Salvar vidas é sempre um missão para pessoas predestinadas. Profissionais de área da saúde, militares, Bombeiros, policiais, entre inúmeros anjos que surgem na hora exata e no local certo.
(abaixo a foto do motofretista)
Assim foi, com o motofretista Ivan Ulisses Villanova Garcia, de 23 anos. Na noite de ontem (17), depois de uma entrega que ele fez na Zona Leste, estava retornando para o ponto, na rua Waldemar Masson.
Ivan trabalha como tele moto na Ponto Certo, todas às noites. Assim que se aproximou da Ponte Borges de Medeiros, percebeu que havia uma aglomeração de pessoas, todas olhavam para a água.
O trabalhador parou e questionou para alguns o que estava acontecendo e já percebeu uma pessoa na água. “Vi que muitos diziam que ela tinha se jogado da ponte e estava agarrada no pilar. A primeira coisa que pensei foi em ajudá-la. Até perguntei se alguém iria comigo, mas naquele momento, somente os policiais que chegavam desceram. Como residia no interior, faço uma trilha em segundos e assim foi. Na hora não pensei, não tive receio, consegui chegar até a moça que iria se afogar, pois estava perdendo às forças. Me chocou ouvi-la dizer que não era para eu me aproximar pois poderia morrer com ela e isso, a mesma não queria”- lembrou.
Em tempos de pandemia, novo coronavírus, e demais restrições, Ivan em momento algum pensou em filmar, fotografar ou simplesmente ficar ‘assistindo” o sofrimento de uma pessoa que, acima de tudo, precisava de ajuda, ele teve compaixão, empatia, amor ao próximo e muita coragem. Salvou uma vida, resgatou para a família da mulher, muito mais do que ela, mas a oportunidade de ser diferente a partir de agora. Que ela possa compreender que essa chance de retornar para aqueles que a amam é muito mais forte e importante que qualquer outra dificuldade e será capaz de superar.
O trabalhador sintetizou: Deus me pôs no lugar certo. Na hora, só pensei em salva-la. Fui criado no interior e acostumado a entrar no Rio, abrir caminho na mata, mas confesso que ali, foi tudo muito intenso e uma força incomum me abençoou, pois eu consegui resgata-la até à margem.
Ivan teve o auxiliou da Brigada Militar e Bombeiros. A mulher foi encaminhada à Santa Casa pelo SAMU.
O relato dos policiais é que a mesma tem histórico de depressão. Uma doença muito séria que precisa de um monitoramento constante.
Em muitas abordagens do PAT com psiquiatras e psicólogos, o assunto sempre foi destacado como um problema sério e que necessita ser debatido.
Um dos policiais militares que estava na ocorrência, comentou que o motofretista foi muito corajoso e que ele foi o anjo salvador nesta noite.
Com o relato de Ivan, algo também chama atenção. Do número de pessoas que estavam na ponte, nenhuma teve alguma atitude diferente além de filmar, fotografar e ou rir da situação. Essa foi a observação de um outro jovem que não quis se identicar e, por não saber nadar e ser menor, não se sentiu confiante para descer.
De forma singela e humilde, para Ivan, o que ele fez foi algo que parecia uma obrigação. Porém, muito além disso, a reação e a atitude demonstra que a fé, a solidariedade e as atitudes do bem sempre serão recompensadas, pois na vida sempre vai existir uma outra opção, uma segunda chance e a escolha entre o bem e o mal.
Os anjos são seres iluminados que vestem fardas, jalecos e em tempos de pandemia, mas que em outras situações são pessoas “simples” que trazem consigo a essência do desprendimento e da empatia.
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