Mulher de 65 anos morre em decorrência da Covid-19 à espera de leito de UTI em São Marcos

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, ela foi cadastrada na Central Regional de Caxias do Sul, que tem gestão plena de saúde. Já a Secretaria de Caxias do Sul informou que havia pacientes mais graves que foram encaminhados com prioridade.

Uma mulher de 65 anos, moradora de São Marcos, na Serra, morreu na madrugada de segunda-feira (30) enquanto aguardava por um leito de UTI para a Covid-19. Ela foi diagnosticada com a doença no dia 17, teve piora três dias depois e não foi transferida para um hospital de maior porte porque, segundo a Secretaria da Saúde de Caxias do Sul, havia pacientes mais graves que foram encaminhados com prioridade.

De acordo com a direção do Hospital Beneficente São João Bosco, onde ela estava internada, a paciente procurou a instituição pela primeira vez no dia 16 de novembro, com suspeita de ter contraído o coronavírus. No dia seguinte, o laudo do teste RT-PCR, que havia feito anteriormente, confirmou o diagnóstico positivo para a doença.

Porém, conforme a direção, ela e o filho decidiram deixar o hospital, e o médico assinou a alta a pedido deles.

Dois dias depois, em 20 de novembro, ela retornou com o estado de saúde crítico, conforme o hospital. Estava com falta de ar, os exames indicavam comprometimento do pulmão e precisou ser colocada em ventilação mecânica.

Como o Hospital São João Bosco é de pequeno porte, com 75 leitos, possui apenas um Centro de Terapia Intensiva (CTI), e não uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusiva para atender casos de coronavírus.

Por isso, no dia 24, o hospital pediu à Central de Regulação do Estado a transferência para um hospital com este tipo de tratamento intensivo. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), ela foi cadastrada na Central Regional de Caxias do Sul, que tem gestão plena de saúde e, portanto, impede intervenção direta do estado no processo regulatório.

Ainda segundo a SES, no dia 27 ela seguia cadastrada na central de Caxias aguardando vaga.

Já a Secretaria da Saúde de Caxias do Sul afirma que o leito foi solicitado devido à piora da paciente, mas que ela ventilava de forma espontânea, sem ajuda de máscara, e que não houve atualização do quadro clínico.

Na manhã de domingo (29), entretanto, houve agravamento no quadro e a paciente foi levada à CTI do hospital. A direção assegura que comunicou a central reguladora e a SES da situação, mas, mais uma vez, não houve retorno sobre leito disponível.

Na segunda (30), conforme a central de Caxias do Sul, um leito foi disponibilizado. Mas, ao entrar em contato com o hospital, foi informada do óbito da paciente em decorrência de complicações com a Covid-19.

Nesta terça (1º), a região de Caxias do Sul estava com 79,7% dos leitos de UTI ocupados, sendo que 51,8% dos pacientes tinham Covid-19 ou suspeita de síndrome respiratória aguda grave. No total, 339 pessoas estavam internadas em unidades de tratamento intensivo de 27 hospitais da região.

Fonte: G1