Jovem com câncer raro lança campanha para arrecadar recursos para tratamento

Meta é arrecadar R$ 250 mil com compra de remédios importados dos EUA

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“Parece que não existe dentro de mim doença, mas está ali e ela cresce. Meu sonho é que ela acabe”. O desabafo é da bacharel em direito Giovana Kreitchmann Cavalcanti, 25 anos, que há quase 3 anos luta contra um tipo de câncer raro: o carcinoma mioepitelial de parotida.

A doença apareceu em julho de 2012 com uma pequena “bolinha” no pescoço e mesmo com cirurgia, se espalhou pelo corpo e atingiu órgãos vitais como os pulmões, fígado, rins e até mesmo o cérebro. Por último a doença se alastrou para as costas da jovem. Como a consequência, frequentemente Giovana tem um amortecimento generalizado no corpo. Se está sozinha, precisa pedir ajuda.

Ate agora o avanço do câncer era contido com sessões de químio e radioterapia, que fizeram seus cabelos cair já na primeira semana de tratamento. Mas tornaram-se ineficazes

Para tentar frear essa espiral sem fim da doença, os dois oncologistas que a atendem no Instituto do Câncer recomendaram uma mudança no tratamento, que implicaria na compra de um remédio importado dos Estados Unidos, que ainda não foi regulado pela Anvisa, o Nivolumab. Cada frasco custa 20 mil dólares.

E aquisição da substância para todo tratamento implicaria num desembolso de cerca de 80 mil dólares, ou R$ 250 mil. Sem recursos, a jovem resolveu pedir ajuda para desconhecidos através do site Vakinha, no qual os internautas fazem doações a projetos ou causas sociais. O projeto iniciou na última segunda-feira (15 de junho) e até o final da tarde desta quarta-feira 47% da meta já tinha sido arrecadada, ou seja, R$117.511,84. Desse valor R$8.750,60 ainda precisavam ser confirmados.

O total obtido até o momento surpreendeu Giovana, que agora espera cumprir a meta de R$ 250 mil. “Quero ajudar outras pessoas também”, diz. Na publicação no site Vakinha, a jovem acrescentou um vídeo, no qual ela explica porque pedir a contribuição. E na gravação ela se emociona ao relatar as dificuldades passadas desde 2012. Em entrevista ao Correio do Povo, lembrou quando a doença atingiu o cérebro e foi encontrada por sua mãe com o corpo todo encolhido, retorcido. “Foi um horror.”

O avanço da doença para o cérebro causou na jovem uma paralisia cerebral na parte esquerda do rosto. Com isso, a fala e as expressões foram afetadas, além do paladar. Mesmo com o problema, Giovana diz que aprendeu a lidar com os seus próprios sentimentos. “Tinha muita vergonha do câncer, não queria que as pessoas soubessem.” E como lidar com isso?

Em 2012, quando descobriu a doença, teve que largar o estágio em um órgão público, quando estava prestes a ser formar na faculdade. Mas não foi só isso que ela abriu mão. A prática semanal do boxe, cultivada desde os 18 anos, teve que ser interrompida. No começo ela relutou em deixar o esporte e continuava nos ringues. Em cada soco tentava descarregar todos as angústias e o constante avanço da doença. “Imaginava que cada soco fosse uma pancada na doença.”

Mas cada vez mais fraca, Giovana teve que parar com o esporte em outubro do ano passado, o que ela aos poucos está tentando retomar. E essa afinidade fica clara quando se olha o título do projeto no site Vakinha: “Gi nocauteando o câncer.” Com essa briga ganha, a jovem espera entrar no ramo profissional do esporte. E vontade não faltará, garante Giovana.

Fonte: Correio do Povo