Médico de Caxias do Sul com coronavírus não teve febre, mas perdeu olfato: ‘Na quarta, parei de sentir cheiro’

Vinicius Lain está em isolamento domiciliar desde o início da suspeita. Confirmação da doença veio na sexta. Em entrevista ao G1, ele comenta os sintomas que sentiu.

As dores no corpo e de cabeça foram o alerta para que Vinicius Lain, 40 anos, médico integrante da direção técnica do Hospital da Unimed de Caxias do Sul, na serra gaúcha, suspeitasse da possibilidade de ter contraído coronavírus.

“Faz umas três semanas que a gente está intensivamente trabalhando para preparar o hospital para os casos que estão chegando, e isso significa várias reuniões, com bastante gente, numa época em que a gente ainda não tinha transmissão comunitária”, disse ele, ao G1, em entrevista neste domingo (29).

Atento aos possíveis sintomas da doença, Vinicius coletou material para exame na última segunda-feira (23), quando passou também a cumprir o isolamento domiciliar. O diagnóstico positivo veio na sexta.

Além das dores, o médico relatou ardência para respirar. “Parece que o nariz tá queimado por dentro”, diz.

Ele relata ter tido “sensação de febre”, mas as aferições não passavam de 37,5 graus. E desde quarta-feira, um sintoma passou a lhe chamar a atenção: a ausência do olfato.

“Na quarta de noite, parei de sentir cheiro, até hoje. O gosto também foi um pouco reduzido”, disse ao G1.

Chamada na medicina de anosmia, a perde de olfato tem sido relatada por pacientes de coronavírus, mas ainda não há pesquisas oficiais que relacionem este como sintoma da Covid-19.

Mesmo assim, a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia publicou uma nota de recomendação para os médicos, em que afirma: “Apesar de não haver evidência robusta, a associação orienta que a presença de anosmia súbita talvez possa sugerir Covid-19”.

Preocupação com falta de ar

Vinicius conta que sua principal preocupação não se manifestou: o sintoma da falta de ar. “Eu ia dormir com medo de acordar com falta de ar”, informou.

“Por isso que a gente bate tanto na tecla de proteção da via aérea, se começar a ter sinal de resfriado tem que usar máscara, além do isolamento. A quem é profissional de saúde, a orientação é fazer o teste e se isolar. Estamos mais expostos do que quem é não é profissional de saúde. Nesse momento, os pacientes devem dispor de recursos de telemedicina e orientação por telefone para evitar ir nos hospitais. Os hospitais são hoje o maior foco de coronavírus”, frisou.

Em vídeo enviado ao G1, ele explica porque acredita que os hospitais devem ser procurados após o agravamento da doença. Assista acima.

Vinicius é um dos seis pacientes de coronavírus confirmados em Caxias do Sul até este domingo. No total, o RS tem 226 infectados, e duas mortes.

Coronavírus: infográfico mostra principais formas de transmissão e sintomas da doença — Foto: Infográfico / G1

Coronavírus: infográfico mostra principais formas de transmissão e sintomas da doença — Foto: Infográfico / G1

Fonte: G1