Marfrig Alegrete, o fim de uma era?

Se nada mudar, hoje foi o último abate da unidade em Alegrete

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Nessa manhã de quarta-feira (27), o que pode ter sido o último abate da planta local do Marfrig, os 90 funcionários do setor, demoraram pouco mais de 4 horas para abater 420 cabeças de gado. O clima melancólico e triste, marcou os trabalhadores da Indústria, atualmente em número de 650, que já vinham em clima de despedida. Tanto que nos últimos dias, na desossa, por exemplo, as faltas chegam a 50 % do total de trabalhadores.
O ciclo do Marfrig em Alegrete durou 4 anos e 8 meses. A empresa iniciou suas atividades em Janeiro de 2010, e se confirmado o fechamento definitivo de Alegrete, este será o 4 º frigorífico do Marfrig fechado no Rio Grande do Sul, mas ainda sob o controle da empresa. Assim como deve ocorrer em Alegrete, nas outras unidades que encerraram as atividades, as Plantas não foram abertas para outras empresas do setor.
Seria uma estratégia para neutralizar a ação dos concorrentes? Essa indagação está muito presente nas conjecturas entre lideranças sindicais e políticas. Outras possibilidades seriam: algum fato novo no mercado da carne, que ainda não é do conhecimento público, ou ainda, uma forma de barganhar junto a FEPAM e outros órgãos, uma flexibilização para exigências ambientais e outras questões.
Para o presidente do Sindicato da Alimentação de Alegrete, Marcos Rosse, ainda há esperança em sustar a demissão em massa prevista para 1 º de setembro. Amanhã, às 14 : hs será protocolada no Ministério Público Federal do trabalho em Uruguaiana, uma ação cautelar, solicitando que não sejam encerradas as atividades da Planta de Alegrete. O líder sindical diz que a ação está fundamentada nos bilhões de recursos públicos do BNDES, que alavancaram as atividades do Marfrig, tanto que hoje é a segunda empresa do setor no país, só ficando atrás da Friboi. Elenca também outros incentivos como o Programa Agregar RS, que repassa 30 milhões anuais e a isenção de impostos para a exportação.
Outro argumento que embasa a ação, que busca reverter esse quadro, é que entre o anúncio do fechamento da Indústria e as demissões, os funcionários tiveram pouco mais de 20 dias para planejar suas vidas. É uma mudança que chega de forma abrupta e dolorosa para centenas de famílias, finaliza Marcos Rosse.
marcos rosse