Defesa de jovem que contou à polícia ter mandado matar o pai em Segredo tentará provar transtorno psiquiátrico

Jorge Luiz Pohlmann, advogado do casal suspeito do crime, disse que Kalinca Lopes, de 23 anos, “demonstrou alguns sinais característicos de que não está bem” durante depoimento à polícia. Ela e o namorado estão presos. Um terceiro suspeito está foragido.

A defesa da jovem Kalinca Lopes, de 23 anos, que contou à polícia ter mandado matar o pai na cidade de Segredo, no Vale do Taquari, vai tentar provar que ela sofre de transtornos psiquiátricos. Ela e o namorado João Ricardo Prestes estão presos desde sexta-feira (29). O homem que foi apontado pela polícia como o autor dos disparos está foragido.

O casal é suspeito da morte de José Darício Lopes, pai de Kalinca, e Mazonde Rodrigues, um funcionário da propriedade da família onde eles foram executados numa suposta tentativa de assalto.

Para o advogado Jorge Luiz Pohlmann, que faz a defesa do casal, Kalinca demonstra ter transtornos psiquiátricos. “A tendência natural de defesa, é que venhamos a buscar nos departamentos próprios, médicos, se ela é ou não uma pessoa com um distúrbio mental”, diz.

Kalinca disse à polícia, após ser presa, que planejou por dois meses o assassinato do pai por ser a única beneficiária de um seguro de vida no valor de R$ 500 mil.

“Durante todo o depoimento prestado, ela demonstrou alguns sinais característicos de que não está bem. O próprio seguro, que ela afirma ser a única beneficiária, o que não é comum. Não veio nos autos qualquer apólice que possa demonstrar se havia essa quantia [de R$ 500 mil]. A mãe também não tem conhecimento disso. Ninguém sabe da existência desse seguro”, destaca.

Segundo Pohlmann, a família é de origem humilde. “É preciso manter um pagamento mensal em uma quantia razoável para ter um seguro de vida neste valor”, acredita.

“Creio que o seguro possa ter surgido no imaginário dela. A essência do crime é o motivo, e o alegado por ela é que ela matou por isso”.

Ainda de acordo com o advogado, Kalinca confessou o crime em depoimento, mas disse que o namorado não estava ciente dos planos de matar José Darício Lopes, pai da suspeita.

“O que os dois relataram em depoimento é que João [namorado] foi com ela para Charqueadas acreditando que buscariam um peão para ajudar na propriedade do pai, quando na verdade era o terceiro suspeito que efetivamente matou Darício”, conta.

O homem, que está foragido, teria ido com Kalinca e João até a propriedade de Darício, em Rincão Nossa Senhora Aparecida. “Ele teria esperado no carro enquanto os dois entravam na casa. Depois saiu, anunciou o assalto, amarrou Darício e o funcionário que estava na residência e executou os dois”, conta o advogado.

Segundo a delegada responsável pelo caso, Graciela Foresti Chagas, a promessa da jovem era pagar o terceiro suspeito após receber o dinheiro do seguro.

“Ela seria beneficiária do seguro de vida, e com esse valor inclusive ela pagaria, após o recebimento, esse indivíduo contratado para matar o pai dela”, diz.

Crime aconteceu na propriedade da família em Rincão Nossa Senhora Aparecida, em Segredo — Foto: Reprodução / RBS TV

Crime aconteceu na propriedade da família em Rincão Nossa Senhora Aparecida, em Segredo — Foto: Reprodução / RBS TV

‘Eles brigavam muito’

Em entrevista à RBS TV, a mãe da suspeita, a agricultora Hulda Lopes de Souza disse que a relação familiar era marcada por violência e que pai e filha tinham brigas com frequência.

“Eles brigavam bastante. Brigavam direto na verdade, desde que ela era pequena que ela nos via discutindo”, revela.

Segundo Hulda, o homem não aceitava o término do casamento. “Eu convidava várias vezes ele para separar, mas ele não aceitava. Ela via ele brigando comigo e comprava a parada”, conta.

A mãe acredita que a filha não cometeu o crime por dinheiro.

“Eu acredito que ela fez por ele sempre me ameaçar”.

O casal estava separado há apenas dois meses, mesmo tempo de relacionamento de Kalinca e João, segundo a família.

O crime

O crime aconteceu na última quarta-feira (27). Segundo a Polícia Civil, José Darício Lopes, e Mazonde Rodrigues, um funcionário da propriedade da família foram executados em uma suposta tentativa de assalto.

Kalinca, o namorado João e um terceiro homem foram até a casa da família, em Segredo e teriam realizado a execução. Em um primeiro momento, a jovem negou a participação para a polícia. Ela inclusive fez uma postagem nas redes sociais em homenagem ao pai, um dia após a morte.

Depois do avanço das investigações, Kalinca confessou à polícia que planejou a morte do pai. Darício e Mazonde foram mortos com disparos de arma de fogo na cabeça, após terem sido amarrados. Segundo a polícia, o alvo era o pai, mas a outra vítima foi executada por ser uma testemunha do crime.

A jovem e o namorado estão presos no Presídio de Sobradinho. O terceiro suspeito segue foragido.

Fonte: G1