Empresário de aviação crítica a inércia na prevenção aos incêndios em campo

A tão esperada chuva chegou na tarde de ontem (3). Muito "mansa ", porém, festejada por todos. Em alguns pontos, no interior que se recente ainda mais com a seca, o registro foi entre 20 e 40mm.

Incêndio, no interior, mobiliza Bombeiros, moradores e aeronaves agrícolas
Incêndio, no interior, mobiliza Bombeiros, moradores e aeronaves agrícolas

Já na noite de quinta-feira, o empresário e proprietário da empresa Itagro Aviação Agrícola, Marco Antônio Camargo, um grandes colaboradores no combate aos incêndios nos campos, enviou ao PAT o seguinte texto, acompanhe:

Graças a Deus Choveu!

Choveu pouco, mas choveu.


Para encerrar o ciclo de queimadas já é suficiente essa chuvinha mansa que caiu hoje. Para a agricultura e pecuária ainda é muito pouco.

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Durou um mês o ciclo das queimadas, mas agora será interrompido pela própria natureza.
Refletindo sobre os últimos dias e analisando as falas de agentes públicos vejo que a inércia é muito grande nesse meio, quando se trata de ações para enfrentar esses problemas.

Já publiquei aqui que, há alguns anos sugeri para um integrante do legislativo, à epoca, que encaminhasse projeto onde houvesse contingenciamento de recursos para podermos enfrentar essas queimadas e incêndios nos campos e também nas imediações da cidade. Também solicitei, recentemente, agora em âmbito de executivo, apoio com máquinas para que pudéssemos fazer e melhorar pistas no interior. Resposta: “não podemos fazer nada em propriedades particulares”. O Produtor não tem máquinas apropriadas para executar essa obras, porém é dessas propriedades particulares que saem o ITR, saem riquezas que geram os impostos para os Municípios, Estados e União. O Produtor precisa da Aviação Agrícola e está precisa do PRODUTOR. É do serviço das empresas que sai o ISSQN. Pelo que sei o PIB agrícola do Alegrete é o 2º maior do Estado, em vias de se tornar o 1º. É matemática a resposta!

Será que não se pode fazer nada mesmo?

Minha personalidade de ariano não me permite ficar quieto. Minha revolta é ouvir conversa mansa e para holofotes. Venho pleiteando a muito tempo ações para que as coisas sejam feitas e nada foi feito até o momento pelo poder público. A iniciativa sempre foi de produtores, voluntários e empresas que se empenharam para ajudar nessa situações críticas. Noticiaram nas mídias que o “Poder público” chamou os aviões” da minha empresa, não foi! Sempre foi o produtor quem nos acionou!

O texto abaixo foi escrito no início das queimadas, em janeiro irá ser publicado na revista AgAir Up Date agora em fevereiro, revista que tem aviação agrícola como foco, onde na coluna “De operador para operador” eu escrevo algo relacionado a esse tema, aviação agrícola.

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Nós, brasileiros, não temos muito o hábito da leitura, talvez aqui nessa mídia muitos não irão ler por ser um pouquinho extenso, mas mesmo assim compartilho aqui para quem queria fazê-lo. Sendo uma revista que circula quase que exclusivamente no meio aeronáutico poucos terão acesso.

“FOGO NO RS um problema recorrente


No exato momento em que iniciamos esse texto, somos contatados para atuar novamente no combate a incêndio nos campos da fronteira-oeste do Rio Grande do Sul e as equipes já estão se movendo para o “teatro de operações”. Já estamos envolvidos há dois dias nessa atividade. Diferentemente do combate que ocorre no centro e norte do país nos meses de inverno, o fogo tem acontecido nessa época de verão aqui no sul do Brasil.

Na última edição da AgAir escrevemos sobre os diferentes matizes que cobrem nossos campos na primavera. Hoje, a exceção das lavouras irrigadas de arroz, a cor predominante é aquela de vegetação seca, queimada e fustigada por uma onda de calor intenso que pode trazer máximas próximas aos 50°C nos próximos dias. Temos notícias que dia 11/1 a Argentina, nossa vizinha, enfrentou seu quarto dia mais quente em 115 anos, desde que o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) daquele país passou a registrar esse dado. Os noticiários repercutem a seca no sul e o excesso de chuva no centro oeste e norte, eventos climáticos extremos. A onda de calor tem mantido a temperatura acima dos 40°C nos estados do sul do Brasil. Segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul, 159 municípios já estão em situação de emergência devido a estiagem que iniciou em novembro e estima perdas financeiras nas lavouras de soja e milho na ordem de 19,8 bilhões aqui no estado até então.


Segundo o serviço meteorológico, não teremos alento até 16/1 (domingo) quando as chuvas devem

voltar a irrigar nossos campos e iniciar a recuperação dos mananciais hídricos que abastecem lavouras e cidades.


DIFICULDADES NO COMBATE


Esse problema não ocorre pontualmente todo o ano, mas tem se repetido periodicamente. Quando isso acontece nossas aeronaves agrícolas são acionados, principalmente por produtores para que possamos ajudar a conter esses incêndios e para que os prejuízos sejam minimizados nos campos, lavouras, casas e instalações rurais. Já aconteceram incêndios nas cercanias da cidade também, levando perigo aos moradores desses locais.


Alguns problemas temos enfrentado, pistas inadequadas para operação de aeronaves de maior porte e estamos sendo acionados tardiamente, quando o fogo já tomou proporções maiores dificultando sobremaneira o seu controle.


NO INÍCIO SEMPRE É MAIS FÁCIL


No intuito de buscar resolver esse problema, há alguns anos, sugeri a um representante do legislativo municipal que encaminhasse um projeto para que o Executivo pudesse contingenciar recursos para enfrentarmos os problemas com fogo na cidade e nos campos como temos vistos nos últimos dias. O fogo não espera reuniões para ver de onde sairão os recursos que precisamos para combatê-lo. Isso deveria ser feito em todos os municípios que tenham aviação agrícola em seu território e imediações. Até hoje nada foi feito, mas agora, no calor dos acontecimentos, alguns políticos têm feito contato conosco chamando as aeronaves de forma emergencial mas sem uma previsibilidade de onde sairão os recursos para podermos enfrentar o problema. Rogo que após as primeiras chuvas o problema não seja esquecido. Não será melhor já pensarmos em prevenção para o futuro do que depois termos que reconstruir o que o fogo destruiu? Certamente o caminho mais barato será sempre a prevenção.


O fogo em seu início é muito fácil controlá-lo, todos sabemos, porém as pessoas demoram em decidir acionar as aeronaves, pensam primeiramente e até unicamente nos bombeiros, e é obvio que uma ação conjugada entre equipes de terra e aeronaves os resultados seriam outros.


De nossa parte não podemos decolar sem que alguém nos autorize, por isso as ações precisam ser definidas de antemão para de pronto serem executadas. A aviação sabe que o caminho da prevenção sempre é o melhor e mais seguro, por isso a manutenção das nossas aeronaves sempre é feita preventivamente.


As aeronaves, principalmente as de maior porte em virtude de sua maior capacidade e velocidade, tem muita facilidade de chegar nos focos de fogo e mudar sua decisão de onde atacar, caso o vento mude, por exemplo. Dificuldades de acesso, como acidentes geográficos, cercas, rios e até construções, não nos impedem de chegarmos aonde o fogo está acontecendo muito rapidamente, em situações críticas como nas proximidades das sedes de fazendas.

Diferentemente dos bombeiros e equipes de terra formadas pelos produtores, que enfrentam muitas dificuldades para chegar nos focos de incêndio.


Em termos de estrutura precisamos apenas de água, pistas seguras e adequadas à operação das aeronaves de maior porte, grande é a nossa deficiência nesses quesitos. A oeste da cidade temos nosso aeroporto municipal, pista esta que oferece toda segurança, porém não dispomos de ponto de captação de água para carregar as aeronaves rapidamente (1 minuto), até chegar caminhão pipa tempo precioso se perdeu, essa dificuldade se repete por todo município.


Precisamos criar um canal entre aviação e bombeiros pois as aeronaves podem suprir as dificuldades intrínsecas de locomoção das equipes de terra, orientando-as onde a situação está mais crítica e precisa mais atenção.


Ainda como sugestão, que se crie, num esforço conjunto entre o poder executivo e as entidades que representam o setor agropecuário, um fundo para prover os recursos necessários para combate ao fogo, a exemplo do “Paga Pedra” da Associação dos Arrozeiros do Alegrete e o “Fundo Granizo” do Sindicato Rural de Uruguaiana onde ambos geram recursos para o enfrentamento do evento climático adverso denominado granizo, com ótimos resultados como se tem notícias.


Criemos o “APAGA FOGO”.


Para finalizar, sugiro aos políticos, gestores públicos, entidades civis, que trabalhem na prevenção e façam ações para que ao acionar aeronaves tenhamos recursos e estrutura para rapidamente podermos agir.

Estamos sempre prontos, como sempre estivemos no fomento e proteção à agricultura e pecuária, base da economia do nosso município e do nosso Brasil.”

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”
Albert Einsten

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