Luiz Carlos, o tipógrafo do IRMA que vai para seu quinto mandato como conselheiro tutelar

Aos 57 anos, o alegretense Luiz Carlos da Silva Pinheiro ultrapassa uma década atuando como conselheiro tutelar. Reeleito mais uma vez, ele é o terceiro entrevistado da série Conselho Tutelar, do Portal Alegrete Tudo.
Estudando Serviço Social, Luiz é morador Bairro Prado e cumpriu seu primeiro mandato em 2004. 
De lá para cá, muita coisa mudou. Em meio a um plantão e uma viagem, Luiz atendeu a reportagem e concedeu uma entrevista para o PAT. Confira:
Portal: Qual foi a sensação de ficar entre os cincos eleitos?
Uma sensação inexplicável, onde tenho que agradecer meus familiares, amigos e conhecidos, por terem saído de suas casas em um domingo, de livre e espontânea vontade. Por essas pessoas sou muito grato.
Portal: São mais de 10 anos atuando como conselheiro. Qual a análise dessa década?
Realmente são muito mais de dez anos, estou indo para o quinto mandato. No que diz respeito ao Conselho Tutelar de Alegrete, eu tenho dito que somos reconhecidos em âmbito estadual pelo nosso trabalho, falo isto não só para valorizar a atual gestão, mas para homenagear os ex-conselheiros que de uma forma ou de outra contribuíram para que o nosso conselho fosse respeitado no estado, prova do que estou falando, é que até o momento Alegrete foi a única cidade de interior do estado que já obteve por duas vezes a presidência da Associação dos conselheiros e ex-conselheiros do Estado do Rio Grande do Sul. Por outro lado, vejo o quanto a rede de proteção do nosso município é forte, esta afirmativa também é dos nossos colegas de outras cidades.
Portal: Que serviço com crianças e adolescentes prestou para concorrer na primeira eleição ao Conselho Tutelar?
Para está resposta, tenho que falar um pouco de minha história, fui aluno interno e semi-interno no Instituto Rural Metodista de Alegrete (IRMA), dos 12 aos 18 anos e, ao completar a maioridade, tornei-me funcionário. Tenho uma profissão que aprendi lá, tipógrafo (impressor). Funcionário por doze anos, o meu setor era responsável por profissionalizar adolescentes. Quando concorri pela primeira vez, logicamente vim com a minha experiência com adolescentes no IRMA.
Portal: Você se firmou num momento de transição. Essas eleições foram acirradas. Qual foi o trabalho do conselheiro Luiz para se consolidar entre os cincos para 2020? É verdade, passei falando por três anos e quatro meses para meus familiares, amigos e conhecidos que por força de Lei eu não concorreria, o processo já estava iniciando e repentinamente a lei mudou. ” e eu entrei em campo novamente” em respeito a mim mesmo eu digo: “a estrela brilhou”, mas quem me conhece foi e votou. Quanto ao trabalho eu sou claro com as pessoas que atendo, o conselho tutelar tem atribuições que não podemos fugir. Outra questão é que sempre cuido do interesse de quem eu represento, a criança e o adolescente, isto é, e sempre que for para o lado positivo.
Portal: Entre as mazelas do dia a dia, qual o maior obstáculo que tu podes elencar como conselheiro tutelar?  Como conselheiro indo para o quinto mandato, com certeza tem acontecimentos que se eu falasse as pessoas duvidariam que ocorre. Uma vez disse para uma mãe que me procurou porque seu filho era usuário de drogas, solicitei que voltasse novamente com o seu filho. Então compareceu com ele, depois da conversa e dos acertos e na hora da saída aproveitei o momento que era positivo e falei: se abracem. Após o abraço o adolescente que era usuário de droga falou: estou com 16 anos e não me lembro qual foi a última vez que ganhei um beijo e um abraço da minha mãe, hoje estou muito feliz. Perguntei a ela, é verdade? E a mesma me disse que sim, mas era por falta de tempo. Naquele momento me doeu muito porque era um filho pedindo afeto e amor.
Portal: Com essa vasta experiência no conselho, tu pretendes seguir a cartilha em 2020? Olha, tem um dito popular que diz: “time que está vencendo não se mexe”. Trabalhamos para o cumprimento da lei, sempre entendi que o Conselho Tutelar é um órgão autônomo e que pela lei é a maior autoridade no que diz respeito à criança e o adolescente, e que as decisões do conselho tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judicial, a pedido de quem tenha legítimo interesse ” Art.137 ECA. É lógico que as transformações são naturais, como a própria lei a cada período se modifica e tudo aquilo que é bom deve ser seguido naturalmente.
Portal: Qual a perspectiva de trabalho para 2020. Já que tu conheces os problemas do município? Eu sempre acredito que somos capazes de ajudar em certo ponto na transformação de outras pessoas. Conselheiro tutelar por natureza é um sonhador e, sem fugir da realidade, tenho certeza que em 2020 seguiremos cumprindo o verdadeiro papel do Conselho Tutelar, zelar pelos direitos da criança e do adolescente.
Portal: Estamos na reta final do ano, qual a mensagem do conselheiro Luiz Carlos? Aproveito a oportunidade para públicamente agradecer todos funcionários e estagiários atuais e os que passaram pelo conselho nesta gestão. Aos meus colegas conselheiros que de uma forma ou de outra contribuíram para que eu realizasse um trabalho a contento da população.

Júlio Cesar Santos                             Fotos: acervo pessoal