Mudanças no transporte público alegretense geram desconforto e superlotação

“Estamos em um momento de transição, e isso acarreta muitos transtornos, admito”, afirma Cristina Aurélio, presidente do STU
Mudanças no transporte público começaram a ocorrer nos últimos meses no município de Alegrete. Agora, o embarque dos passageiros nos coletivos é feito pela frente e a saída pela porta traseira. Entretanto, essas mudanças, que deveriam ser para melhoras e aceleração dos processos de embarque e deslocamento, estão gerando extremo desconforto para os passageiros. Superlotação, mudanças e atrasos. Os alegretenses estão ficando, literalmente, no ponto.
As mudanças, que segundo as duas empresas e o Sindicato dos Transportadores Urbano de Alegrete (STU) que fizemos contato, seriam para melhorias e agilidade das linhas, mas também estão gerando atrasos frequentes. Reclamações de quem usa os coletivos para se locomover na cidade trazem essas e outras irregularidades. “Os ônibus ficam tão lotados que você precisa ir nas escadas da porta de saída”, diz Marisol Santos que usa as linhas do bairro Favila para ir e voltar do Centro. “Já vi várias vezes os ônibus passarem pelo ponto e não pararem, isso pelo motivo de que estão muito lotados. Eu entendo os motoristas que fazem isso, como vão colocar mais pessoas no carro?”.
A equipe de reportagem do Alegrete Tudo foi conferir de perto a situação ao meio-dia de quarta-feira. A situação foi a mesma que a relatada pelos reclamantes. O ônibus lotou na parada da Praça Getúlio Vargas e não parou para embarques nos próximos pontos. A indignação imperou no meio de quem estava no coletivo.
 
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Quarta à tarde entrevistamos a presidente do STU, Cristina Aurélio. “As disfunções estão ocorrendo com frequência, já que agora os idosos que possuem a gratuidade entram pela porta traseira, isso continuará acontecendo até que todos estejam devidamente cadastrados nos cartões”. Aos demais usuários do transporte, como o processo de entrada, saída e pagamento são novos, é preciso se adequar e ter a paciência de todos.
Portal – Qual é a posição do STU quanto à superlotação dos ônibus na cidade e atrasos frequentes?
Cristina – Tudo o que estamos fazendo é para que a cidade possua um transporte coletivo de qualidade. Nós acreditamos que todos os passageiros precisam ser conduzidos com dignidade, segurança e respeito.
 
Portal – Qual é a situação dos cadastramentos de cartões? Como isso ocorrerá?
Cristina – Nós estamos trabalhando muito nesse quesito, o de cadastrar a todos. Entretanto, primeiro estamos efetuando tal cadastro para os idosos, pois acreditamos que essa categoria merece nossa atenção. E feito isso, o problema dos atrasos também poderá ser sanado, já que todos vão embarcar pela frente. Isso ocorrerá em processos separados, agora estamos, somente com os idosos, 300 já estão com o cartão em mãos e 1.000 já foram cadastrados.
 
Portal – Estamos recebendo reclamações das superlotações nos carros, quando isso acontece em demasia eles não param para pegar novos passageiros, principalmente às 12h e às 18 horas.
Cristina – As superlotações não têm muito a ver com o STU, esse é um departamento que tem a ver com cada empresa. Mas identificamos que esses são horários de muito fluxo.
 
Portal – Por quais motivos as mudanças vão ajudar a circulação e mobilidade das linhas?
Cristina – A entrada pela frente e o pagamento feito através do cartão magnético acelera tudo, facilita muito.
 
Portal – A expectativa é, então, de que com a entrada dos passageiros pela frente os atrasos sejam completa ou parcialmente sanados?
Cristina – Os atrasos que estão acontecendo podem estar relacionados às mudanças, já que são processos bem complexos, mas provavelmente, haja um aceleramento.
 
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Até o momento da publicação as empresas, conforme havíamos solicitado, não mandaram sua declaração oficial. Por telefone, os funcionários informaram que o posicionamento das empresas só poderia se tornar público caso fosse feito por um responsável.
Em julho do ano passado, na onda de protestos pelo Brasil, uma manifestação promovida por estudantes e acatada por usuários em geral do transporte público, reivindicava o reajuste da tarifa cobrada e melhoria da frota em uso. Em entrevista ao Portal, Gustavo Freitas, do Rio de Janeiro, estudante da UNIPAMPA, diz que foi para as ruas protestar no ano passado. “Acho que a população deve se manifestar, não é só a Copa que gera gastos e desfalca o Brasil, a falta de respeito de diversos órgãos também promove a desordem. Fui para a rua para protestar, pois em uma capital você paga um ônibus para andar durante horas e aqui em 4 minutos de viagem você paga um valor exorbitante.”
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Reportagem: Juliano Castro