Esposa de réu e sobrevivente do incêndio é ouvida no sexto dia de júri da Kiss

Pessoas que serão ouvidas nesta segunda são arroladas ao processo pelo advogado de Elissandro Spohr, conhecido como Kiko.

Nathália Daronch
Nathália Daronch

Esposa de um dos réus, Nathália Daronch é a terceira depoente do júri da boate Kiss nesta segunda-feira (6). O julgamento ocorre no Foro Central I, em Porto Alegre. Ela estava na casa noturna no dia do incêndio.

Nathália estava grávida de quatro meses na época dos fatos. A criança tem hoje 8 anos. Ela relatou que, ao perceber a confusão, acreditava que se tratasse de uma briga.

“Nisso eu fiquei sentada e não tinha a menor ideia de que era um incêndio, achei que era uma briga. Eu estava entre duas portas e as pessoas começaram a sair muito entre os dois lados. Me senti meio mal, fiquei preocupada com a gravidez. Até então não tinha a menor ideia que era fogo. Levantei e saí junto com as pessoas que estavam saindo”.

Ela diz que Kiko estava do lado de fora da boate e quando foi entrar novamente um segurança teria dito que algo estava acontecendo. “Um segurança disse pra ele: Kiko aconteceu alguma coisa séria, e nisso já começou uma confusão muito grande e me lembro que ele abriu os braços e disse: saiam saiam”.

Nathália conta que estava próxima as portas da boate quando a confusão começou. “Eu sentei no hall da boate, entre as duas portas em uma parede, peguei um banco e sentei. Fiquei ali e eu estava ali quando começou o incêndio, então eu não vi o inicio”.

Ela disse ainda que nunca viu nenhuma banda usar artefato pirotécnico na Kiss. “O Kiko era a administração da Kiss. Não recordo do Mauro tomar alguma decisão”.

“Foi utilizada uma espuma que foi indicada. Depois do acontecido o Kiko ficou muito chateado, porque foi dito que ele tirou as espumas da cabeça dele, e eu me recordo muito bem que não foi, que foi uma indicação, que ele estava amparado por um engenheiro”.

Três depoimentos por dia

O juiz Orlando Faccini Neto determinou que, a partir de agora, três pessoas serão ouvidas por dia. Durante conversas com jornalistas no intervalo da sessão de domingo (5), o magistrado disse ser difícil projetar alguma data para o encerramento das oitivas com testemunhas e sobreviventes.

Ainda no domingo, três pessoas prestaram depoimento. Segundo o Tribunal de Justiça, já foram ouvidas 16 pessoas (10 sobreviventes, quatro testemunhas e dois informantes). Ainda restam 13 pessoas: dois sobreviventes e 11 testemunhas.

O que disseram os sobreviventes

O que disseram as testemunhas

Quem são os réus?

  • Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, 38 anos, era um dos sócios da boate
  • Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, era outro sócio da Boate Kiss
  • Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, músico da banda Gurizada Fandangueira
  • Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, era produtor musical e auxiliar de palco da banda

Entenda o caso

Os quatro réus são julgados por 242 homicídios consumados e 636 tentativas (artigo 21 do Código Penal). Na denúncia, o Ministério Público havia incluído duas qualificadoras — por motivo torpe e com emprego de fogo —, que aumentariam a pena. Porém, a Justiça retirou essas qualificadoras e converteu para homicídios simples.

Para o MP-RS, Kiko e Mauro são responsáveis pelos crimes e assumiram o risco de matar por terem usado “em paredes e no teto da boate espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso, contratando o show descrito, que sabiam incluir exibições com fogos de artifício, mantendo a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação e segurança contra fatos dessa natureza, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório, além de prévia e genericamente ordenarem aos seguranças que impedissem a saída de pessoas do recinto sem pagamento das despesas de consumo na boate”.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Já Marcelo e Luciano foram apontados como responsáveis porque “adquiriram e acionaram fogos de artifício (…), que sabiam se destinar a uso em ambientes externos, e direcionaram este último, aceso, para o teto da boate, que distava poucos centímetros do artefato, dando início à queima do revestimento inflamável e saindo do local sem alertar o público sobre o fogo e a necessidade de evacuação, mesmo podendo fazê-lo, já que tinham acesso fácil ao sistema de som da boate”.

Fonte: G1

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