Freitas Valle inova nas aulas online na pandemia

Desde o dia 19 de março as aulas presenciais estão suspensas na rede estadual. Com isso, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Freitas Valle, que tem como gestora a professora, Alessandra Valadares Vessozi, tem buscado novas estratégias, novos espaços e tempo de ensinar e aprender se configuraram com o objetivo de cumprir os apectos legais e as aprendizagens essenciais para 2020, contemplando as orientações elaboradas pela Secretaria de Educação para a implementação das Matrizes de Referência do Modelo Híbrido de Ensino.

As ações propostas pelos professores possibilitam, desde março, que os estudantes continuem aprendendo durante o isolamento social. Para isso, as atividades domiciliares estão organizadas no modelo híbrido de ensino, no qual são previstas três formas de acesso às atividades por parte dos estudantes: 1) Google Sala de Aula, que é umAmbiente Virtual de Aprendizagem, o qual os alunos acessam por meio dispositivo(s) eletrônico(s) e internet. 2) Material digitalizado para os estudantes com acesso adispositivo(s) eletrônico(s)sem acesso à internet, ou com acesso limitado à internet.

Nesse formato, os estudantes copiam (pendrive) e/ou baixam os arquivos disponibilizados pela escola. 3) Acesso mediado pela escola para estudantes sem acesso a dispositivos eletrônicos próprios e internet. Nesse formato, a escola possibilita aos estudantes o acesso ao Google Sala de Aula e/ou entrega as atividades impressas.

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A Escola Estadual Freitas Valle, como as demais do Estado, possui alunos com acesso à internet e alunos que recebem o material físico, sendo que, no decorrer dos meses, eles vão sendo identificados por meio da busca ativa que visa manter o vínculo deles com a escola, participando das aulas remotas síncronas e assíncronas  e realizando as atividades propostas. Nesse modelo híbrido, os professores trabalham com projetos que envolvem as tecnologias de informação e comunicação (TIC), promovendo uma educação atraente e com qualidade. Entre esses projetos, destacamos alguns desenvolvidos nas aulas de Língua Portuguesa:

– Café com Leitura, no início de agosto, com as turmas de 7º ano: os alunos são convidados a prepararem o seu café da manhã e se encontrarem com a professora para a aula síncrona pelo Meet para fazerem leituras de textos on-line, de jornais  da cidade, do Estado, do país e do mundo. A professora Mariléia da Silva Marchezan desenvolve esse projeto há mais de dez anos na rede pública, neste ano adaptado para o modelo híbrido.

– Projeto  VEM FALAR COMIGO?! – na segunda quinzena de agosto, com alunos das turmas 62, 71 e 72. Este foi um projeto de aula de Língua Portuguesa diferente e com convidados super especiais. O 1º Vem Falar comigo?! contou com dois convidados:  o músico e estudante de Letras da Unipampa Victor Lobins; e a jornalista e professora de Língua Portuguesa Vera Pedroso. O Victor falou sobre sua trajetória e fez a parte cultural do encontro com sua voz e violão. E a Vera falou sobre a sua profissão, sobre textos jornalísticos e fake news. Esse encontro faz parte da sequência das Aulas Remotas de Língua Portuguesa cujo objeto do conhecimento foi o gênero NOTÍCIA. Os alunos já tinham lido e estudado as características desse gênero (no Projeto Café com Leitura) e também já haviam produzido notícias (em formato) de rádio, jornal e telejornal.

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No último dia 02 de setembro,  com os alunos das turmas 62, 71 e 72 e suas famílias, aconteceu nosso 2º Vem Falar Comigo?! com uma temática muito importante a qual foi abordada em uma conversa muito agradável e esclarecedora.  Neste encontro, tivemos dois convidados fantásticos: o músico  Luís Ricardo, que falou sobre sua trajetória e fez o momento cultural do nosso encontro; e outro convidado foi o médico Antônio Roberto Nunes, o Bebeto, que conversou conosco sobre: Proteção à Criança e ao Adolescente, esclarecendo os tipos de violência que crianças e adolescentes podem sofrer: abandono, negligência, violência psicológica, violência física, violência sexual, bullying. Bebeto relatou alguns casos vivenciados em sua prática profissional e também falou sobre como reconhecer os sinais em crianças que sofrem violência, como essas crianças e jovens podem buscar ajuda e denunciar os agressores e/ou abusadores. Também falou sobre exploração do trabalho infantil, desigualdades sociais, e sobre a pandemia, enfatizando o quanto é importante permanecermos em casa nos cuidando.

Na sequência das aulas,após muitas pesquisas, os alunos apresentaram seus relatos e suas reflexões em um Seminário on-line, encerrando o Projeto sobre Proteção à Criança e ao Adolescente. Segundo a professora Marileia, o projeto foi muito válido, pois  as pesquisas, as conversa, as reflexões trouxeram um alerta para os alunos identificarem qualquer forma de violência.  Todos saímos desse projeto cheios de novos aprendizados e com novas posturas sobre um assunto tão importante.

– Projeto Autor Presente, durante o mês de setembro, na disciplina de Língua Portuguesa, envolvendo todas as turmas de Anos Finais da Escola Freitas Valle, coordenado pelas  professoras Marileia e Márcia Ferreira.  Neste projeto de incentivo à leitura, os alunos leram, na versão eBook, o livro La Dame Chevalier e a mesa perdida de Salomão, do autor santa-mariense André Zanki Cordenonsi. Após a leitura, os alunos discutiram a obra com as professoras, realizaram atividades on-line e,  no dia 7 de outubro, ocorreu o encontro com o autor pelo Meet. Um momento agradável no qual os alunos fizeram muitas perguntas sobre o livro e sobre a produção literária do professor universitário e autor André Cordenonsi. O momento cultural deste encontro ficou o músico Lobins, um jovem também apaixonado por literatura.

A professora Marileia destaca que esse não foi o primeiro livro que os alunos leram durante a pandemia, pois, em março, eles retiraram livro na biblioteca da escola e levaram para ler em casa. E em junho, leram o livro O Diário de Anne Frank, já na versão digital.

Segundo a professora Marileia, infelizmente, nem todos os alunos conseguem participar dos projetos e das aulas on-line, mas a Escola continua promovendo ações a fim de proporcionar uma educação pública de qualidade. -Nós, professores, desde março trabalhamos de casa, incansavelmente, o dia todo, e seguimos lutando por inclusão digital, por equidade e por inclusão social. Embora o governo do Estado patrocine a internet dos alunos, ainda há muito o que ser feito para que todos  tenham acesso a esse modelo de ensino híbrido. Enquanto a educação for tratada como despesa e não como investimento, haverá muitos alunos excluídos dos processos de ensino e aprendizagem durante e após a pandemia.