Maré sobe no Litoral Norte, e crianças são arrastadas em Capão da Canoa

Vento sul e ondas grandes são consideradas as causas do aumento na força da maré. Bombeiros alertam para que banhistas não entrem no mar quando tiver bandeira vermelha.

Vento sul e ondas grandes têm causado um aumento na força da maré no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Neste sábado (18), além de levar mesas, cadeiras e guarda-sóis, duas crianças foram arrastadas pela correnteza em Capão da Canoa.

No início da tarde, um veranista gravou o momento em que acontece uma correria na beira da praia. Uma onda forte arrastou crianças que, por pouco, não pararam em um bueiro.

“O menininho entrou aqui dentro do esgoto. A onda levou para fora. A outra menininha, a onda trouxe”, conta a professora Vilma Kehe. “Bateu e voltou. Veio um senhor e tirou ela da água. Ela tomou água, estava bem assustada. Foi feio.”

Cenas como essa se repetiram nos últimos dois dias. Ondas sobem de surpresa e levam tudo o que acham pela frente. A bancária Andrea Kist conta que testemunhou aparatos para fazer churrasco, isopores, chinelos e cadeiras sendo levados para dentro do mar.

“Bem apavorante. A gente estava olhando uma bola, a onda veio e derrubou todo mundo. Eu levantei as pernas para cima. Caí com celular e tudo”, afirma.

Tudo isso fez a fotografia da praia mudar um pouco. O que mais se viu foram guarda-sóis montados nas dunas, longe da água.

Imagens mostram criança sendo arrastada na correnteza em Capão da Canoa

Imagens mostram criança sendo arrastada na correnteza em Capão da Canoa

De acordo com o Centro de Estudos Costeiros, o mar fica assim porque o vento sul represa a água e deixa o oceano mais volumoso, com ondas de até um metro e meio.

“O que está contribuindo são a elevação do nível do mar por causa do vento, que tende a empilhar as águas na região costeira, sobrelevando o nível; e as ondas, já que o campo de ondas está grande, em média de 1,5 m”, explica Claus Saidelles Toledo, oceanólogo e pesquisador do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), da UFRGS.

A onda que sobe na areia oferece perigo. A recomendação é que o banho aconteça entre as bandeiras e a guarita, para ficar ao alcance dos guarda-vidas.

“No mar de bandeira vermelha, o Corpo de Bombeiros não recomenda o banho. Nós delimitamos uma área preventiva de 100 metros, que é área de cobertura do guarda-vidas. Não é um mar recomendado para banho sob hipótese alguma”, diz o major Insandré Antunes. “Estamos com um mar mais grosso, mais cheio, mais picado. Ele traz um arrasto muito grande. Aquelas crianças pequenas, aquelas pessoas que têm mais dificuldade de locomoção, de equilíbrio, são arrastadas, e uma lâmina de água muito pequena já é suficiente para fazer um afogamento.”

Por isso, a dona de casa Rosane Ramos reforçou os cuidados com a criançada.

“O que eu recomendo para os pais é não soltarem as mãos das crianças. Sempre de mãozinha dada, firme. O mar está gostoso, porque a água está morninha, quentinha. Mas em função da onda estar grande, as crianças têm que estar protegidas”, alerta.

Maré sobe até a avenida Beira-Mar, em Capão da Canoa — Foto: Operação Verão / Divulgação

Maré sobe até a avenida Beira-Mar, em Capão da Canoa — Foto: Operação Verão / Divulgação

Fonte: G1