Quem vê hoje o jovem alegretense José Victor de Menezes Pedroso pela rua, muitas vezes em longas caminhadas e geralmente sem camisa, exibindo sem nenhum constrangimento uma forma física invejável, não imagina o longo percurso e o quanto de determinação foi preciso para atingir o que chama de “maturidade corporal”. Sim, é uma longa história, embora o calendário aponte apenas 19 anos e uma vida inteira pela frente. José Victor foi uma criança obesa.
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, que possui múltiplas causas e tem feito parte da vida dos brasileiros cada vez mais cedo. É fator de risco para diversas doenças, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e até mesmo câncer.
Quando falamos de obesidade na infância, as consequências podem ser por toda a vida. Some-se a isso as práticas de bullying. Esse comportamento é muito presente especialmente na infância, principalmente quando relacionado a alguma característica física, sendo muito pior no caso das crianças obesas.
O bullying é uma intimidação sistemática, que envolve agressões físicas e psicológicas com atos de humilhação ou discriminação.
José Victor enfrentou e também sofreu com isso. E esse foi um dos fatores determinantes que o levaram a tomar a decisão mais acertada de sua vida: modificar seus hábitos e partir para uma mudança radical. Como sua principal aliada, a família.
A virada começou aos 13 anos – a princípio com “dietas malucas”, mas depois o ciclismo entrou na sua vida e foi um divisor de águas. Da criança obesa, José Victor transformou-se num adolescente magro. Muito magro. Pedalava muito. Entrou para o grupo Trilha Aventura, participou de dezenas de competições, presença constante no pódio, pedalou no Uruguai e ostenta o título de campeão juvenil de MTB.
Partir para a academia foi decorrência natural. Imediatamente o corpo passou a responder. A Corpus Gym transformou-se em outro endereço. E, sob orientação de João Pedro Ferreira, em dois anos passou de 62 quilos para 103. Hoje, com seus 1:78 de altura exibe um corpo com 15% de gordura corporal, em seus atuais 95 quilos.
Manter a forma e aprimorar é um desafio constante. “Bebo cinco litros de água por dia”. Mas José Victor quer mais. Sonha com o Fisiculturismo. “É decorrência de todas as minhas experiências, boas e ruins”, explica. Quando mostra algumas estrias conta que dá prazer vê-las. “É lindo ver o corpo crescendo e rasgando a pele”, conta, entusiasmado.
Mas nesse caminho, nem tudo foram conquistas e alegrias. Em determinado momento o atleta voltou a engordar. O que o espelho refletia provocou crises de pânico e ansiedade. Mais uma vez o apoio da família foi decisivo. José Victor recorreu à ajuda especializada de um psicólogo, superou seus fantasmas e retomou o ritmo.
Hoje, acredita que atingiu sua “maturidade corporal”, o que o torna muito mais fortalecido para os outros compromissos que a vida impõe. Em Santa Maria, prepara-se para o curso de Odontologia. “Sou mais um dos guris do Demétrio Ribeiro que sonha em afirmar-se profissionalmente”.
Aliar as ambições de atleta à responsabilidade com os estudos é o próximo desafio. Percebe-se em José Victor, facilmente, uma inteligência acima da média, além de apurado senso de humor.
Com seu histórico de superações e conquistas, é natural acreditar que seus sonhos se tornarão realidade. Enquanto isso, Zé debruça-se nos livros, empenha-se na rotina da academia e sai para longas caminhadas e pedaladas. Sem camisa.
Júlio Cesar Santos Colaboração: Paulo Antônio Bérquo Fotos: acervo pessoal