Justiça suspende direito de dirigir de motorista suspeito de ameaçar ciclistas em Porto Alegre

Veículo também foi apreendido, mas juiz negou o pedido de prisão. Polícia recebeu oito denúncias nos últimos 40 dias. Homem não foi localizado.

O juiz da 3ª Vara Criminal de Porto Alegre, Sidinei José Brzuska, suspendeu o direito de dirigir de um motorista suspeito de ameaçar ciclistas em ruas de Porto Alegre. Na manhã desta quarta-feira (23), o carro dele, um Voyage branco, foi apreendido em frente à casa do investigado, no loteamento Cavalhada, Zona Sul da Capital, mas ele não foi localizado pela polícia.

A Justiça também determinou a apreensão da CNH e de objetos e instrumentos necessários à elucidação dos fatos. Porém, o magistrado negou o pedido de prisão do suspeito, um chapeador de 44 anos.

De acordo com o delegado Marco Antônio Duarte de Souza, oito ataques foram confirmados pela polícia nos últimos 40 dias. Eles foram registrados entre o Parque Marinha do Brasil e a orla Moacyr Scliar.

“Dá um fino, de passar grudado, de fechar. Tu tá numa sinaleira, ele vem e freia atrás. Dá uma derrapada. Passa xingando. Na verdade ele quer derrubar”, diz um dos denunciantes, o personal trainer Athos Gonçalves.

A Polícia Civil identificou o motorista ainda no mês passado, e entrou na Justiça com o pedido de prisão. O Tribunal de Justiça explica que a demora ocorreu porque o pedido foi equivocadamente encaminhado para a Vara de Violência Doméstica, precisando ser redistribuído à Vara Criminal, após avaliações.

O caso é tratado pela polícia como lesão corporal, ameaça, direção perigosa e perigo à vida e à saúde por tráfego em alta velocidade. Os investigadores dizem que só depois de conseguir o depoimento do suspeito é que será possível enquadrar as ações em crimes mais graves.

“A gente tem os crimes contra a lei de trânsito, crimes do Código Brasileiro de Trânsito, e lesão corporal. Mas a gente pode ter, inclusive, uma tentativa de homicídio”, afirma o delegado.

Voyage branco foi apreendido nesta quarta-feira (23) em Porto Alegre — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Voyage branco foi apreendido nesta quarta-feira (23) em Porto Alegre — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Durante a investigação, outras cinco pessoas procuraram a polícia para denunciar ataques do motorista. Um homem que não quis ser identificado relata a violência do ataque.

“Ele ultrapassou com o carro bem rente à ciclovia, tentando me pegar. Eu segurei a bicicleta. Ele parou o carro bruscamente. Quando eu atravessei, ele desceu do carro com uma chave inglesa me chamando pra briga. A gente acaba ficando assustado, porque nunca sabe quem vai passar pela gente. A gente nunca sabe o que pode acontecer. É aquela coisa do ciclista ser, que nem a moto, o próprio para-choque”, afirma.

Já o entregador Cleiton Rangel diz que viveu situação semelhante na Cidade Baixa.

“Sinal verde pra mim e, pra ele, certamente tava fechado, pq ele tava parado. Ele me viu passar e cantou pneu. Veio direto na minha direção. Eu senti alguma coisa da minha bicicleta, não sei se foi o meu corpo ou a roda que bateu na traseira dele. No que bateu, caí, de apoio com a mochila, no chão, e eu vi ele cantando pneu pra fugir de novo”, descreve.

Em recuperação dos ferimentos e com a bicicleta destruída, o profissional não sabe quando vai poder voltar a pedalar.

“Além de tu estar lutando pra ganhar o pão de cada dia, tem um cara querendo te perseguir. E a custo de que, né?”, questiona Rangel.

Fonte: G1