‘Muito amada, nunca estava triste’, diz amiga de brasileira morta a facadas na Espanha

Amigas de Paloma Barreto, também brasileiras, se uniram após o crime para arrecadar recursos para o enterro. Corpo foi encontrado no apartamento onde a vítima estava no dia 21 de setembro, e um suspeito foi preso.

Amigas brasileiras de Paloma Barreto, 38 anos, encontrada morta no último sábado (21) em Avilés, a 480 quilômetros de Madri, se uniram após o crime para arrecadar recursos para fazer o enterro. A vítima deve ser sepultada na Espanha, ainda sem data ou local definido.

Natural de São Gabriel, no Rio Grande do Sul, Paloma foi atingida por facadas no apartamento onde estava. Um suspeito foi preso. Ele também é gaúcho.

“Era muito amada, nunca estava triste”, define a amiga Zafira dos Anjos Menezes, que é natural de Aracaju, Sergipe. “Ainda não sabemos qual foi o motivo que levou ele a fazer isso com ela”, completa.

O suspeito preso é um homem com quem Paloma estava havia alguns meses, como contou ao G1 a irmã dela, Sinara Macedo. Os dois se conheceram durante uma viagem pela Europa.

Zafira acrescenta que as amigas não conheciam o homem. “Não falava [sobre ele]. Nem todas as pessoas sabiam que ela estava com esse rapaz, estava com ele há pouco tempo.”

“Ela falava sempre que estava bem.”

A irmã de Paloma comentou que desconfiava de algumas atitudes do homem quando mantinha contato em chamadas de vídeo. “Sempre que falávamos, ele se escondia da câmera. Sempre achei estranho”, diz.

Sinara foi avisada por telefone, pelo Consulado do Brasil em Madri, que Paloma havia sido encontrada morta. Ela não recebeu mais detalhes sobre o crime, e diz que algumas informações são mantidas em sigilo.

“Que ele confesse e seja feita justiça.”

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O Itamaraty informou que “o Consulado do Brasil em Madri acompanha o caso, presta assistência consular cabível e está em contato com os familiares da brasileira”. Perguntado sobre detalhes da investigação, não se manifestou.

“Em atendimento ao direito à privacidade dos envolvidos, bem como à Lei de Acesso à Informação e ao decreto 7.724, o Itamaraty não pode fornecer informações adicionais sobre o assunto”.

Zafira disse ao G1 que o corpo de Paloma foi encontrado por uma mulher que fazia a limpeza do apartamento em que ela estava. Quando ela chegou ao local naquele sábado, segundo amiga, a polícia já estava lá.

“Falaram em mais ou menos 15 facadas, algumas profundas.”

Conforme Zafira, a polícia chegou a suspeitar que o crime havia sido cometido por algum cliente de Paloma, que trabalhava como “acompanhante de luxo”. “Nunca teve problema com nenhum cliente”, afirma.

Mobilização

A amiga também diz que uma cabeleireira de Paloma em Avilés ficou responsável, com autorização da família, pelo andamento do processo de liberação do corpo. Até o fim da tarde de sexta-feira (27), ainda não havia sido liberado.

Segundo a irmã de Paloma, a família não irá à Espanha neste momento. Ela deve ser sepultada no país europeu.

Como os valores para transporte e enterro são altos, como diz Zafira, as amigas se uniram para arrecadar recursos. Elas criaram páginas na internet e compartilham os pedidos em grupo de Whatsapp.

O desejo do grupo é fazer o sepultamento na cidade de Alicante, onde Paloma morou por bastante tempo. Fazia 12 anos que a gaúcha vivia no país.

“Daria um total de aproximadamente 6,2 mil euros”, supõe Zafira. Elas já arrecadaram praticamente a metade do valor.

“Como foi um assassinato, a Justiça da Espanha não deixa mandar o corpo para o Brasil, tampouco fazer cremação”, acrescenta.

A família aguarda a liberação do atestado de óbito para entrar em contato com o banco onde Paloma tinha um seguro de vida.

A comunidade LGBT da região onde Paloma foi morta fez um protesto, na segunda-feira (23), em repúdio ao crime. Com cartazes, eles pediam justiça e uma lei de proteção aos transexuais.

Fonte: G1