Estiagem castiga e reservatórios de água estão secando em Alegrete

A estiagem em Alegrete está fazendo com que açudes e barragens sequem em diversas regiões do município. Com o fim da colheita de arroz 2020 chegando ao final, muitos locais estão com o nível de água bem abaixo do normal nessa época.

Com a situação de calamidade pública decretada pelo prefeito Márcio Amaral, o município que também decretou situação de emergência devido a falta de chuvas, já projeta perdas na agricultura.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou na última segunda-feira (13), um boletim informativo relativo aos municípios afetados pela falta de chuva.

Já são 275 que decretaram Situação  de Emergência, o equivalente a 55% dos municipios do Estado. Deste total, 176 já tiveram o decreto homologado pelo governo do Estado. Ainda, de acordo com a Defesa Civil, outras 18 prefeituras fizeram registro no sistema integrado do órgão, podendo também publicar decretos nos próximos dias.

O decreto de Alegrete já foi reconhecido junto à União em relação ao Decreto de emergência. A reportagem entrevistou técnicos que ao longo desses quatro meses de estiagem trabalharam no campo.

A reportagem conversou com o técnico orizícola Douglas de Oliveira Adolpho, que destacou o momento da estiagem no final da safra 2020. O profissional confirma os dados apresentados pelo Irga, onde a cultura de arroz irrigado não sofreu grande variação com a estiagem, em virtude da época ideal da semeadura da cultura e a disponibilidade de água armazenadas em reservatórios.

“Fato este que ao final desta safra não se aplica mais, visto que a maioria das barragens, encontram-se com seus volumes muito abaixo do estimado para este período”, explica Oliveira.

Segundo Oliveira, apesar da redução de área em função das altas temperaturas registradas no município no início do plantio, pode haver uma interferência quanto à produtividade, já que 59% das áreas tiveram um estágio reprodutivo com temperaturas acima dos 34ºC.

“Devido às altas temperaturas, perdeu-se muita água por evaporação nos mananciais de água, e também por evapotranspiração das culturas, necessitando assim uma maior utilização de água e também o aumento do consumo energético para conduzir essa água até a lavoura, levando assim o esgotamento dessas fontes”, explicou.

E, foi exatamente isto que ocorreu com pequenos rios, arroios, açudes e barragens. O aumento dos gastos para o enchimento da lavoura colaborou para o atual cenário, aliado à severa falta de chuva no período.

A situação de estiagem deve afetar mais ainda a produtividade da cultura do arroz, já que muitos produtores não tiveram aporte suficiente de água para completar o ciclo da cultura.

Para a Presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, Fátima Marchezan, muitos reservatórios estão com níveis baixos e outros muito abaixo. “Tivemos produtores afetados pela estiagem, pois a água armazena na barragem não foi suficiente para irrigar a lavoura até o final do ciclo”, destacou.

A preocupação da classe orizícola foi na fase de enchimento dos grãos, onde a planta precisa de mais água. Segundo a presidente, as lavouras no município já estão praticamente colhidas. “Para aqueles que faltou água, a solução foi abandonar a lavoura. Tivemos casos consideráveis de prejuízo”, lamenta Fátima Marchezan.

Conforme Nourival Neto, engenheiro agrônomo, que presta serviço para os produtores vinculados à Caal, todos produtores conseguiram irrigar a lavoura mesmo com a capacidade dos reservatórios esgotados. A preocupação agora passa a ser o enchimento destes locais, já que os próximos meses não apontam volumes satisfatórios de chuvas.

Alguns técnicos consultados são unânimes em apontar que somente em outubro para os reservatórios retomarem a normalidade, embora longe dos 100%.

Júlio Cesar Santos                                             Fotos: Júlio Cesar Santos e Lourival Neto