Ieda Leivas, primeira porta-bandeira dos Canudos, morre por complicações da Covid

Alegrete se despede da primeira porta-bandeira da Escola de Samba Unidos dos Canudos.

Ieda Leivas
Ieda Leivas

Ieda Leivas, estava com 77 anos e foi mais uma alegretense a perder a batalha contra a Covid-19. Ela internou na Santa Casa de Alegrete, no último dia 7, e faleceu devido a uma parada cardíaca, neste domingo(18).

A professora, funcionária federal, advogada e carnavalesca, tem uma linda trajetória junto à Escola Unidos dos Canudos. Ieda foi a primeira porta-bandeira e tem uma passagem marcante na história do Carnaval de Alegrete. Mestre sala e porta-bandeira são os mais importantes quesitos que tem no Carnaval de rua e ela foi por muitos anos um ícone da Unidos dos Canudos.

A escola foi fundada na década de 70 e, com ela, Ieda marcou e abrilhantou com sua graça e imponência, desfilando por anos e conquistando junto à Unidos dos Canudos vários títulos.

Ieda Leivas
Ieda Leivas


O vereador e sobrinho, João Leivas, disse que a tia sempre se destacou muito como porta-bandeira. “Dificilmente os Canudos perdiam algum ponto com ela nessa posição, inclusive para aquisição da Sede dos Canudos, ela foi para uma apresentação na cidade de Formosa na Argentina. Com o cachê pago à ela e demais integrantes, eles auxiliaram para a construção da Sede doando o valor”- contou.

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Um pouco mais da vida da alegretense

Ieda foi estudante do IEEOA e sempre muito ligada aos movimentos estudantis da época. Leivas, recorda que em uma ocasião, ela chegou a ser levada até o 6º RCB para “averiguação”, em período de ditadura, pois o movimento era proibido pela autoridade militares naquele período.

Filha do ferroviário João Batista Leivas, que também, era sindicalista e da Nair Batista Leivas, Ieda era pedagoga e também formou-se em Direito na URCAMP, na primeira turma em Alegrete.

Ieda Leivas
Ieda Leivas

Por muitos anos, lecionou no Parové, nas primeiras escolas no interior, os Polos, que naqueles anos estavam iniciando e sem muita estrutura. Mesmo assim, ela se dispôs a dar aulas para os anos iniciais, alfabetização inclusive adultos, no Durasnal.

Também atuou, depois de deixar o educandário, no Inamps, na área de atenção em domicílio e foi Diretora do Pronto Socorro de Alegrete na gestão do Prefeito Nilo Gonçalves e da Professora Iolanda Cunha. Posteriormente, como funcionária Federal, retornou ao INSS, onde se aposentou. Na área de Direito atuou com o advogado Vanderson Godoi e com a advogada Nelba Fantinel(in memorium), pela considerável experiência em relação a aposentadorias.

“Por toda participação nos movimentos estudantis, ela acabou se filiando ao MDB e participava muito do Sindicato da categoria SINDISPREV (Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência), era feminista no sentido de sempre lutar para que as mulheres ascendessem e não aceitava a subjugação imposta pela época.

Ela também gostava de contar que para dar aula percorria cerca de 20 kms entre ida e volta.Tinha um gênio bem forte, diferente de todos aqui em casa, só perdia para o tamanho do seu coração” – sintetizou Vereador João Leivas.

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Ieda deixou irmãs – Inah Leivas e Marli, os filhos – Carlos Ronaldo Carvalho e Júlio Augusto Leivas, netos – Pablo Rafael, Isabelle Eduarda e Bernardo e os sobrinhos- João Leivas e Ariana Leivas.

As últimas homenagens foram a cargo da Funerária Angelus, com um cortejo da Santa Casa até o cemitério Público Municipal, na tarde deste domingo(18), às 14h30.

Flaviane Antolini Favero

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