Idoso suspeito de matar médica em SC é preso na casa de namorada no RS

Ele responde processo por feminicídio após morte da mulher, em Itapema, e estava foragido desde setembro, segundo a polícia.

O idoso, de 65 anos, que confessou ter matado a companheira em Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina, em março de 2020 foi preso no Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (14). Segundo o delegado, Marco Schalmes, o homem estava foragido desde setembro e foi localizado após troca de informações entre as polícias civil catarinense e gaúcha.

Desde dezembro, o idoso estava se relacionando com outra mulher, que conheceu na internet, e morando na casa dela. No momento da prisão, a namorada disse à polícia que não sabia que ele era procurado pela suspeita de matar a mulher ano passado.

A médica pediatra Lúcia Regina Schultz, que atuava em Florianópolis, morreu após ter sido esganada pelo marido após uma discussão, apontou a polícia na época.

Ele chegou a ser preso em flagrante, teve a prisão preventiva decretada, mas acabou sendo liberado. A idade deve e o risco de transmissão da Covid-19 estavam entre os fatores considerados pela Justiça para soltura. Dois meses depois, a prisão foi restabelecida, mas o idoso não foi mais encontrado.

Lúcia Regina Schultz era médica e atuava em Florianópolis — Foto: Redes Sociais/Divulgação

Lúcia Regina Schultz era médica e atuava em Florianópolis — Foto: Redes Sociais/Divulgação

Após a prisão, o idoso, segundo o delegado, ficará à disposição do judiciário que deve definir se ele aguardará até a data do julgamento por crime de feminicído em Santa Catarina ou no estado gaúcho.

Prisão na casa da namorada

 

De acordo com as investigações, o idoso conheceu a nova parceira por um aplicativo de namoro. Ele deixou Santa Catarina em dezembro e foi morar com ela, que é aposentada, no município de Charqueadas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

“Em posse de informações repassadas por nossos colegas de Santa Catarina, fomos até o local e encontramos ele na cozinha almoçando. Ao tomar conhecimento, a mulher, num primeiro momento, não acreditou, mas depois se disse surpreendida, abalada e até envergonhada por não saber da história deste indivíduo”, afirma o delegado.

 

Segundo ele, em depoimento o homem admitiu novamente ter matado a companheira em Santa Catarina.

“Para nós ele confessou ter matado a médica, após uma discussão, que ela teria dado um tapa no rosto dele e que ele foi insultado. Ele disse ter perdido a cabeça e acabou fazendo esta monstruosidade”, conclui.

 

A defesa do homem informou que existe um pedido de habeas corpus aguardando julgamento no Supremo Tribunal de Justiça. No entendimento da defesa, o crime trata-se de um homicídio simples e não femincídio, delito pelo qual ele foi denunciado pelo Ministério Público.

“Ninguém está se omitindo da justiça. Nós apenas queremos aguardar o processo em liberdade.” informou a defesa.

Crime após discussão

 

O caso ocorreu por volta das 17h30 no dia 20 de março no Centro de Itapema. O marido relatou à PM que a mulher teria dado um tapa nele durante uma discussão na sala da casa deles. Ele teria revidado apertando o pescoço da vítima com as mãos. Quando viu a mulher caída no chão, o idoso fugiu, alegou na época à polícia.

Idoso admitiu ter matado a ex-companheira em Itapema (SC) — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Idoso admitiu ter matado a ex-companheira em Itapema (SC) — Foto: Polícia Civil/Divulgação

“A guarnição do PPT arrombou a porta e encontrou o corpo. O autor tinha ido embora. Fui na ocorrência e me deparei com ele voltando para o apartamento. Acredito que voltou para pegar a carteira que ficou na mesa. Fui eu quem deu voz de prisão a ele”, relembra o capitão Geraldo Rodrigues Alves Junior.

O homem foi denunciado pelo crime de feminicídio pela Ministério Público de Santa Catarina. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva dois dias depois e o homem ficou preso na Unidade Prisional de Itapema até junho.

Após os depoimentos, o juiz entendeu que a liberdade do idoso não “representava risco à ordem pública” e que não haveria perigo de “reiteração dessa prática delituosa”. O juiz pontuou também a idade dele e o risco de transmissão do coronavírus como fatores para a soltura. A prisão preventiva, de acordo com os autos, só foi restabelecida 60 dias depois da soltura.

Fonte: G1