Cria do Bairro Canudos, Glauber há poucos anos servia no Hospital da Guarnição de Alegrete e publicava alguns contos em páginas e blogs da internet.
De lá para cá, muita coisa mudou: Glauber foi aprovado para o curso de Jornalismo da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS e mudou-se para Porto Alegre, onde encarou a Casa do Estudante e, em quatro anos, formou-se às vésperas da pandemia como um dos oradores da turma.
Músico alegretense é o novo integrante do grupo Os Monarcas
E foi justamente nesse período em que a maioria das pessoas tratou mesmo foi de permanecer viva, que o guri dos Canudos, neto de Darci Cruz (um dos fundadores da Escola de Samba Unidos dos Canudos), filho da Sônia e irmão do Rafa, acumulou conquistas profissionais e pessoais.
Entrou para RBS, trabalhou simultaneamente em produtora de vídeo, cursou a cobiçada Oficina de Contos do Assis Brasil, foi aprovado para um Mestrado e há cerca de dois meses embarcou para São Paulo, para um período de avaliação na Globo.
Foi muito mais curto do que o próprio Glauber poderia supor, já que em menos de 30 dias foi efetivado.
O amigo e colega, jornalista Paulo Berquó, foi um dos incentivadores. “Foi lá por 2013 que eu li um conto do Glauber na internet e percebi tratava-se de um escritor de mão cheia”, conta.
Paranaense e carioca, apaixonados por Alegrete, casam pilchados e à moda antiga
“Era certo que o Glauber precisava decolar para voos muito maiores, e hoje fico feliz de ter acompanhado passo a passo suas conquistas”, revela Berquó, que esteve presente em sua formatura e também fez questão de ir ao aeroporto despedir-se do amigo.
Alegretense, praticante da “Queda de Braço”, garante um Top 5 em São Paulo
A professora Rudiléia Neves também esteve nos “ritos de passagem” do jovem alegretense, pois foi um dos portos seguros do canudense em Porto Alegre.
E foi na capital do estado que Glauber também conheceu seu parceiro – jovem baiano Gabriel Bittencourt, formando em Medicina.
Glauber é um exemplo de superação e conquistas. Tem consciência de onde veio e das lutas que teve e têm que travar diariamente, como um preto com origem na escola pública – o Instituto de Educação Oswaldo Aranha – para assegurar seu espaço. Engajado em movimentos sociais, em especial o movimento negro, Glauber Cruz luta por representatividade, por políticas públicas que assegurem a presença dos negros no mercado de trabalho e nos campos educacionais.
Fiel aos seus amigos e amigas, Glauber divide com todos suas conquistas e fica feliz que sua história possa servir de inspiração para outros tantos meninos e meninas negros, que frequentam escolas públicas.
Chrystian, o jornalista alegretense que é apaixonado por música
Num país com tamanha diversidade étnica e cultural como o nosso, histórias de sucesso como a do Glauber (que está apenas começando) não deveriam ser exceção. Infelizmente ainda são.
Fotos: reprodução