Mercado de games do RS cresce com jogos que reproduzem cenários e cultura gaúcha

Lendas da literatura gaúcha, trilha sonora de artistas locais e ação desenvolvida em Porto Alegre fazer parte de jogos desenvolvidos por estúdios do estado. Veja alguns destaques.

Mercado de games do RS cresce com jogos que reproduzem cenários e cultura gaúcha

Uma das referências do mercado de games do país, o Rio Grande do Sul se consolida como um dos polos de produção do setor no Brasil. O próximo passo para muitos desenvolvedores é, justamente, consolidar o “jeito gaúcho” de fazer.

“Não é algo fácil, porque os jogos são feitos para o mundo todo. Sem dúvida tem a ver com maturidade de saber trazer elementos e vender eles de uma forma interessante para o público. Porque o game tem narrativa, tem história, e uma história bem contada é sempre bem-vinda”, diz Everton Vieira, presidente da Associação dos Desenvolvedores de Jogos Digitais do RS.

Mercado de games do RS cresce com jogos que reproduzem cenários e cultura gaúcha

Em produções recentes, jogos retratram cenários conhecidos dos gaúchos. O jogo Horizon Chase — uma corrida ao redor do planeta com inspirações em clássicos do gênero — foi um ponto de virada para a desenvolvedora Aquiris Games Studio. Criar uma pista que tem Porto Alegre como cenário foi uma ideia pra celebrar os cinco anos do lançamento do game.

“E, para nossa surpresa, foi super bem recebido. Não é uma cidade conhecida como o Rio de Janeiro, mas é algo que está no nosso coração, obviamente, e a comunidade gamer adorou a cidade. Eu acho que as pessoas se projetam de onde a gente veio. Querem saber um pouquinho da origem de quem criou aquilo que elas estão jogando. Acho que faz diferença. É algo que certamente a gente vai levar para futuros projetos”, afirma o diretor de negócios Sandro Manfredini.

No game de automobilismo, locais como o Túnel da Conceição, o Cais Mauá, a Usina do Gasômetro e a Orla do Guaíba, na Capital. Na trilha, a dupla de Pelotas Kleiton e Kledir.

“Não é só ver elementos gaúchos no jogo, mas também você dizer assim: ‘Tem uma empresa gaúcha aqui que dá certo’. Aquela coisa de um guri que quer ser um game designer. Essa é uma barreira para vencer ainda”, afirma o professor e pesquisador da PUC-RS André Pase.

Veja outros exemplos

Foram os costumes e histórias do Rio Grande do Sul que inspiraram os desenvolvedores da Epópeia Games a criar Gaúcho and the Grassland — algo como “O Gaúcho e o Pampa” —, que vai ser disponibilizado para as principais plataformas de jogos.

Mercado de games do RS cresce com jogos que reproduzem cenários e cultura gaúcha

Cavalgar campo afora, cuidar dos animais e fazer a estância crescer estão entre as missões. E, enquanto isso, desvendar os mistérios das lendas gaúchas sem deixar de tomar aquele mate amargo ao lado do fogo.

“A parte de desafio é baseada na história do Simões Lopes Neto, das ‘Lendas do Sul’. A gente usa boitatá, a salamanca do Jarau, para criar desafios que façam que a pessoa se sinta mais desafiada e use mais inteligência e controle para poder vencer o jogo e criar a sua estância no final. Dependendo da situação, ele faz: ‘Mas bah, tchê, te arranca daqui. Esse é cavalo de rédea no chão, tchê’, descreve o diretor de arte Gustavo Scandiuzzi.

É nesse cenário que uma nova geração de profissionais da área vai encarando esses desafios. Caso da jornalista Luísa Zelmanowicz que, após se especializar no desenvolvimento de jogos, começou a trabalhar como designer de conteúdo em uma desenvolvedora de games. Uma nova etapa da carreira encarada por ela cheia de otimismo.

“Eu consigo ver a evolução e ver essa perpesctivas que eu tenho, essas oportunidades que vão surgindo em pouco tempo, e vejo esse caminho se abrindo na minha frente”, pensa a desginer de conteúdo da Hermit Crab Game Studio.

Entre curvas velozes na Orla do Guaíba, encontro com lendas do Rio Grande e tudo que a imaginação e talento dos desenvolvedores for capaz de imaginar, o RS vai ganhando cada vez mais espaço. A próxima fase, para Scandiuzzi, é conquistar o público de fora.

“A gente fica imaginando uma pessoa na Noruega falando ‘mas bah!’, como a gente fala coisas aqui de sons que a gente fala de outros produtos. Seria bem legal isso”, projeta o diretor de arte.

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