreviventes do suicídio, ou seja, pessoas próximas de alguém que cometeu o suicídio e aquelas que tentaram o suicídio.

Em Alegrete o CVV, que tem como mantenedora a Naviale, iniciou às atividades em 01 de março de 2020, atendendo em sala cedida pela Prefeitura Municipal, junto à UPA. Posteriormente devido ao inicio da pandemia e preocupados em manter o atendimento e preservar os voluntários de possível exposição, mudou-se temporariamente para uma sala junto ao Corpo de Bombeiros de Alegrete que mostrou-se solidário à causa e tornou-se um grande parceiro e apoiador.

 

Conta hoje com 11 voluntários, que fazem plantões de atendimento de 4 horas semanais. Em 4 meses de atividade foram atendidas 1850 ligações.

Devido à grande demanda, já estão encaminhados para treinamento mais 11 candidatos a voluntários que passarão por curso especifico e tão logo concluam poderão reforçar essa equipe do bem. Com mais voluntários disponíveis poderemos atender em mais horários.

 

Os tipos de ligações recebidas neste período abrangem em sua maior parte assuntos relacionados a pandemia, o isolamento social, o abandono de idosos, a dificuldade de comunicação entre pessoas próximas (incluindo neste grupo de forma muito importante os adolescentes), todas traduzem a dor e angustia que cada pessoa vive em seu intimo e muitas vezes não têm com quem conversar. 

“A maneira como dimensionamos os problemas, conflitos, crises e anseios pode ser um passaporte para a dor e o sofrimento, no qual sua intensidade e dificuldade para redimensionar os problemas, somada a outros fatores de risco contribuem com o extremo da violência contra si ou contra os outros, onde a morte parece ser, por vezes, a única saída”- disse uma das voluntárias.

 

 “Prevenção ao suicídio” é uma expressão de força, de impacto, para a ação silenciosa dos voluntários, ação preventiva do suicídio então estará descrevendo um dos aspectos mais importantes do trabalho. Os voluntários atendem a todas as pessoas através da aceitação e compreensão, para que elas desenvolvam força e confiança em si mesmas e, dessa forma, adquiram resistência contra a doença do desespero.

Sobre o CVV

O CVV — Centro de Valorização da Vida, fundado em São Paulo, em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

A instituição é associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um termo de cooperação para a implantação de uma linha gratuita nacional de prevenção do suicídio.

A linha 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e, em setembro de 2017, iniciou sua expansão para todo o Brasil, que será concluída em 30/06/2018, com a integração de todos os estados.

Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24 horas e sem custo de ligação),  pessoalmente (nos mais de 120 postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org.br, por chat e  e-mail. Nestes canais, são realizados mais de 2 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 3.400 voluntários, localizados em 24 estados mais o Distrito Federal.

Além dos atendimentos, o CVV desenvolve, em todo o país, outras atividades relacionadas a apoio emocional, com ações abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e melhor convivência em grupo e consigo mesmo. A instituição também mantém o Hospital Francisca Julia que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos-SP.