“Medo e pânico em não ter familiar por perto”, relata paciente que passou pela ala Covid da Santa Casa

Na tarde de ontem (15), a reportagem do PAT conversou com uma paciente que está curada da Covid-19. Mas antes dessa boa notícia, ela esteve hospitalizada na Santa Casa e precisou usar oxigênio. A dona de casa, que preferiu não se identificar, fez um relato minucioso de como tudo aconteceu. Ainda muito emocionada, ela não deixa de agradecer e enfatizar o cuidado e atenção dos profissionais da área da saúde que estão na linha de frente contra o novo coronavírus.

 

Aos 38 anos, ela que deu alta recentemente, curada, disse que não faz ideia de como contraiu o vírus. A dona de casa ressalta que, desde o início da pandemia, em razão de fazer parte do grupo de risco (diabética), não saiu mais de casa, com raras excessões quando se fazia necessário para ir ao supermercado e farmácia.

Os sintomas

A alegretense disse que os primeiros sintomas foram leves dores de cabeça, que persistiram por alguns dias. Inicialmente, ela não se preocupou, pois não havia outros sintomas. No decorrer dos dias, passou a ter tosse e uma pequena falta de ar, que aumentou em pouco tempo. Então, a dona de casa resolveu procurar um médico, pois a falta de ar acabou se tornando insuportável.

Na Santa Casa

No momento em que chegou no hospital foram realizados questionamentos e, na sequência, foi encaminhada para fazer exames (raio-x, tomografia e exame de sangue).

“O médico disse que eu estava com suspeita da Covid-19, então o questionei, porque não apresentava outros sintomas comuns do vírus. Ele respondeu que, por ser um vírus novo, cada organismo reage de uma forma”-lembra.

Diante da suspeita, ela ficou internada em isolamento. No hospital, foi orientada que só poderia ficar com produtos de higiene, enquanto que as roupas deveriam ser entregues a um familiar, assim, como: celular, bolsa e documentos.

A alegretense recebeu roupas e foi encaminhada para ala de suspeitos em isolamento da Covid-19.

O teste

“Fiz o teste PCR assim que cheguei no quarto. Sentia muita falta de ar e fui colocada no oxigênio. Fiquei muito nervosa, pois não podia ter contato com ninguém da família. Esse isolamento deixa o emocional da gente mais afetado”- comentou.

No outro dia, saiu o resultado positivo para Covid-19, além da confirmação de uma pneumonia dupla bacteriana. Nesse momento, a dona de casa, mais uma vez, se emociona ao recordar que ficou desesperada. Afinal, pertence ao grupo de risco.

” A psicóloga do hospital conversa com todos os internados em isolamento. Ao conversar comigo me informou que o hospital faria uma ligação diária para eu falar com minha família e que o médico também ligaria para falar sobre o meu quadro clínico” – lembra.

E assim foi o que ocorreu durante os 6 dias que ficou internada. Após a confirmação do vírus, ela foi medicada com os remédios necessários.

A melhora

“Fui melhorando gradativamente e não necessitei mais de oxigênio. Foram 6 dias muitos difíceis, tive muito medo de não voltar para casa. O isolamento que se faz necessário é muito angustiante, não ter um familiar por perto é algo desesperador.” -pondera.

A gratidão

A dona de casa faz questão de evidenciar que toda equipe da ala da COVID-19 foi maravilhosa. “Tratam a gente com respeito, carinho e muita atenção. Nas refeições vinham mensagens de apoio e fé. Não foi fácil, mas graças a Deus venci e hoje estou com a minha família. Quero agradecer a todos os profissionais que são essenciais nessa hora onde além de nos cuidarem fisicamente também dão suporte emocional” – concluiu.

Os demais familiares ficaram em isolamento domiciliar e, posteriormente, fizeram o teste do coronavírus, nenhum testou positivo.

 

Flaviane Antolini Favero