Uma alegria contagiante, muito falante e sempre com um sorriso encantador que se destaca onde ela chega. Assim é a alegretense Ana Amélia Soares Nakashima, que há mais de 25 anos está morando no Japão.
Ela é casada com o japonês Tonico Nakashima que veio para o Brasil aos 5 anos e morou muitos anos em Alegrete, no Salso- Coxilha Vermelha, produzindo hortifrutigranjeiros. Eles, que inicialmente eram apenas amigos, casaram depois que Tonico retornou ao Japão e ficou um ano em
Osaka. “Quando ele retornou passou um mês me falando de como era o País. Não pensei duas vezes e o convidei para retornar. Depois veio a gravidez, minha filha Nozomi nasceu aqui, mas a educação que proporcionei pra ela no Japão não teria condições no Brasil. Mesmo assim, a cada dois anos visitamos à nossa terra amada, por esse motivo, minha filha que residiu sempre no Japão, é apaixonada por Alegrete e pensa em morar aqui” – falou Ana.
Nozomi casou com o japonês Shohei Nakamura e é formada em web designer, é programadora. O esposo já esteve em Alegrete e ficou encantado com os alegretenses e a cultura.
Tonico diz que ama o seu povo, entretanto, sente um carinho e amor especial pelos brasileiros, “ aqui é diferente, em todos os ambientes há uma energia única” .
– Para a alegretense uma das dificuldades é a alegria que somente o Brasil tem. “Sentimos falta mesmo é do calor humano dos brasileiros, nada se compara. Lá, não tem o abraço acolhedor daqui, a espontaneidade. Não existe parar na rua para conversar, oferecer carona entre, outras situações. Até para sorrir eles são comedidos. De início sofri um pouco, porque sou muito comunicativa e adoro rir” .
A oportunidade de trabalho foi o motivo que sempre fez com que Ana e Tonico permanecessem no Japão. “Lá sempre tem trabalho, emprego. O salário é justo, você recebe de acordo com todas as necessidades. Se ganha bem, mas tudo também é muito caro”- citou.
De início, a alegretense ficava em casa com a filha, depois a colocou numa creche para que pudesse conviver com outras crianças. Então, Ana começou a trabalhar numa fábrica de carros na Província de Hiroshima, na cidade de Kure. “Sou a extrovertida do grupo, estou sempre aprontando alguma coisa para descontrair e deixar o ambiente mais leve. Teve um período que trabalhei à noite, fazia tanta bagunça que descontraia e todos trabalhavam ainda mais. Depois que voltei para o turno normal, durante o dia, sei que sentiram minha falta” – sorri ao lembrar. Tonico trabalha há anos numa fábrica de peças de automóveis.
O casal que está há anos “ensaiando o retorno para o Brasil, diz que ama Alegrete e sente uma saudade imensa da família e dos amigos. Contudo, sabe que lá tudo funciona, os serviços são de primeiro mundo. Depois de ter as prioridades atendidas, como a criação da filha e sua formação, para que ela tivesse independência, o casamento e estabilidade financeira, Ana diz que a possibilidade de retorno está mais próxima.
Ana Amélia ainda explicou que com o passar dos anos não há dificuldades em adquirir produtos consumidos no Brasil. Hoje tudo o que precisamos conseguimos de forma fácil e a comunicação é incomparável. Estamos sempre em Alegrete, mesmo que virtualmente, mas “respiramos”diariamente, do outro lado do mundo, a nossa essência através desse calor que é inconfundível e só tem aqui.” – comentou.
Alguns hábitos como chimarrão e churrasco se mantém. As reuniões são com a família do Tonico que vive no Japão, além amigos brasileiros.
O cansaço dos três dias de viagem é esquecido, tão logo pisaram em solo gaúcho. Desta vez, eles vão permanecer por dois meses, o período mais longo desde que foram para o Japão. O casal cita que sempre que retornava aqui, a vontade era visitar todos os amigos e familiares, mas sempre faltava tempo, por esse motivo a estadia vai ser mais prolongada. Além de uma data especial que foi o casamento de uma sobrinha logo que chegaram. Muito carismático o casal é um equilíbrio e traduz uma energia muito positiva por onde passa.
Flaviane Favero