Mortes por suicídio: cerca de 80% são homens; cerca de 20% são mulheres.
Segundo a psicanalista, alegretense, Marileia Marchezan, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas as ações preventivas ocorrem ao longo do ano. Isso porque, segundo dados de novembro de 2022, divulgados pelo Ministério da Saúde, o suicídio pode ocorrer por diversos fatores: psicológicos, biológicos, sociais e culturais. A ocorrência dos transtornos mentais pode ocorrer por uma predisposição genética, mas vários outros fatores devem ser analisados: exposição a perigo, todos os tipos de violência, abandono, negligência, etc. A Organização Mundial da Saúde informou, também em 2022, que mais de 700 mil pessoas morrem por ano no mundo devido ao suicídio, o que representa 10 a cada 1000 mortes, sendo que esse número só contabiliza os casos notificados. No Brasil, estima-se que aconteçam 14 mil casos de suicídio por ano.
O médico psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria afirma que o consumo de substâncias psicoativas (álcool, crack, cocaína, maconha, etc.) na infância e na adolescência possuem relação direta com os casos de suicídio entre jovens, “O abuso de álcool e outras drogas funciona atuando no ponto desencadeador do suicídio, que é a doença mental chamada depressão, ou seja, os transtornos afetivos. Esse fator representa de 36% a 37% da população que cometeu suicídio”. Esses índices estão diminuindo no mundo, porém continuam aumentando em países da Américas. A Organização Mundial da Saúde e Associação Brasileira de Psiquiatria estimam que quase 100% dos casos de suicídio relacionam-se ao adoecimento emocional, sobretudo se as doenças não forem diagnosticadas e tratadas corretamente. A depressão é a principal doença associada ao suicídio.
A maioria dos casos poderia ser evitada se as pessoas tivessem acesso a especialistas: médicos, psicanalistas e psicólogos, e se fizessem uso da medicação, caso fosse indicada por médico especializado. A depressão ainda é um tabu, principalmente entre os mais jovens, pois é erroneamente relacionada à fraqueza e à fragilidade.
Segundo o psiquiatra Rodrigo Bressan, as pesquisas indicam que 75% dos transtornos mentais do adulto começam antes dos 24 anos. Quando os casos envolvem adolescentes, 50% dos transtornos iniciam antes dos 14 anos. Ou seja, aquele caso que chega à clínica quando o paciente tem 25, 30, 40 anos, na verdade, geralmente, a doença começou bem antes, na adolescência.
Segundo a psicanalista Marileia Marchezan, para percebermos casos de adoecimento emocional, todos nós devemos estar atentos a estes sinais em todas as faixas etárias: tristeza prolongada, isolamento, automutilação, perda ou ganho de peso, excesso ou falta de sono, falta de propósito (não vê sentido na vida), baixa autoestima, preocupação excessiva com a opinião dos outros, sentimento de desvalia (achar que sua vida não tem valor), dificuldade para lidar com frustrações, incapacidade de demonstrar emoções (não chora, não demonstra raiva, concorda com tudo, não expõe opinião), baixo rendimento escolar, desinteresse por atividades que davam prazer, negligência com higiene e aparência, pensamentos negativos.
Para prevenir o suicídio, necessitamos trabalhar na conscientização a respeito da importância da vida, na importância de se tratar, de pedir ajuda. É fundamental que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos, que busquem sempre se aproximar deles, estabelecendo uma relação de confiança com base no diálogo, atesta. O tema ainda é um tabu, pois o adoecimento emocional não é visto, é sentido e, por isso, muitas vezes, não é levado a sério. Temos de falar muito sobre o assunto, pois assim atingimos mais e mais pessoas que estejam passando por momentos difíceis, por angústias, por sofrimento emocional para que elas busquem ajuda para perceber que a vida é a melhor escolha.
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Quem quer ajudar também precisa se informar para saber identificar os sinais e saber lidar com as diferentes situações relacionadas às pessoas com ideação suicida. É muito importante que as pessoas próximas saibam acolher, fazendo uma escuta ativa e sem julgamento. Mostrar-se disponível e ter empatia ajuda a conquistar a confiança de quem necessita de ajuda. Assim fica mais fácil buscar tratamento especializado de médico psiquiatra e de outros profissionais da saúde mental, como psicanalistas e psicólogos.
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As mulheres apresentam o maior índice de ideação e tentativas de suicídio (mais de 60% das tentativas), porém o número de mortes por suicídio é maior entre os homens, pois eles, em sua maioria, conseguem consumar o ato. Mortes por suicídio: cerca de 80% são homens; cerca de 20% são mulheres.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é apontado como a quarta causa de mortes no Brasil e afeta indivíduos de diferentes origens, gênero, culturas, classes sociais e idades.
ONDE BUSCAR AJUDA?
Quem achar que precisa de ajuda, pode
procurar uma pessoa próxima (familiar, amigo(a), professor(a), colega etc.);
ir aos postos de saúde e solicitar encaminhamento para um profissional especialista em saúde emocional;
telefonar para 188 – CVV (Centro de Valorização da Vida);
agendar consulta com médico psiquiatra;
agendar terapia.
Texto da psicanalista Marileia Marchezan – especialista em Psicanálise, Psicopatologia e Psicoterapia do Adolescente