Desempregada, ela se reinventou na pandemia e virou motogirl bem sucedida

A oportunidade que mudou a vida da alegretense Jéssica Menezes de Souza, hoje, com 27 anos. Mãe de um menino de sete anos, ela precisou se reinventar para sustentar a casa. Em entrevista ao PAT, a motogirl falou sobre o trabalho que está exercendo depois de ficar desempregada e, inicialmente ter um certo preconceito, com ela mesma, ao pensar que não poderia realizar qualquer atividade com a moto.

 

Jéssica salienta que quando fala em preconceito, não é em relação às pessoas que atuam no ramo de motogirl ou motoboy e, sim, por imaginar que, somente através da moto, não teria condições de “manter” a casa, sustentar o filho entre outras responsabilidades. Porém, o testemunho dela foi exatamente para mostrar o quanto estava enganada e que ter esse pré julgamento de algumas atividades pode ser apenas um empecilho para que a pessoa deixe de “voar” mais alto e se tornar de fato independente financeiramente. Isso vale para muitas decisões na vida, descreve.

 

A alegretense aceitou o convite da empresária Arlete Verdum França, proprietária do Delivery Mamma Mia. Em setembro do ano passado, depois de ir ao local e colocar-se à disposição pois estava trabalhando de bicos há dois anos. No primeiro momento, o trabalho seria para realizar trabalho de divulgação da empresa, com caixa de som na moto, mas depois o convite foi para realizar entregas e, a partir dali, ela iniciou o trabalho como motogirl e percebeu que foi a sua melhor escolha. Jessica ressalta que o salário, atual, ela não iria conseguir receber em todas as empresas que deixou o currículo, pois além de ter a independência também consegue fazer o próprio horário. “Trabalho pra mim e por corrida, desta forma, quanto mais entregas faço, melhor”- comentou.

Jéssica cita que trabalhou por seis anos em uma rede de supermercado, onde conheceu o esposo, à época ele era o gerente e por esse motivo já se conheciam. O que também facilitou para a confiança em seu trabalho. Um dos fatores que a deixou com receio, foi que, logo no início, sofreu um acidente e precisou ficar em casa mais de um mês, mas quando retornou o trabalho não parou.

 

Em relação à beleza, o fato de ser mulher e de passar por preconceitos ou assédios durante as entregas, a alegretense comenta que sempre foi muito tranquila e sempre teve o respeito dos clientes. Hoje, ela aponta que a pandemia foi uma aliada pela descoberta que teve ao livrar-se de alguns tabus que ela mesma estava se impondo. “Vejo que o mais importante é mostrar que o trabalho é digno e que estamos dispostas a fazer com a mesma dedicação e responsabilidade que qualquer outro motoboy poderia fazer. Os desafios desta profissão nos auxiliam, pois mostramos a nossa garra e persistência” – comentou.

Essa última observação foi em razão de que há pouco tempo esse “universo” de tele-entregas era 100% masculino. Mas as mulheres também estão conquistando outros espaços. Com a bolsa de entrega, Jéssica desbrava todos os cantos de Alegrete.

Flaviane Antolini Favero