Neto que largou tudo para cuidar da avó abre instituto e lança 5 livros sobre Alzheimer e demências

Fernando Aguzzoli, 30 anos, já vendeu quase meio milhão de cópias em três países. Autor se tornou referência em envelhecimento com qualidade e trabalha no lançamento de documentário.

Em 2013, Fernando Aguzzoli era um jovem estudante universitário que abriu mão da faculdade, do trabalho e da vida social para se dedicar aos cuidados da avó, que sofria de Alzheimer. Em um ano, ele transformou a história da vovó Nilva em livro: ‘Quem, eu? – Uma avó. Um neto. Uma lição de vida’.

A procura pela publicação chamou atenção do mercado editorial brasileiro. Era o começo de uma trajetória de sucesso. Oito anos depois, aos 30 anos, Fernando coleciona reconhecimento na área e tem projetos para seguir contando histórias inspiradoras.

“A gente trabalha para mostrar que pessoas com demência podem viver uma aventura incrível, que não é o fim e que o Alzheimer é o novo começo todos os dias”, diz.

A história de Fernando e da vovó Nilva foi assunto em programas como o Encontro com Fátima Bernardes e Mais Você.

Após a estreia como autor, Fernando publicou outros quatro livros dedicados ao tema, incluindo o infantil ‘Vovô é um super-herói’. A doença de Alzheimer é representada como um monstro ameaçador, que os dois devem enfrentar juntos. A publicação foi selecionada pelo programa nacional de livros didáticos.

O Instituto Vovó Nilva nasceu em 2017 para fomentar a colaboração entre profissionais, familiares cuidadores e institutos no desenvolvimento de estratégias capazes de minimizar os efeitos negativos da demência em famílias.

Além da carreira literária, Fernando percorreu dezenas de cidades brasileiras e do exterior, por onde dividiu experiências, entre aprendizados e também dificuldades para lidar com a avó doente. Foram mais de 200 palestras em universidades, escolas, eventos literários, grupos de apoio a familiares, congressos e simpósios de saúde e até mesmo em presídios, em mais de 100 cidades, 20 estados brasileiros e países da Europa e América do Norte.

O estudo em saúde cerebral, realizado no Global Brain Health Institute, na Irlanda, abriu novos caminhos para o autor. Foi criada uma rede de lideranças internacionais na área e Fernando foi um dos 20 convidados para fazer parte da organização. A comunidade discute estratégias de demência, sendo capaz de trabalhar com diferentes culturas abordando desafios, encontrando novas abordagens.

Documentário

Fernando integra um grupo de mais de 150 pessoas de diferentes nacionalidades, entre cuidadores, ativistas, profissionais da saúde e pessoas com demência, que se preparam para fazer uma parte do famoso Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. A ideia é compartilhar histórias, diversificando perspectivas e finalizando a jornada com um simpósio científico sobre a saúde cerebral.

A jornada será registrada em vídeo, através de um documentário que já está sendo produzido. Cinco participantes, que vão percorrer o trajeto, detalham a preparação para a caminhada durante um ano. Todos eles são pacientes com algum tipo de demência, que prometem dividir a experiência e a conquista de um objetivo.

Comunicação clínica

Fernando considera que o ápice da carreira se traduz no atual momento, que trabalha com a comunicação de profissionais da saúde. Como cuidador da avó, ele lembra ter escutado palavras curtas, técnicas e de não saber qual seria o impacto da doença para a família.

O autor já está em fase de produção de um novo livro sobre o impacto da comunicação clínica na vida de pessoas que precisam lidar com histórias de demência. Através da nova publicação, ele espera atingir um novo de público, de profissionais que entendam, cada vez mais, a necessidade de familiares de pessoas com demência.

Fonte: G1

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