Abuso Sexual na Infância e Adolescência
No último dia 02 de agosto, no Centro de Convivência de Alegrete, a ONG Amoras foi convidada a abordar essa relevante e difícil temática, pesada, mas necessária, sobre a triste realidade que assombra precocemente muitas vidas. Fomos ouvidos com respeito e atenção, o que merece destaque.
Vândalos levam o que podem do prédio onde foi a RGE em Alegrete
Uma pessoa que passa pela terrível experiência de ter seu corpo violado experimenta uma sensação indescritível de repulsa e nojo em relação ao agressor. Quando esse fato ocorre na infância, a confusão de sentimentos causa danos incalculáveis, sendo comum que uma parte da vida dessa pessoa nunca mais seja plenamente recuperada. Sempre haverá uma ferida mal cicatrizada ou, na melhor das hipóteses, uma cicatriz emocional.
Segundo dados, no Brasil, 320 crianças sofrem abuso sexual a cada 24 horas, e apenas 1 em cada 100 casos é denunciado. Dessas ocorrências, 70% acontecem em ambiente doméstico, perpetradas por familiares da vítima, como pais, avós, tios e padrastos. Quando a violência vem de quem deveria cuidar e proteger, torna-se ainda mais perversa.
Diante dessa realidade, é fundamental promover a educação sexual nas escolas e lares, para que as crianças aprendam a se defender desde cedo, identificando quais partes de seus corpos são íntimas e não devem ser tocadas por estranhos, a menos que seja por motivos de cuidado ou higiene. É crucial que os cuidadores estabeleçam um vínculo honesto e aberto com as crianças, para que elas aprendam não apenas a identificar e evitar possíveis abusadores, mas também a contar aos cuidadores sobre situações suspeitas. Durante o evento, discutiu-se como acolher possíveis relatos de abuso com afeto e sem julgamento, para não culpabilizar a criança e evitar intensificar os danos desse trauma.
Plantio de árvore com cinzas de João Barulho homenageia o tradicionalista recentemente falecido
No caso das adolescentes, é importante destacar o descrédito que muitas vezes recai sobre a vítima, que é julgada como “provocante” por suas atitudes e roupas. Enfatizamos a necessidade urgente de a sociedade mudar essa visão: nunca foi a roupa ou o comportamento que motivaram estupros ou casos de assédio e abuso sexual. O abusador escolhe sua vítima com base em critérios de seu próprio desejo, que são alheios a esses padrões. Portanto, atribuir a responsabilidade à vítima é basicamente ser conivente com o abusador. Essa conivência é uma das razões pelas quais essas situações persistem há tanto tempo.
Infelizmente, esses casos são recorrentes. Com certeza, alguém da sua família sofre ou já sofreu com isso, mas não teve coragem de falar devido ao contexto que favorece o silêncio e a continuidade dessas situações. A quem isso interessa, não é mesmo?
Esteja atento a alguns sinais e sintomas que podem indicar que algo desse tipo esteja ocorrendo com alguém próximo: mudança repentina de comportamento, alteração súbita na aparência, a criança evita se aproximar de um adulto específico com quem antes tinha intimidade, se esconde em lugares estranhos, isola-se, passa a ficar mais sozinha, exibe comportamento sexualizado, desenha temas preocupantes, demonstra tristeza, depressão ou chora sem motivo aparente.
Cerimônia de despedida a motorista de aplicativo comove colegas, amigos e familiares
A ONG Amoras se coloca à disposição da sociedade alegretense para trabalhar esse assunto em locais onde for requisitada, inclusive para crianças a partir de 3 anos de idade. Basta enviar solicitação para o e-mail [email protected].
Evelise Leonardi