E o quadro caótico se confirmou. No final da tarde de ontem(25), Governador Eduardo Leite anunciou o cancelamento da Cogestão e bandeira preta para todo Estado do RS. A medida severa acontece no período mais crítico da pandemia neste ano de 2021. Alegrete contabiliza, 63 óbitos em decorrência do vírus.
Com o cenário, já anunciando um possível colapso em toda rede de saúde do Município, a reportagem do PAT realizou no início da tarde uma live com o Prefeito Márcio Amaral. A entrevista foi conduzida pelo diretor do Site, Jucelino Medeiros Marques.
Dentre vários temas abordados no contexto da entrevista, o Prefeito respondeu questionamentos sobre o auxílio do Exército, a medida de desafogar o gripário e o hospital de Campanha com mais duas unidades de atendimentos à população. Além de ressaltar a importância do voluntariado neste momento.
Com uma breve explanação sobre o quadro atual da pandemia, Jucelino Medeiros, de início expôs que não havia terrorismo nos números e projeções anunciados há cerca de uma semana pelo PAT, através do estatístico e advogado, Marco Rego. O alegretense que tornou-se referência em gráficos e dados relacionados ao contágio e demais índices do novo coronavírus, havia feito o alerta sobre essa ascendência nos casos. Sendo que, o ponto mais crítico ainda está por vir, no início do mês de março.
O Prefeito fez várias ponderações em relação ao não fechamento do comércio e medidas como Lockdown. Márcio ressaltou que já ficou comprovado que não é o comércio que adota todas as medidas sanitárias, como uso de máscara e higienização com álcool em gel o grande problema é, sim as aglomerações, festas clandestinas e outras irregularidades, além de viagens, que não há como cercear o direito de ir e vir da população, mas que, nesta época colaborou para que casos importados como eles chamam, por serem de outros municípios e cidades também fossem um dos motivos do aumento de casos. Desde que a pandemia começou, citando o primeiro Decreto em 16 de março do ano passado, o dia 24 de fevereiro, foi o ápice dos casos positivos com 116, sendo o segundo no dia 18 de janeiro com 104 casos positivos.
Durante a entrevista, a situação da UTI Covid ficou muito evidenciada pelo entrevistador e também pelo gestor Municipal. O que mais preocupa é a falta de leitos, tanto na UTI Covid, quanto no Hospital de Campanha. Além da Região que também não tem leitos disponíveis para transferências e, desta forma, pacientes que deveriam estar na UTI, hoje, permanecem no Hospital de Campanha com uso de ventilação mecânica. ” Uma reunião com o Comitê de combate à Covid-19, foi realizada na última quarta-feira e as médicas que atuam desde o início na linha de frente, destacam mais uma vez, a exaustão da equipe e o pior momento da pandemia no Município. Não é questão apenas de ter leitos disponíveis, mas de não ter profissionais que possam atuar nesta linha” – falou Prefeito.
Sobre a participação do Exército, Márcio ressaltou que desde o início os militares estiveram presentes com a barraca em frente à Santa Casa e, desde ontem, com mais duas barracas em locais distintos, onde uma equipe da Saúde no campo vai atuar, sendo no pátio da UPA e outra equipe que faz parte da ESF da Saint Pastous que passa por reforma, vai atender no pátio do Centro Social Urbano. Duas barracas colocadas pela Guarnição do Exército em Alegrete, para que desta forma, as pessoas possam ser atendidas de forma mais precoce e, assim, haja uma tentativa de desafogar o gripário e o hospital de campanha. Há dias que a Dra Simone Estivalet, médica pneumologista, e chefe da linha da linha de frente UTI Covid, vem destacando que os pacientes estão chegando com quadros mais graves e necessitando cada vez mais de intubação.
Voluntários
Para esta nova linha de frente, o gestor Municipal citou que o apoio de voluntários é bem vindo, com isso, também inclui todos os profissionais da saúde, como os veterinários que foram criticados diante da vacinação que ocorreu no início do mês. “Todos esses profissionais vão passar por um treinamento, mas estarão aptos a receber e realizarem esse primeiro atendimento aos pacientes que buscarem esses locais para consultas diante de suspeitas. As unidades de atendimento funcionarão em três turnos. Hoje, sabe-se que o fato de ser precoce e ter um respaldo de imediato, evita-se um quadro mais grave”- completou.
Pesquisa
Com cerca de 1/4 da população já testada no Município, Jucelino Medeiros falou sobre uma pesquisa da OMS, que aponta os locais de maior contágio. No ranking, o vencedor são os hospitais e depois vem o transporte público seguido de bancos, lotéricas e outros. Neste ponto, Márcio falou que a Prefeitura precisou enviar uma documento ao Ministério Público em relação a adequação dos horários relacionados aos idosos. Com a gratuidade, muitos ficam usando o transporte público sem uma necessidade urgente e isso os expõe ao risco de contágio, além de trazer uma lotação acima do permitido e prejudicar o trabalhador que necessita do transporte em horários de pico.
Bandeira Preta e restrições
Naquele período da tarde, por volta das 13h40min, o Prefeito já ponderava o receio de medidas mais drásticas que poderiam ser adotadas pelo Governo do Estado. Algo que acabou se confirmando no início da noite com a divulgação da bandeira preta para todo RS, sem a Cogestão.
No final da live, mais uma vez, o pedido para que a população colabore com as medidas sanitarias e, principalmente, com o distanciamento social.