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Efeito Copa aumenta preços para os turistas
Crédito: Samuel Maciel |
Copa do Mundo chegou ao Brasil e trouxe consigo um incremento nos preços. Os maiores atingidos pelo “efeito Copa” devem ser os turistas que visitam o país durante o evento. O Correio do Povo realizou dois levantamentos de preços para fins de comparação. O primeiro foi feito nos dias 8 e 9 de maio; o segundo, um mês depois, em 8 e 9 de junho. Dos 47 itens ou serviços pesquisados em estabelecimentos de Porto Alegre e no município de Gramado, nove sofreram elevação de preço, enquanto que em seis observou-se decréscimo. A boa notícia é que a maior parte da lista, 30 itens, até o momento, manteve-se sem alterações.
O que mais chamou a atenção foi o valor de uma lata de refrigerante guaraná, comercializada em um supermercado no Centro da Capital. O acréscimo foi de 131,8%. Em maio, a mesma latinha custava R$ 1,29. Em junho, pulou para R$ 2,99. Também ficou mais caro, como já era de se esperar em uma das 12 cidades-sede da Copa, hospedar-se em Porto Alegre. Em maio, um pernoite em um quarto “luxo” em um hotel no Centro custava R$ 302. Em junho, a tabela do mesmo local deflagrava o aumento: R$ 687. A variação foi de 127,5%.
A hospedagem em quarto “duplo luxo”, em maio, saía por R$ 347, enquanto que, em junho, o valor pulou para R$ 742,00. O serviço sofreu incremento de 113,8% no preço. Foram ainda pesquisados, em maio, outros dois tipos de quarto nesse mesmo hotel. O “luxo superior” e o “duplo luxo superior” registravam, à época, os valores de R$ 332,00 e R$ 377,00. Em junho, a recepção do hotel informou que as reservas estavam esgotadas, ou seja, o acréscimo no preço não ocorreu devido à lotação antecipada.
Dos seis itens ou serviços que ficaram mais baratos de maio para junho, cinco foram pesquisados em Gramado. O município esperava elevar o fluxo turístico na véspera da Copa, o que acabou não se confirmando. Os preços de alimentação em restaurantes e a hospedagem em hotéis sofreram retração. O fondue em um restaurante no centro de Gramado custava R$ 54 por pessoa em maio. Em junho, o preço caiu 25,9%. Além de a nova tabela figurar com o valor de R$ 40, o estabelecimento criou uma promoção: nas sextas e aos finais de semana, o preço cai mais ainda: R$ 35.
Pessimismo não se confirma
Um clima de pessimismo abate-se sobre uma parte dos brasileiros, que está receosa quanto às consequências econômicas de uma Copa do Mundo em território nacional. O Dieese aponta que esse cenário pessimista não
encontra guarida nas informações econômicas objetivas do país. Entre os dados que comprovariam a continuidade do crescimento da economia nos meses que sucedem a Copa está o resultado do PIB de 2013. Apesar do crescimento tímido, de 2,3%, o resultado ficou acima das expectativas da maioria dos analistas. No G-20, o Brasil foi o 9º em crescimento, superando Estados Unidos (1,9%), Zona do Euro (-0,4%), Japão (1,6%), Alemanha (0,4%), Rússia (1,3%), e México (1,1%).
No acumulado de 12 meses, o comércio brasileiro teve crescimento de 4,5% no volume de vendas e de 11,6% na receita nominal. Para 2014, entidades do setor estimam alta de 5% e 6% nas vendas. As estimativas levam em conta a expectativa de um efeito positivo da Copa por uma menor inflação, além das baixas taxas de desemprego.
Dieese examina fatores que impulsionaram alta
Após a coleta de preços efetuada em maio e junho, o Correio do Povo levou os dados para análise do Dieese. Segundo a economista Daniela Sandi, os itens ou serviços que encareceram acabam atingindo mais os turistas do que os residentes. “É um momento de alta restrito a serviços mais turísticos, pois há grande expectativa de que a maioria dos brasileiros assista aos jogos em casa.”
A tendência, segundo ela, são os preços caírem ao final do Mundial. “O ‘efeito Copa’ não vai trazer um impacto maior na inflação”, aponta. Daniela lembra que o preço de bens alimentícios subiu no início do ano, por fatores climáticos e de safra, no entanto, ela frisa que o valor dos alimentos vem sofrendo desaceleração. “A inflação é a média da variação dos preços. Nem todos consomem o mesmo e da mesma forma. A inflação impacta a vida das pessoas de forma diferente.”
A economista destaca que os preços são determinados por um conjunto de fatores, como oferta, demanda, concorrência e sazonalidade. Ela cita como exemplo a passagem do “efeito Copa” no Rio de Janeiro. “Comerciantes e ambulantes cresceram o olho, mas o consumo não se confirmou com aqueles preços. Houve então uma acomodação assim que a demanda se retraiu pela alta abusiva.” O Rio chegou a virar notícia por causa dos preços, classificados como “surreais”. Daniela comparou o ocorrido no Rio à tendência observada em Gramado, famoso destino turístico no Sul. “Os hoteis criaram muita expectativa e acabaram subindo os preços, mas voltaram a baixar porque as reservas estavam caindo.”
Fonte: Correio do Povo
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