Mortes violentas: outubro teve três assassinatos envolvendo facções criminosas; acompanhe a cronologia dos homicídios

O PAT realizou no mês de agosto uma reportagem em que destacou que o ano de 2020, será marcado, além da pandemia, por homicídios cruéis que chocaram a cidade. Esse prisma foi diante dos crimes violentos que, em seis meses, superaram o número de homicídios do ano de 2019 que totalizou cinco.

O ano que difere em muitos outros aspectos, além do aumento, também deixa em evidência os crimes que assustam pela brutalidade. Quase que, em sua totalidade, por motivos torpe e as justificativas são tão inacreditáveis quanto os delitos.

No mês de agosto, foram registrados quatro homicídios, a metade que havia ocorrido até então neste ano. Os outros três, dos onze registrados até o momento, foram neste mês de outubro, em um intervalo de quatro dias, além de uma tentativa de homicídio. Já esses últimos crimes, foram execuções relacionadas a facções.

Informações apuradas pela reportagem do PAT, junto à Polícia Civil, é possível afirmar que a execução do apenado José Romário Dos Santos Sauceda, de 39 anos, no último dia 8 dentro de uma cela, no Presídio Estadual de Alegrete, originou as outras duas execuções.

As mortes não foram aleatórias, os alvos foram determinados por uma facção rival, foi um revide à morte do detento. No dia 10, Rafael Oliveira Pereira, de 29 anos, conhecido como Castor, foi morto a tiros no bairro Macedo e, no dia 12 de outubro, Gabriel  Anacleto da Silva, conhecido como Dibi, foi executado no bairro Piola. Todos, com antecedentes criminais.

Castor e Dibi tinham retornado há alguns meses de Caxias do Sul, ambos faziam parte de uma mesma facção que é rival da facção do apenado José Romário Dos Santos Sauceda.

Ainda de acordo com os policias, não é possível, ainda, afirmar se o detento foi morto por dívida ou trata-se de uma disputa pelo território e comando do comércio de drogas em Alegrete e região.

A Polícia Civil, que já solicitou reforço de policiais, está trabalhando de forma ostensiva para elucidar e chegar aos autores de dois dos três crimes. Pois o autor do homicídio de Castor, também detento, foi preso na mesma noite pela Brigada Militar.

Relembre os crimes deste ano de 2020:

1) O primeiro crime foi em março. O pedreiro Vicente Pereira de Moraes de 59 anos, foi morto em casa com várias facadas, mais de 20. O autor era um indivíduo de 21 anos que conhecia a vítima. Ele terminou de matar o colega de trabalho na rampa de acesso à residência, no lado externo da casa.

O motivo: o autor declarou para os policiais que estava embriagado e que teria ingerido drogas, por esse motivo não recordava com clareza o que ocorreu, disse apenas que as facadas foram desferidas na parte externa da casa, onde o pedreiro foi encontrado.

 

2)  Já o segundo, também, ocorreu no mesmo mês. O feminicídio foi muito comentado pela forma fria e cruel. Lucineiva Anacleto Jaques de 33 anos foi brutalmente assassinada pelo ex-companheiro, de 46 anos, que era apenado e estava em regime semiaberto(com tornozeleira). Ele foi preso por uma operação da Brigada Militar, dois dias depois e também se mostrou tranquilo no depoimento.

Lucineiva Anacleto Jaques, foi morta com muitas facadas, também, mais de 20. Na tentativa de buscar ajuda ela conseguiu sair do interior da casa e levou as últimas facadas em frente à residência, onde caiu morta e ensanguentada em razão da luta pela vida.

O motivo: na noite em que foi preso, o autor ainda estava com a arma do crime suja de sangue, além de um revólver e munições, assim como a roupa ensanguentada. Ele disse ao Delegado que teria ocorrido uma discussão com a ex-companheira e sugeriu que ela poderia ter pego um valor em dinheiro.

3) Em maio, o terceiro homicídio teve como vítima, José Antônio Pereira Bem, de 61 anos. O idoso que era produtor rural e caminhoneiro foi atingido com uma barra de ferro e também enforcado com uma corda da própria rede. Os autores que trabalhavam com a vítima, como “chapa”  foram presos pela Polícia Civil em menos de 48h depois da informação do crime. Um de 19 e outro de 20 anos, ambos da cidade de Uruguaiana. Além do homicídio, eles ocultaram o cadáver com uma lona, madeira e palhas.

O motivo: o fato teria sido motivado por dinheiro e por desavenças no trabalho. Durante a discussão, um dos irmãos teria dado um mata-leão na vítima até a morte. Eles furtaram a quantia de R$ 150,00 do bolso do produtor. Valor utilizado para um churrasco, segundo relato à época.

4) O quarto foi Rodrigo Ramires, de 31 anos. A vítima foi ferida com duas facadas, uma no abdômen e outra no tórax, lado direito. Ele passou por cirurgia e permaneceu internado na UTI. Depois de quatro meses devido  a um procedimento,ainda relacionado ao fato, Rodrigo teve complicações e faleceu em junho. As facadas foram durante a Campereada em fevereiro.

O motivo: conforme informações do BO, a vítima teve um desentendimento com o acusado em relação a um equino. Ao ir conversar com o autor, acabou esfaqueado.

Neste caso, a Polícia Civil já concluiu o inquérito policial e encaminhou ao judiciário. O autor ainda não foi preso.

5) Já o quinto homicídio, foi no início de agosto (6), Luiz Carlos Ferreira Pinto, de 48 anos, teve a cabeça decapitada. Em depoimento, o autor de 19 anos, preso pela Polícia Civil, disse que o usou uma faca grande para cortar o pescoço de Luiz, após a faca perder o fio, ele usou uma faca menor com serra para cortar o restante. Como não conseguiu, apoiou o pescoço no joelho e desnucou. Ele também era conhecido da vítima.

O motivo: o desentendimento seria devido aos dois terem consumido muita bebida alcoólica e, de acordo com o autor confesso, a vítima teria tentado ter relações sexuais com ele.

6) Na sequência, o sexto homicídio foi no dia 8 de agosto. Evaldo Nunes Rodrigues foi morto com um tiro no peito, no dia em que completava 41 anos e véspera do Dia dos Pais. O autor foi preso na mesma noite pela Brigada Militar. O motivo teria sido em razão de um desentendimento entre eles.

O motivo: uma discussão motivada em razão do autor ter olhado para o interior da casa da vítima. Esta teria questionado o motivo e diante do desentendimento, levou tiro no peito.

7) E, 9 dias depois, o mais recente e desumano homicídio que ceifou a vida de uma criança de um ano e 11 meses. Márcio dos Anjos Jaques foi morto a pauladas pelo pai. O autor, preso poucas horas depois pela Polícia Civil, disse que o filho estava chorando e, esta teria sido a causa das agressões que levaram ao traumatismo craniano e hemorragia. Depois de dar entrada na Santa Casa, o menino não resistiu e faleceu cerca de cinco horas na UTI. O indivíduo de 19 anos sofreu muitos ataques de fúria da população, desde mensagens, redes sociais e até mesmo no translado da DP ao Presídio, pela maneira em que o crime aconteceu.

O motivo: o menino estaria chorando e isso irritou o pai, que o agrediu de forma violenta com uma taquara. As marcas no corpo do menor denunciavam a violência. A criança também estava sem os dentinhos inferiores.

8) Cristiano Gomes Machado, 39 anos, vulgo Renatinho, foi  alvejado à queima roupa. Os disparos foram realizados pelas costas, o que indica que ele estava fugindo e corrobora com a informação de moradores, das adjacências, que relataram à polícia gritos de socorro.

O motivo: ainda em investigação da Polícia Civil.

9) José Romário dos Santos Sauceda, de 39 anos, vulgo Toco, foi o nono homicídio. O crime ocorreu dentro da cela 3 do Presídio Estadual de Alegrete. Ele levou mais de 15 estocadas, segundo informações da Perícia. O homicídio ocorreu pouco antes da saída para o pátio às 14h do dia 8 de outubro. Todos os demais apenados permanecem no banho de sol e retornaram por volta das 16h. Entretanto, foram realocados para outras celas.

O motivo: Informações preliminares, indicam que ele tinha uma dívida com uma facção criminosa com atuação na região. O detento já teria sido cobrado, antes de retornar  ao PEAL.

10) Já o décimo registro foi do ex- detento Rafael Oliveira Pereira de 29 anos, conhecido como Castor. A vítima foi executada com mais de dez tiros. Ele estava em via pública, perto da residência do pai no bairro Macedo. Os disparos atingiram abdômen, tórax, perna e braço. Castor chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chegar na UPA, no dia 10 de outubro.

O motivo: revide em razão da morte do detento(Toco) e rixa de facções rivais. O autor, detento em regime domiciliar com tornozeleira, foi preso pela Brigada Militar e retornou ao PEAL. Ele era amigo e vizinho da vítima.

11) Por último, o 11° homicídio que ocorreu na última segunda-feira(12). Gabriel Anacleto da Silva de 24 anos, conhecido como Dibi, foi executado no portão da residência da avó com quem estava residindo há cinco meses. Ele foi atingido com dois disparos de arma de fogo, um na cabeça (face) e o outro no tórax.

O motivo: revide em razão da morte do detento(Toco) e rixa de facções rivais.

Os crimes em comum, também, têm o fato de os autores estarem presos,com exceção de três que ainda estão em investigação. A maioria dos autores confessaram os crimes e deram detalhes da maneira em que tudo aconteceu. Detalhes que assustam pela barbárie, selvageria e desumanidade.